William ficara sentado ouvindo Vanessa falar por quine minutos, esperando Kelly. Ele já estava pensando que ela tinha desistido ou que Irmã Amélia a havia deixado de castigo quando escutou o grito reverberando por todo o orfanato.
Ele se levantou rapidamente, subitamente tenso. Era um claro grito de horror. Algo de muito ruim tinha acontecido.
- O que foi isso? - Vanessa perguntou, atenta, mas William nem se deu o trabalho de responder. Ele simplesmente passou reto por ela e siau correndo, sabendo exatamente de onde o grito tinha vindo.
Quando chegou no corredor do escritório de Irmã Amélia, todas as outras freiras já estavam lá, olhando horrorizadas para dentro da sala. Algumas crianças estavam ao redor tentando olhar para dentro também, curiosas, mas as mulheres impediam a aproximação.
William sentiu um bolo se formando na garganta. Se algo de ruim acontecesse com Kelly...
Ele se aproximou da porta, e uma das freiras imediatamente o parou.
- Desculpe, William, mas você não pode passar daqui. - Ela falou. Seus olhos estavam repletos de terror, mas ela soava firme.
Assentindo, Will fez menção de dar meia-volta, mas quando a mulher se virou, ele a empurrou de leve e passou por ela, entrando no escritório. Ele precisava ver o que aconteceu, precisava...
- Will! - Uma voz gritou atrás dele, mas era tarde demais.
William caiu de joelhos, sem acreditar no que via. Foi a mesma sensação que teve quando viu Kelly espatifada no pátio da escola depois de ter se jogado, só que muito pior.
Kelly estava no chão, caída de lado. Seus olhos estavam esbugalhados, e havia muita espuma saindo de sua boca. Tinha vários pedaços de vidro e porcelana quebrados ao redor - o armário de louças havia caído. Ela devia ter lutado, William percebeu, para o seu próprio horror.
Mas o que tornava a cena pior era a presença da Irmã Amélia: ela estava agachada num canto, se balançando para frente e para trás, como se em um transe lunático. Seus olhos estavam vidrados, e ela olhava para o nada enquanto sussurrava palavras disformes.
William começou a tremer violentamente, e ele pôde sentir lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Não se importava de chorar na frente dos outros. Não se importava com mais nada. Sua amiga estava morta, e ele não podia fazer nada, nada...
Ele não sabe por quanto tempo ficou ali. As pessoas o observavam em silêncio, pesarosas com a sua dor, mas ele mal percebia. Irmã Ellie se aproximou por trás dele e o abraçou para consolá-lo, mas ele nem mesmo sentiu.
Depois do que pareciam ser horas, a enfermeira Lopez se aproximou do corpo de Kelly e pegou o frasco jogado ao seu lado. Após observá-lo por alguns segundos, ela suspirou.
- Cianeto. - Respondeu. - Uma mísera grama disso já a teria matado em poucos minutos, e ela tomou o frasco inteiro. Me pergunto como ela conseguiu isso.
Então, a mente de William se clareou subitamente, e ele entendeu o que acontecera: Kelly jamais teria tomado veneno a não ser que tivesse sido induzida àquilo, e Irmã Amélia sempre quis se livrar dela... Sim, o frasco de água benta provava aquilo.
- Foi ela. - Ele sussurrou.
- O que disse, querido? - Irmã Ellie perguntou docemente, como se falasse com uma criança.
- Ela que matou Kelly. - Ele apontou para a Irmã Amélia do outro lado da sala, e sentiu o sangue ferver. - Foi ela! - Gritou, se levantando e indo na direção da mulher alucinante.
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A História De Kelly Anderson
HorrorA vida de Kelly Anderson, embora solitária, era feliz e, acima de tudo, normal; no entanto, um terrível acidente a leva para o orfanato Saint Marie, lugar onde ela cresce e desenvolve uma forte amizade com esse menino, William Woods. No entanto, a c...