Como a enfermeira disse, a tal senhora foi retirada do hospital, mas não antes que essa visse a bebê Kelly no colo de Lilian e começasse a chorar descontroladamente, até que lhe deram tranquilizantes.
Lilian ficou meio assustada, mas logo voltou a sua atenção novamente para o pequeno ser em seu colo.
O bebê era lindo e delicado; tinha os cabelos castanho-escuros do pai e os olhos grandes cinzentos de Lilian. Quando a mãe falava, olhava curiosa ao redor, procurando a fonte do som; e em nenhum momento chorou, nem quando as enfermeiras a tiraram do colo da mãe para fazer os exames padrões.
"Tão delicada" Lilian pensou. "E tão frágil. Uma criaturinha dessas nunca faria mal a ninguém. Vou protegê-la com minha vida.
No terceiro dia no hospital, Stephan apareceu na porta do quarto, com um enorme buquê de rosas em uma mão, e um sorriso hesitante porém exultante no rosto.
- Só liberaram as visitas hoje. - Ele explicou, dando um beijo no rosto da esposa. Então, olhou para o bebê em seu colo. - É ela? Nossa bebezinha?
Lilian assentiu, sorrindo, e entregou a criança para o pai, que sorriu para ela com lágrimas nos olhos.
- Nossa pequena.
Algum tempo depois, mais pessoas foram entrando no quarto para ver a mãe e seu bebê: a irmã de Lilian e seu filhinho de cinco anos; o irmão de Stephan com sua esposa; os pais de ambos, e outros parentes. Todos eles se aglomeraram em volta do casal, tentando ver melhor a criança embrulhada em cobertores.
- Olha só que coisinha mais linda, dá vontade de apertar!
- Que coisinha fofa, tomara que puxe o lado da família!
- Qual o nome dela?
- Kelly. - Lilian respondeu, orgulhosa de si e da filha, mas já desconfortável com a quantidade de gente ao seu redor. A pequena Kelly, coitada, não entendia nada, e olhava assustada e curiosa para as pessoas que a pegavam no colo e encaravam.
Para o alívio de Lilian, uma das enfermeiras entrou no quarto e disse que a mãe e a criança precisavam descansar, então expulsou todo mundo da sala, menos Stephan. A família só ficou ali, abraçada, curtindo o momento; e, quando a semana no hospital acabou e Lilian pôde voltar para casa (ela já não aguentava mais as visitas dos parentes), começaram a planejar como seria a vida deles dali para a frente.
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Lilian e Stephan ficaram impressionados com a velocidade com a velocidade que Kelly se desenvolvia: aos três meses de idade balbuciou as primeiras palavras, aos cinco deu seus primeiros passos e, antes de completar sequer um ano, já andava e falava como uma criança de dois anos.
Stephan ficou muito empolgado com isso - sua filha era uma gênia! Sempre exibia Kelly para seus amigos e colegas de trabalho ou para qualquer um que perguntasse, se achando o máximo.
Já Lilian não estava tão animada quanto o marido. Qualquer coisa estranha que estava relacionada com a sua filha a lembrava da velha e dos acontecimentos dos últimos meses. Será que uma coisa tinha a ver com a outra? Mas isso não era uma coisa ruim, era? Lilian tentava não pensar no assunto, mas sempre se via falando dele com Stephan.
- Mas querido, será que é normal um bebê ser tão... Rápido assim? Não está muito acelerado? - Ela dizia, quase suplicando.
- Lilian, pare de se preocupar com isso. - Stephan a abraçava, sorrindo tranquilamente. - Você devia era se orgulhar de ter uma filha tão inteligente!
- Eu tenho orgulho, mas também estou preocupada com isso... Não acha que devíamos levá-la para o hospital para fazer alguns testes?
- Eles já fizeram os testes padrões, lembra? Olha, Lilian - Stephan suspirou, olhando para a esposa. - Ultimamente você anda muito estressada por coisas banais, não acha? Desde aquela história da velha...
- Você não acredita em mim então, é isso? - Lilian o encarou, decepcionada.
- É claro que acredito! - Ele respondeu, mas não soou tão convincente quanto esperava.
- Quer dizer, acredito que você tenha encontrado uma senhora sim, e que ela tenha feito uma reza pra você ou algo do tipo, mas ela ter te amaldiçoado ou aparecido no parque naquela noite? Acho muito difícil.
- Mas a senhora do hospital...
- Era uma assassina maluca com problemas psicóticos. - Stephan cortou. - Francamente, Lilian, você vai acreditar nas palavras de uma mulher que você mal conhece e que veio de um hospício?
Lilian abriu a boca para responder, mas não tinha como argumentar contra. Vendo que tinha ganhado a discussão, Stephan continuou.
- Escuta, vamos... Vamos tentar relaxar, ok? Não há nada de errado com a nossa filha e nem com você, então vamos apenas esquecer e curtir o momento.
Após uma breve pausa, Lilian assentiu com a cabeça. É, o marido tinha razão. Talvez ela só estivesse estressada mesmo, ou pensando demais. Talvez a estranheza daquela velha senhora que encontrou no início da gravidez a tivesse feito imaginar coisas. E é verdade, por que ela levaria uma doida como aquela do hospital a sério? Sentindo-se uma idiota, Lilian prometeu a si mesmo que não pensaria mais no assunto, e passou a sempre repetir as palavras do marido toda vez que duvidasse.
Em pouco tempo, ela própria se convenceu dessas palavras, e logo, a velha não passou de uma vaga lembrança.
***
Olááá!
Gente, eu queria pedir desculpas pela demora do novo capítulo, mas é que eu estava viajando e não consegui escrever muito. :P
Eu agradeço muito quem quer que tenha esperado o lançamento do novo capítulo e continuado a leitura até aqui, porque eu mesma acho que a história está um pouco entediante... Mas não se preocupe, prometo que vou tentar deixá-la melhor daqui pra frente!
Eu também vou tentar escrever mais rápido, embora eu não garanta nada.
Muito obrigada de novo para os meus leitores, e espero que aproveitem! :)
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A História De Kelly Anderson
HorrorA vida de Kelly Anderson, embora solitária, era feliz e, acima de tudo, normal; no entanto, um terrível acidente a leva para o orfanato Saint Marie, lugar onde ela cresce e desenvolve uma forte amizade com esse menino, William Woods. No entanto, a c...