capítulo 17

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Já fazia uma semana, desde que tudo aconteceu, fazia apenas dois dias que tinha chegado novamente no castelo. Minha rotina, devido a recuperação, era do quarto para varanda, nem mesmo Erick veio me visitar, acredito que suas novas funções, estavam exigindo muito do tempo livre que ele tinha. Ou então o pai ainda não havia voltado. Bem pensado! Meu pai também não estava ali. Mais o que estava acontecendo? Desde quando meu pai passa tantos dias fora do reino? Minha linha de raciocínio é cortada, quando nana entra no quarto.
— olá minha menina, como está meu pequeno Butão? — perguntou-me, deixando a pilha de toalhas novas sobre a cama.
— estou melhorando nana, e por favor não me chame com esses apelidos monstruosos! — adverti, mais ri em seguida.
— deixe-me ver seus machucados! — nana se aproxima, e senta ao meu lado.
Eu começo a tirar minha roupa, enquanto nana já me entrega o  roupão. Viro-me de costas para ela, e desfaço o feitiço de camuflagem.
— fique parada! — nana me fala, ao retirar o curativo antigo, apenas sinto uma leve pontada. — não está tão ruim, provavelmente com outra semana de descanso e tratamento, estará curada. — E as cicatrizes? —perguntei receosa.

