O Partido Comunista não teme a crítica porque nós somos marxistas, temos a verdade ao nosso lado e as massas fundamentais - operários e camponeses - estão conosco.
Um materialista consequente nunca tem medo. Nós esperamos que todos os que lutam ao nosso lado assumam corajosamente as suas responsabilidades, vençam as dificuldades, não temam os reveses e as zombarias, nem temam fazer-nos, a nós, os comunistas, críticas ou sugestões. "Aqueles que não temem morrer ferido por milhares de golpes, ousa apear o imperador" - tal é o indomável espírito que necessitamos na luta para construir o socialismo e o comunismo.
Nós temos a arma marxista-leninista da crítica e autocrítica. Nós podemos desembaraçar-nos do mau estilo e conservar o estilo bom.
A prática conscienciosa da autocrítica é uma das características marcantes que distinguem o nosso Partido dos demais partidos políticos. Como temos dito, uma casa deve ser varrida regularmente, de contrário, a poeira vai-se acumulando; as nossas caras devem ser lavadas regularmente pois, doutro modo, acabam por ficar cheias de poeira. A mente dos nossos camaradas e o trabalho do nosso Partido podem igualmente ficar cobertos de poeira, razão por que devem ser varridos e lavados também. O provérbio que diz que "a água corrente não apodrece e os gonzos das portas não são carcomidos pelos insetos" significa que o movimento constante impede a ação desagregadora dos micróbios e de todos os parasitas. Verificar constantemente o nosso trabalho e, durante esse processo de verificação, desenvolver um estilo democrático, não temer a crítica nem a autocrítica e aplicar essas valiosas máximas populares chinesas que dizem "não cales o que sabes nem guardes para ti aquilo que tens a dizer", "ninguém tem culpa pelo fato de ter falado, é ao que escuta que incumbe tirar todo o proveito disso" e "se tiveres cometido erros, corrige-os, mas se os não tiveres cometido, guarda-te de vir a cometê-los", eis a única via eficaz para evitar que a poeira e os micróbios políticos infectem a mente dos nossos camaradas e o corpo do nosso Partido.
Dentro do Partido, a oposição e a luta entre ideias de naturezas diferentes são um fato frequente; no Partido, isso é um reflexo de contradições que existem entre as classes, e entre o novo e o velho no interior da sociedade. Se não existissem contradições no Partido e não houvesse lutas ideológicas para resolvê-las, a vida do Partido cessaria.
Nós somos pela luta ideológica ativa porque ela é uma arma para se atingir a unidade interna do partido e demais organizações revolucionárias em benefícios do nosso combate. Cada membro do Partido Comunista, cada revolucionário, deve empunhar essa arma.
O liberalismo, porém, rejeita a luta ideológica e preconiza uma paz sem princípios, dando assim lugar a um estilo decadente e filisteu e provocando a degenerescência política de certas entidades e certos indivíduos, no Partido e em outras organizações revolucionárias.
No combate ao subjetivismo, sectarismo e estilo estereotipado no seio do Partido, devemos ter presentes dois objetivos: primeiro, "tirar lições dos erros passados a fim de evitar erros no futuro" e, segundo, "tratar a doença para salvar o doente". Os erros do passado devem ser apontados sem poupar a sensibilidade deste ou daquele indivíduo; é necessário analisar e criticar de forma científica o que havia de mau no passado, de tal maneira que, no futuro, o trabalho seja mais cuidadoso e melhor. É o que significa "tirar lições dos erros passados a fim de evitar erros no futuro". O nosso objetivo, porém, ao apontarmos os erros e criticarmos as falhas, tal como acontece com um médico que trata uma doença, consiste exclusivamente em salvar o doente, e não em matá-lo. Um indivíduo com apendicite salva-se quando o cirurgião lhe extrai o apêndice. Desde que aquele que cometeu erros não esconde a sua doença com medo do tratamento, nem persiste nos erros ao ponto de tornar-se incurável; desde que, honesta e sinceramente, deseja ser curado e corrigir-se, devemos acolhê-lo e curar-lhe a doença de maneira que se converta num bom camarada. Jamais poderemos ter êxito se nos deixamos levar por impulsos momentâneos e o fustigamos desmedidamente. Quando se trata uma doença ideológica ou política nunca se deve ser rude nem imprudente, mas sim adotar a atitude de "tratar a doença para salvar o doente", que é o único método correto e eficaz.
