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Segunda era um dia empolgante para Gerard. Era dia da sua pesquisa, para saber quem era seu amável admirador ou pelo menos falar com ele. A aula de matemática parecia interminável, pois estava ansioso para o intervalo. Falaria com o número máximo de Franks da sua lista.

Frank Smith não olhou para trás a aula toda. Sinceramente, ele era um dos Franks mais chatos para se conversar. Era típico menino mimado da mamãe que algum dia se tornaria um político corrupto. Optou por não falar com ele. Para a aula passar, escreveu poemas curtos no final do caderno. Sobre cisnes.

Quando tocou o sinal e aquela professora irritante dispensou, ele correu pelo corredor para chegar antes no refeitório. Pegaria a mesa perto da de Frank Iero, por mais que estivesse morrendo de nervosismo para falar com ele. Esse Frank era meio, como poderia dizer, intimidador. Usava jaquetas de couro e botas militares. Naquele dia em especial entrou no refeitório usando camisa xadrez e coturno, com o cabelo arrumado com gel para trás. Intimidor e lindo.

Iero tinha personalidade, isso era certeza. E as pessoas em volta dele também. Robert Plant, o loiro de cabelo cacheado, era ladrão. Isso Gerard sabia, pois o viu roubando um cachecol da mochila de Smith na última aula. E a namorada dele, como acreditava ser, Joan Jett. Briguenta e mesquinha. Way detestava poucas pessoas, e ela era uma delas. Observou-a algumas vezes e não achou certo suas atitudes. Como por exemplo o dia em que ela puxou a cadeira de uma menina ao sentar, outro dia gritou com um professor que estava muito mal para dar aulas, entre outras situações.

E Frank Iero? Gerard nunca realmente parou para prestar atenção nele, além da sua boa aparência. Como seus dedos mexiam, brincalhões. As risadinhas dele, era uma pena que muitas vezes tampava a boca para rir. Ajeitava a franja constantemente, talvez estivesse nervoso? As tatuagens. Uau. Lindas demais. Deveria parar de encarar, então Gerard escondeu-se atrás do próprio cabelo preto. Curioso, dava pequenas olhadas por trás dele.

Ah, aquele jeitinho. O jeitinho de Iero. Poderia facilmente se apaixonar por ele. Mas no momento não teve coragem de ir falar com Frank, ainda mais com amigos por perto. Joan por perto.

Sozinho na mesa, olhou ao redor. Ao seu lado sentavam as líderes de torcida, algumas descaradamente olhando Frank Iero (como se ele não estivesse fazendo isso), e mais para frente os góticos, onde Frank Taylor e Frank Robert estavam sentados com várias meninas.

Bonitos, claramente. Robert lia algum livro grosso de capa escura, enquanto Taylor brincava com um isqueiro. Aquilo era um pouco contra as regras, a coisa do isqueiro, mas quem liga? Era Taylor. Ambos tinham os olhos concentrados em seus afazeres, por mais que as meninas estivessem se esgoelando de tanto falar, eles não pareciam ligar. Não sabia distinguir se era goticismo ou só passatempo de vida. Encarou tanto que até as meninas perceberam, Britney, de vestido preto e maquiagem pesada, apontou em direção a ele. Taylor pareceu sair do transe, e direcionou seu olhar ao de Gerard. Sorriu. O maldito sorriu, e era um lindo sorriso. Meio assustador, mas intenso. Lambeu os lábios lentamente, como se Gerard fosse sua presa. Aquilo não foi sexy, foi esquisito.

Desviou o olhar para a mesa, depois para Frank. Ele parecia brabo com alguma coisa, muito brabo. Confuso, Gerard decidiu sair dali, constrangido. As góticas riam, enquanto ele apressava os passos até o banheiro masculino. Não estava bem, e era o estômago. Como de costume, entrou rapidamente na cabine para vomitar. Se sentia estranho, humilhado. E doente. Ou apenas era seu lado anti-social gritando. Levantou a cabeça após sair tudo, com as pernas bambas e cabeça girando. Quando vomitava, aparecia manchinhas vermelhas no rosto. Odiava isso, e ainda demorava para sair.

Limpou a boca e a camiseta na pia, com pressa de sair daquele lugar fedorento. Precisou trocar de camiseta, pois manchou aquela toda com vômito. A outra estava no armário, então passaria mais uma humilhação de ir até lá com a camiseta daquele jeito. Até esqueceu sobre os Franks, só pensava em ficar vivo até o final do dia. Ainda meio tonto, saiu do banheiro. Ao lado da porta tinha um bebedouro, e bebeu água. Como um sedento. As pessoas em sua volta o olhavam preocupadas. Gostava dessa solidariedade. Foi até o seu armário com certa vergonha, mesmo assim. Ouvindo um grupo de pessoas que já reclamavam do cheiro, apressou em destrancar o armário.

Ali estava uma linda marmitinha, com uma toalha amarrada. Seu coração esquentou de alegria. No pote de vidro tinha arroz, feijão, frango e queijo. Cheirava deliciosamente. Segurou por um instante, para pegar a camiseta que estava embaixo. Com um pequeno sorrisinho, procurou em volta. Isso só podia ser obra de Frank. E era, pois percebeu um bilhetinho preso ao pote.

Você é muito fofo para ficar sem comer ;)

XO Frnk

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