words • frerard texting

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Gerard era um artista. Ele sabia escrever, desenhar e, agora, esse novo talento. Aquele tumblr era o cenário da sua arte, desde os poemas mais obscenos até as fotos mais explícitas. O primeiro post já denunciava: havia um texto enorme sobre desejo de sexo e uma foto dele deitado na cama, tirada no espelho, de pernas abertas. Seria muito errado ficar de pau duro naquele momento? Frank não tinha culpa, era involuntário.

A situação era que: toda a escola viu aquilo. Gerard estava mal, muito mal, isso era óbvio. Não precisou dizer nada, Frank apenas saiu da sala mais rápido ao possível, deixando seu material na mesa e todos confusos. A única coisa que se podia ouvir nos corredores era o som do seu tênis, ao correr igual uma lebre. Não o encontrava em lugar nenhum, nem no banheiro, nem nas escadas, nem mesmo nos lugares mais isolados. O peito começava a doer de tanta dor e preocupação. O ginásio era um tanto longe da escola, mas percorreu todo o caminho para ver se ele estava lá, era improvável, mas não impossível. O grupo de corrida corria na quadra, percebeu que alguns estavam rindo, ainda mais quando perceberam sua presença. Mostrou o dedo do meio violentamente, muito brabo. Muito puto.

Atrás da bancada viu um vulto e não hesitou em checar. Realmente, era Gerard, com um litro de vodka, tomando ela pura. Em outras circunstâncias isso poderia ser divertido, mas naquela era um escape da realidade. Ao se aproximar, ainda sem ser notado, Gerard se agachou no chão e vomitou tudo, deitando em cima logo após. Nojento.

"Caralho" resmungou e foi ajudar.

Frank limpou seu rosto e tirou sua camiseta, a calça estava toda suja e ele mal conseguia abrir os olhos. Vê-lo nessa situação era de cortar o coração. Era uma cena que faria de tudo para não ver acontecendo novamente.

"Quem foi o filho da puta?" perguntou Gerard, errando a pronúncia de algumas palavras.

"Eu não sei" sussurrou, sentindo as lágrimas chegarem.

Mas Frank iria descobrir, prometeu a si mesmo. Quebraria a cara dessa pessoa, fosse quem fosse. No momento tinha problemas maiores, nem sabia por onde começar. Tirou a própria camiseta (claramente de uma banda punk) e vestiu Gerard com ela, não se importando em sujá-la com vomito, o levantou com certa dificuldade, e o apoiou nos ombros.

"Vamos, você consegue" estimulou, ajudando o rapaz a não cair no chão. E conseguiu mesmo, juntos atravessaram o ginásio até o banheiro que havia lá.

Com dificuldade Frank abriu a porta e logo em seguida fez Gerard sentar em cima da pia. Pegou um dos poucos papéis higiênicos dali para limpá-lo.

"Desculpa..." resmungou Way com a cabeça baixa,  parecendo estar com vergonha. Frank molhou um pedaço do papel higiênico na torneira e começou limpando seu rosto.

"Não se preocupe comigo" olhou para ele com carinho "Sempre pode contar comigo".

Foi nesse momento que Gerard desabou em lágrimas.

"É a minha arte, minha maneira de me expressar. Agora as pessoas dão risada dela, compartilham com más intenções e comentários maldosos. Isso não é justo. Não é, Frank" segurou o rosto com as sujas mãos, tentando controlar o choro.

Ele não tinha muito o que fazer para consolar, fez o que podia e faria muito mais se pudesse. Agora era Gerard quem lidaria com esse caos interno.

"Estou com você" disse o abraçando forte. Parecia pouco, mas o apoio ajudava bastante.

Não conversaram depois disso, Gerard olhava para o nada pensando em mil coisas, enquanto Frank o limpava com o sabão da escola. Tinha uma ideia de quem poderia ter feito isso, conhecia muito bem essa pessoa. Ela estava bem perto. Não falaria nada até ter provas concretas sobre isso, mas algo lhe dizia que não era apenas uma teoria.

No mesmo dia, a noite, Frank descobriu quem era.