É necessário realizar uma certa democratização no exército; o essencial é abolir a prática feudal de bater e insultar, e conseguir que os oficiais e soldados compartilhem as penas e as alegrias na vida diária. Assim conseguir-se-á a unidade entre os oficiais e soldados, elevar-se-á extraordinariamente a capacidade de combate do exército e não haverá a menor dúvida quanto a possibilidade de sustentarmos uma guerra longa e cruel.
Além do papel desempenhado pelo Partido, a aplicação da democracia no Exército Vermelho constitui a razão por que esse exército se tem mantido tão firme como no passado, não obstante as duras condições materiais e a frequência dos combates. Os oficiais não batem nos soldados; os oficiais e os soldados recebem um mesmo tratamento; os soldados gozam de liberdade de reunião e expressão; o formalismo e as cerimônias inúteis estão abolidos, as contas são abertas à inspeção de todos (...) Na China, não é só o povo que necessita de democracia; o exército também tem necessidade de democracia. O sistema democrático no nosso exército constitui uma arma importante para destruir o exército mercenário feudal.
A orientação do trabalho político nas unidades do nosso exército consiste em mobilizar sem reservas os soldados, os comandantes e o restante do pessoal, a fim de conseguir, através de um movimento democrático sob direção centralizada, três objetivos principais: alto grau de unidade política, melhores condições de vida e maior elevação técnica e tática no plano militar. As "três verificações" e as "três retificações", que atualmente se realizam com entusiasmo nas unidades do nosso exército, destinam-se a atingir os dois primeiros objetivos através da prática da democracia nos planos político e econômico. A democracia no plano econômico consiste em assegurar aos representantes eleitos pelos soldados o direito de se ocuparem do abastecimento em víveres e da messe, prestando assistência ao comando da companhia (e sem passar por cima da autoridades deste). No plano militar, a democracia consiste em aplicar, durante a instrução, o método do ensino mútuo entre oficiais e soldados e entre os próprios soldados, e, durante o combate, em fazer com que as companhias realizem reuniões, quer grandes quer pequenas, na própria frente. Sob a direção do comando da companhia, os soldados devem ser estimulados a discutir a maneira de atacar e conquistar as posições inimigas, e o modo de cumprir as demais tarefas de combate. Quando as operações se desenrolam ao longo de vários dias, há que realizar várias reuniões desse tipo. Essa forma de democracia militar foi praticada com grande sucesso durante a batalha de Panlum no norte do Xensi e durante a batalha de Chequiatchuam na região do Xanxi-Tchahar-Hopei. Ficou provado que tal prática só acarreta benefícios e não é de modo algum prejudicial.
Na grande luta atual, o Partido Comunista da China exige que todos os seus órgãos dirigentes, todos os seus membros e quadros desenvolvam ao máximo a iniciativa própria, pois só assim se tornará possível a vitória. Concretamente, essa iniciativa há-de manifestar-se em atividade criadora dos órgãos dirigentes, quadros e membros do Partido, em espírito de responsabilidade, em ardor no trabalho, audácia e capacidade de levantar problemas, expressar opiniões próprias, criticar falhas, e em controle, exercido com toda a camaradagem, sobre os órgãos e quadros dirigentes. Doutro modo a palavra iniciativa não tem sentido. O desenvolvimento dessa iniciativa, porém, depende do grau de democracia existente na vida do Partido. Em caso nenhum a iniciativa poderia desenvolver-se sem uma suficiente democracia na vida do Partido. A formação de grande número de homens capazes só é possível em ambiente democrático.
Ainda que se engane, qualquer pessoa desde que não se trate de um elemento hostil nem se lance em pérfido ataques, deve poder dar a sua opinião. Os dirigentes, em todos os escalões, têm o dever de escutar o que dizem os outros. Há dois princípios quem importa aplicar: 1) não cales o que sabes nem guarde para ti aquilo que tens a dizer; 2) ninguém tem culpa pelo fato de ter falado, é ao que escuta que incube tirar todo proveito disso. Não é possível fazer respeitar o primeiro princípios se não se admite realmente, e não apenas na forma, o princípio de que "ninguém tem culpa pelo fato de ter falado".
Dentro do próprio Partido, importa realizar uma educação em matéria de democracia, de modo que cada militante possa entender o que é uma vida democrática, qual a relação entre a democracia e o centralismo, bem como a maneira de pôr em prática o centralismo democrático. Só assim poderemos realmente ampliar a democracia no interior do Partido e, ao mesmo tempo, evitar a ultra-democracia e o deixa-andar que destrói a disciplina.
Quer no exército quer nas organizações locais, a democracia interna do Partido deve servir para reforçar a disciplina, para elevar a capacidade de combate, e nunca para enfraquecê-la.
No campo da teoria, é necessário arrancar as raízes da ultra-democracia. Primeiro, há que assinalar que o perigo da ultra-democracia está em prejudicar e mesmo destruir completamente a organização do Partido, em enfraquecer e mesmo minar inteiramente a capacidade combativa do Partido, tornando-o incapaz de cumprir as suas tarefas de luta e arrastando, por consequência, a derrota da revolução. Por último, há também que assinalar que a origem do ultra-democracia está na aversão individualista da pequena burguesia pela disciplina. Essa aversão, uma vez introduzida no Partido, traduz-se em ideias ultra-democráticas nos planos político e de organização, ideias absolutamente incompatíveis com as tarefas de luta do proletariado.
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O Livro Vermelho - Citações do Presidente Mao Tsetung
SachbücherÀ memória heroica e gloriosa do camarada Pedro Pomar.