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Na sexta-feira Gerard também não foi para a escola. Só queria ficar deitado o dia todo, sem sentir nada. Claro, segunda ele iria, mas no momento se sentia doente e enjoado.

No dia anterior seu pai comprou algumas comidas de micro-ondas, incluindo sopas e hambúrgueres. Comidas feitas de plástico e pessoas mortas. Deixou na geladeira sem dar uma palavra com o filho.

Gerard ficou triste com isso, mas não diria nada para ninguém.

Pelas três horas da tarde, a campainha tocou. Estridente e alta. Ficou nervoso, não só pelo barulho, mas também teria que falar com alguém. Ser anti-social não é fofinho, é horrível.

Abriu a porta com receio, mas não havia ninguém ali. De primeiro momento achou que fossem crianças brincando com a cara dele, mas olhou para baixo para fechar a porta e viu uma pequena caixa. Dela, algo mexeu-se dentro. Logo a misteriosa 'coisa' pôs sua cabeça para fora, revelando ser um gato, de lacinho. Na caixa dizia que seu nome era Mitchell, mas era muito grande para ser o nome de um gato, então chamou de Mitch. Ele era cinza com manchas brancas, e parecia ser bem dócil. Cheirou seu dedo e mordeu, indicando carinho selvagem.

"Você está com fome?" isso sim é a coisa certa para se falar com um gato, pois gatos sempre estão com fome. Mas claro, Mitch só percebeu que ganharia comida com o barulho do pacote.

Frank: você gostou do presente?

Gerard relutou, mas a paixão falou mais alto.

Gerard: <3

Nem sabia quem Frank era, mas estava se sentindo doente de amor. Apresentava os sintomas primários: pontadas no estômago quando recebia as mensagens, pensamento constante sobre a pessoa e vontade imensa de seu toque.

Não sabia quanto tempo essa imparcialidade duraria, queria conversar com ele. Dividir ideias, fotos, textos, acontecimentos, beijos, abraços e outras coisas safadinhas.

No momento em que levou alguns pensamentos em consideração, percebeu que essa relação era muito mais profunda. Ele queria fazer sexo com Frank, sem nem mesmo conhecer seu rosto. O amava por quem era.

Frank: então, você quer conversar?

Gerard: sim, eu quero

Frank: achei que não responderia

Frank: estou surpreso

Gerard: desculpa

Gerard: eu estava ocupado

Frank: pelo que percebi você só fica ocupado com três coisas

Frank: bebendo café, escrevendo em seu caderninho e observando as pessoas

Frank: parece um psicopata as vezes

Gerard: eu pareço? você sabe tudo sobre mim

Gerard: stalker

Frank: eu posso ser um stalker, mas nunca invadiria sua privacidade ou te faria mal

Frank: bem, mas se fossemos vizinhos e você dançasse pelado em seu quarto

Frank: eu com certeza assistiria

Gerard: bobão

Gerard: eu não danço

Frank: não ainda ;)

Deitou na cama para ler as mensagens melhor, totalmente apaixonado. Frank o fazia sentir constrangido, esquisito, lindo e amado. Isso era novo. Balançou as pernas gordinhas no alto, feliz.

Gerard: eu quero te conhecer

Frank: eu também

Gerard: você já me conhece bem

Frank: conhecer melhor ainda

Gerard: mas

Gerard: eu nem sei como é seu rosto

Frank: não se preocupe, você vai vê-lo bastante

Frank: e gemer meu nome olhando pra ele

Gerard: Frank :(

Frank: assim mesmo que faz

Não aguentou e riu, tinha esquecido como era isso. Aliás, ele nunca flertou. Nunca. Não sabia nem como começar. Um grande romântico que não sabia como iniciar uma conversa pretensiosa: Gerard Way. 

Gerard: mal posso esperar

Tudo tem a sua primeira vez.



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