Um outro ponto que se deve mencionar em ligação com a crítica no interior do Partido é o de certos camaradas que, ao fazerem as suas críticas, descuram as questões principais e confinam a sua atenção em pontos de menor importância. Eles não compreendem que a tarefa principal da crítica é expor os erros políticos e de organização. Com respeito às falhas pessoais, desde que não estejam relacionadas com erros políticos ou de organização, não se torna necessário criticá-las demasiadamente, pois, de contrário, os camaradas em causa ficarão perdidos, sem saber o que fazer. Além disso, se uma tal crítica se desenvolve, a atenção dos membros do Partido passa a concentrar-se exclusivamente em faltas menores, toda a gente se intimida, torna-se cautelosa em excesso e esquece as tarefas políticas do Partido. Isso constitui um grande perigo.
Na crítica dentro do Partido há que saber guardar-se do subjetivismo, da arbitrariedade e da banalização da crítica; todas as afirmações devem basear-se em fatos e a crítica deve ter um sentido político.
A crítica no interior do Partido é uma arma que serve para fortalecer a organização do Partido e elevar a sua capacidade de combate. Contudo, nas organizações do Partido no seio do Exército Vermelho, a crítica não apresenta sempre esse caráter, transformando-se por vezes em ataques pessoais. Disso não só resulta um prejuízo para os indivíduos como também para a própria organização do Partido. É uma manifestação do individualismo pequeno-burguês. O método de correção consiste em ajudar os membros do Partido a compreender que o objetivo da crítica é elevar a capacidade de combate do Partido de modo a alcançar-se a vitória na luta de classes, não devendo esta ser utilizada como um meio para ataques pessoais.
Como servirmos o povo, não temos medo de ver apontadas e criticadas as falhas que tivermos. Seja quem for pode apontar as nossas falhas; se tiver razão, nós próprios corrigi-las-emos. Se aquilo que propuser beneficiar o povo, nós agiremos de acordo com a proposta.
Acaso nós, os comunistas chineses, que baseamos todas as ações nos mais altos interesses das grandes massas do povo chinês, que estamos convencidos da justiça absoluta da nossa causa, que nunca nos detemos frente a qualquer sacrifício pessoal e estamos sempre prontos a dar a vida pela causa, acaso poderemos sentir pesar em afastar qualquer ideia, ponto de vista, opinião ou método, que não corresponda às necessidades do povo? Acaso poderemos, nós, aceitar que a poeira e os micróbios políticos venham manchar a nossa cara limpa e infectar o nosso organismo são? Incontáveis são os mártires revolucionários que deram a vida em defesa dos interesses do povo, e os nossos corações enchem-se de dor cada vez que os recordamos — poderá então haver algum interesse pessoal que não sejamos capazes de sacrificar, ou algum erro que não possamos eliminar?
Nunca devemos contentar-nos com os nossos sucessos. Devemos refrear a nossa autossatisfação e criticar constantemente as nossas falhas tal como lavamos a cara e varremos o chão todos os dias para remover poeira e manter tudo limpo.
A crítica deve fazer-se a tempo; é necessário desembaraçar-se desse hábito de só criticar depois de consumados os fatos.
Instruídos pelos erros e reveses, nós tornamo-nos mais experimentados e manejados melhor os nossos assuntos. Qualquer partido político, qualquer pessoa, encontra dificuldade em evitar os erros, contudo, há que errar o menos possível. Assim que cometemos um erro, devemos corrigi-los, e quanto mais depressa e a fundo, melhor.
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O Livro Vermelho - Citações do Presidente Mao Tsetung
Non-FictionÀ memória heroica e gloriosa do camarada Pedro Pomar.