— irão ficar algumas, mais pelo que sei desse feitiço, você só mostrará a alguém, se quiser não é mesmo? 
— é, eu não pensei que fosse ficar assim! — falei em um tom muito abaixo do normal, nana me interrompe, de repente fico sem reação com o que me pergunta.
— foi você que roubou os escravos não foi? — nana me perguntou, forcei um falso constrangimento.
— mais o que é isso nana!
— não minta pra mim! Quantas vezes eu a pedi minha menina, que parasse de confrontar o rei!
— mais como ousa, me acusar dessa maneira? — levanto.
— não precisa esconder de mim, eu estava aqui quando o rei entrou e jogou-lhe o colar que era da sua mãe! — levou as mãos até os cabelos. — você não sabe o quanto seu pai pode ser cruel.
— nana.... Eu... — como esperado, nana sempre descobria tudo.
— e as pessoas onde  estão?
— elas não vão voltar aqui. — sabendo que não havia saída para seu interrogatório, finalmente admiti minha culpa.
— menos mal. Eu não posso permitir que continue agindo assim. Sua mãe a deixou sobre os meus cuidados. Já é demais o que seu pai faz com você, olhe para você agora!
Levanto-me para vestir o roupão, caminhamos para o banheiro. Entro na banheira, nana adiciona na água que estava na temperatura certa, um  óleo, feito com as flores do bosque, próximo ao vilarejo dos refugiados. As flores lá existentes só nasciam lá, por isso gostava do cheiro.
— como se comunica com eles? — nana pergunta.
— as vezes vou até lá através de portais. — inclino minha cabeça dentro da banheira.
— isso não será mais possível, a partir de agora, seu pai vai vigia-la.
— você acha?
— com certeza, agora  desconfiará de você, em primeiro lugar.
— o que devo fazer? — a perguntei.
— primeiro, se pretende se comunicar com seu povo, terá que usar maneiras antigas, como mensageiros, não sei...se é possível, pelo visto o rei preferiu abafar o caso. Realmente seria vergonhoso.
— entendo!  Onde está Erick, que ainda não veio me ver?
— ele anda muito ocupado, já que assumiu as responsabilidades do pai.
— ao menos isso de bom aconteceu. preciso que você fale com ele, para que venha me ver!
—esta bem. Meu Butão, não acho que vai ficar só por isso!
— como não ? — virei pedindo com gestos, que me entregasse a toalha, sai da banheira em direção ao quarto. Sento no puff próximo ao espelho. — não acredito que ainda teria algo mais, olhe para mim, aquele devasso quase me matou!
Nana, arrumava meus cabelos, em um coque, em seguida fez novos curativos.
— seu pai é um homem poderoso, odeia ser passado para traz, seu orgulho está ferido, ele encontrará maneiras de se vingar sempre que poder, ainda mais tendo o coração de atlas.
— daria tudo, pela liberdade de atlas! Afinal seria a minha também. Olhe para mim nana!
Virei para encara-la nos olhos.
— eu juro, que se tivesse opção, jamais teria feito tudo o que fiz!
— eu sei, eu sei também, que você não é uma pessoa má como imagina ser, minha querida! Você é forte, e seu pai usou sua força contra você, para satisfazer seus desejos e conquistas. — ela sorriu para mim. —Você é um anjo.
— obrigado nana! Agora deixe eu me vestir, e por favor não conte o que sabe para ninguém, eu imploro! Eu peço que tente realmente falar com Erick!
— está bem, eu falarei, e quanto aos seus segredos, pode confiar, eu sou um túmulo! — nana veio até mim e beijou o topo da minha cabeça. — fique bem meu anjo!
Confirmei com a  cabeça, então ela saiu. Fui até meu guarda roupa, nossa quantas roupas haviam ali? Meu Deus, eu nunca usei nem a metade daquele arsenal de peças, sempre preferi cores escuras, ou em tons claros demais ou vermelhos demais. Cheguei no compartimento de peças íntimas então escolhi como sempre uma peça de renda, não obtive sucesso com a parte de cima, já que não poderia usar mesmo, devido aos  curativos, então comecei a vestir-me. Dormi um pouco e então quando acordei horas depois, pude ver Erick me observando, sentado com seu corpo apoiado na cabeceira da cama.
— faz tempo que está aqui? — o perguntei, virando meu corpo em sua direção.
— o suficiente para ver como você ronca! — sorriu.
— eiiiiii! — joguei um travesseiro em sua cabeça. — pra sua informação eu não ronco seu animal! — sorri com a sua bobagem. — por que demorou tanto?
— porque não tive tempo, só depois de está no lugar do meu pai, pude perceber o quanto esse trabalho é puxado.
— entendo. E seu pai quando volta?
— eles estão vindo depois de amanhã pelo que parece! Você não achou estranho eles passarem tantos dias fora? — Erick olha para o teto, apoiando a cabeça em um dos travesseiros.
— eu estava tentando pensar nisso, mais cedo. Eu achei estranho essa saída tão repentina, meu pai é muito rígido com tudo aqui, seu pai nem se fala.
— não sei, só saberemos quando eles voltarem! Então o que achou do vilarejo nesses dias que passou por lá?
— muito incrível! Sempre que podemos vamos lá, mais não posso negar que o trabalho de luck evoluiu bastante naquele pessoal! E as crianças, todas fofinhas, aprendendo a lerem seus primeiros feitiços, ou  livros. Algo que chamou minha atenção foi o aumento mercantilista, eles não precisam mais de ajuda.
— você prestou mesmo atenção em tudo ! — Erick riu. — eu também percebi, na verdade me veio um ideia que há dias queria te falar.
— o que?
— acho que deveríamos treina-los como um exército!
— porque isso?
— porque, penso que seria bom para eles e para nós futuramente. Nunca se sabe não é mesmo?
— você tem razão, Mais esse projeto tem que ser posto em prática logo, e temos que falar com luck a respeito.
— é sim, eu já havia comentado algo a respeito com ele, mais nada sério, não sem antes falar com você!
— já pensou? Um exército só nosso?— sorri.
— seria magnífico não é?
— seria.
—erick? — fiquei sentada na cama olhando para ele.
— o que?
— você já percebeu que Helena sente algo por Lucas?
— ah sei lá! Ela é sempre tão calada, mais talvez seja verdade, ela não foi nada receptiva comigo! — Erick me olhou descaradamente. — e olha bem pra mim! Eu sou bastante desejável.
— hahaha... Convencido. Não é porque seja bonito que todas irão cair aos seus pés!
— na verdade é sim. Eu também tenho inúmeras outras qualidades! — me falou cheio de certeza. — mais sinceramente, posso te falar uma coisa?
— pode.
— acho que ele gosta de você. Eu até acho Lucas um cara bonito. Eu apoiaria vocês!
— Erick! — o repreendi. — eu aqui falando que Helena gosta dele e você praticamente me jogando pro cara!
— ah sim Helena! Bom Evelyn, se ela continuar agindo, como se ele tivesse uma bola de cristal no lugar da cabeça, para adivinhar o que ela sente, vai ser meio difícil dele perceber!
— mais não acho que seja certo. E eu não acho que goste dele a ponto de fazer algo assim, deve ser terrível gostar de alguém que não sente o mesmo que você!
— é realmente, não é algo que gostasse de experimentar. Afinal você não gosta de ninguém. — ele falhou as gargalhadas.
— ao menos não sou um projeto de galinha, que fica com todas as empregadas do palácio.
— hahahaha.... Não são todas e se está falando de Kate, não é nada tão surpreendente. Ela fica com qualquer um.
—  como você é ridículo Erick.
— vem cá! — ele me puxou para seus braços.
— não pense que me conquistaria, como essas idiotas que correm atrás de você.
— quem disse que eu cogitaria essa possibilidade garotinho?
— garotinho? — eu ri, dando-lhe um soco no estômago. — ainda posso te partir ao meio.
— aiiiiiiii sua maluca! — põe a mão no estômago. — porque você é assim.

- você sabe muito bem porque.  -  nos olhamos, ele me entendia perfeitamente. 

- é talvez eu saiba. Mais nos podemos ser melhores que isso.

- não sei, sabe! - eu ri. - tenho minhas dúvidas! 

- se você não quer ser eu quero. - ele me jogou pro lado rindo.

Eu apenas ria, Erick era realmente incrível.

E ali ficamos nós, conversamos até mais tarde, marcamos nossos próximos passos.Nada pagaria esses momentos ao lado de Erick. Mesmo com uma insegurança de que algo não estava certo! Eu estava segura naquele momento.

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