33. O Estudo

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Na transformação da China agrícola e atrasada num país industrializado e avançado, nós estamos confrontados com árduas tarefas e a nossa experiência está longe de ser adequada. Sendo assim, temos de saber aprender.

As condições mudam permanentemente, sendo necessário estudar para que as nossas ideias se adaptem às novas condições. E mesmo aqueles que conhecem melhor o marxismo, e são relativamente mais firmas em sua posição proletária, devem também continuar a estudar, devem assimilar o que é novo, estudar os problemas novos.

Nós poderemos aprender aquilo que ainda não compreendemos. Nós não sabemos apenas destruir o mundo velho, nós sabemos, também, construir um mundo novo.

Há duas atitudes para aprender. Uma é a atitude dogmática que consiste em copiar tudo, seja ou não adequado às condições de nosso país. Essa não é uma boa atitude. A outra é a atitude de usar a nossa própria cabeça e aprender aquilo que é adequado às nossas condições, quer dizer, assimilar toda a experiência que nos seja útil. Essa é a atitude que devemos adotar.

A teoria de Marx, Engels, Lênin e Stalin é uma teoria de valor universal. Nós devemos considerá-la não como um dogma, mas, sim, como um guia para a ação. Estudar o marxismo-leninismo não é apenas uma questão de aprender termos e frases, mas, sim, uma questão de estudá-lo como ciência da revolução. Não se trata apenas de compreender as leis gerais deduzidas por Marx, Engels, Lênin e Stalin através de seu estudo extensivo da vida real e da experiência da revolução, mas, sim, estudar sua posição e o método que adotaram no exame e solução dos problemas.

Se, quando conhecemos uma teoria justa, contentamo-nos em fazer dela um simples tema de conversação, e, em vez de a pormos em prática, deixamo-la de lado, essa teoria, por mais bela que seja, não poderá ter qualquer significação.

Há que dominar completamente a teoria marxista e saber aplicá-la; dominá-la com o único objetivo de aplicá-la. Se chegarem a poder aplicar o ponto de vista marxista-leninista no esclarecimento de um ou dois problemas práticos, vocês merecerão elogios e poderá dizer-se que conseguiram certo êxito. Quantos mais problemas forem capazes de esclarecer, quanto mais vastos e profundos forem nessa clarificação, tanto maior será vosso êxito.

Como ligar a teoria marxista-leninista com a prática da revolução chinesa? Para usar uma expressão corrente, diremos que é «disparando a flecha contra o alvo». Quando disparamos uma flecha devemos dirigi-la contra o alvo. A flecha está para o alvo assim como o marxismo-leninismo está para a revolução chinesa. Alguns camaradas, porém, «disparam sem ser contra o alvo», disparam à toa. Esses camaradas arriscam-se a prejudicar a revolução.

Os que têm experiência de trabalho devem dedicar-se ao estudo teórico e ler com seriedade, pois só assim poderão sistematizar e sintetizar as suas experiências elevando-as ao nível da teoria, e não considerando erradamente as experiências parciais como verdade gerais nem caindo nos erros do empirismo.

Ler é uma forma de aprender, mas praticar é também uma forma de aprender, sendo até a forma mais importante de aprender a fazer a guerra fazendo-a. Uma pessoa que não tenha tido a possibilidade de ir à escola também pode aprender a fazer a guerra – pode aprender no próprio combate. Uma guerra revolucionária é uma empresa de massas; nela acontece com frequência que as pessoas, em vez de combaterem depois de terem aprendido, começam por combater e depois aprendem. Combater é, pois, aprender.

Existe certa distância entre um civil e um militar, mas não há entre eles Grande Muralha, podendo a distância existente ser rapidamente eliminada. A via para eliminar essa distância é tomar parte na revolução, participar na guerra. Quando dizemos que não é fácil aprender e aplicar, queremos dizer que não é fácil aprender a fundo e aplicar com sabedoria. Quando dizemos que os civis podem muito rapidamente transformar-se em militares, queremos significar que não é difícil iniciar-se na arte da guerra. Resumindo essas duas afirmações, podemos citar o ditado chinês que diz: «Nada no mundo é difícil para aquele que se decide a fazê-lo bem». Iniciar-se não é difícil, aperfeiçoar-se não é impossível; basta que as pessoas se dediquem e saibam aprender.

Devemos aprender a fazer o trabalho econômico com todos os que conhecem o assunto (seja eles quem forem). Nós devemos considerá-los como professores e aprender com eles de maneira respeitosa e consciente. Não devemos fingir que conhecemos aquilo que na realidade não conhecemos.

O conhecimento é uma questão de ciência, não admite a menor desonestidade ou presunção. O que se requer é precisamente o contrário – honestidade e modéstia.

A autossatisfação é inimiga do estudo. Se quisermos realmente aprender alguma coisa, devemos começar por libertar-nos disso. Com relação a nós próprios, devemos «ser insaciáveis na aprendizagem» e, com relação aos outros, «incansáveis no ensino».

Alguns se julgam muito sabedores após terem lido uns quantos livros marxistas, mas como não foram fundo em suas leituras, como estas não ganharam raízes em seus espíritos, não sabem como aplicar o que leram e os seus sentimentos de classe mantêm-se como antes. Outros vaidosos, como sabem algumas frases tiradas dos livros, julgam-se extraordinários e incham-se de orgulho. Contudo, assim que se levanta uma tempestade, eles assumem uma posição muito diferente da dos operários e da maioria dos camponeses trabalhadores. Eles vacilam enquanto esses permanecem firmes, mostram-se ambíguos enquanto esses se mostram francos diretos. Para se adquirir uma verdadeira compreensão do marxismo é necessário estudar não apenas nos livros, mas, principalmente, através da luta de classes, do trabalho prático, do estreito contato com as massas de operários e camponeses. Quando, além da leitura dos livros marxistas, nossos intelectuais tiverem obtido certos conhecimentos no contato estreito com as massas de operários e camponeses, e em seu próprio trabalho prático, nós falaremos todos uma linguagem comum do patriotismo e do sistema socialista, provavelmente, a própria linguagem comum da concepção comunista do mundo. Se assim acontecer, seguramente que todos trabalharemos muito melhor.

O Livro Vermelho - Citações do Presidente Mao TsetungOnde histórias criam vida. Descubra agora