Capítulo 9- Saint Marie

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- Vamos, Kelly, anime-se! - Denise disse, animada. - Ouvi dizer que esse orfanato é ótimo, as moças aqui são muito simpáticas pelo que me disseram.

Kelly não respondeu, e continuou olhando para a frente, para o lugar que deveria chamar de casa a partir daquele momento

Se ela achava que a escola parecia uma grande prisão cinzenta, o Saint Marie era dez vezes pior.

O lugar era feito de tijolos escuros, com grandes escadarias de mármore, portões negros e enferrujados e um imenso pátio de grama morta. Era uma visão bem assustadora, contrastando completamente com o sol morno e a neve branca e fofa que ainda caía.

Tentando parecer mais confiante, Denise adiantou-se até a construção e tocou no interfone preso na frente da entrada, despertando uma campainha aguda.

Alguns segundos depois, ouve-se um barulho de estática, e uma voz masculina bruta e ríspida falou:

- Nome e motivo de estar aqui.

- Denise, mas estou aqui em nome de Olinda Wanders. Vim entregar Kelly Anderson.

O velho começou a resmungar, então desligou o interfone e abriu o portão para elas. Sorrindo, a enfermeira subiu as escadas, Kelly se arrastando logo atrás.

Uma velha senhora vestida de freira apareceu na porta.

- Olá, e sejam bem-vindas ao orfanato Saint Marie. Eu sou a irmã Ellie, muito prazer.

- Olá, irmã! - Denise sorriu. - Meu nome é Denise, vim em nome da senhora Wanders para entregar uma criança...

- Ah, sim. Essa deve ser a pequena Kelly, certo? - Ela se agachou, ficando na altura de Kelly. - Olha só, que garotinha mais linda!

Kelly encarou a mulher, inexpressiva. O sorriso da mulher murchou e ela se levantou de volta.

Denise pigarreou, claramente constrangida com a situação.

- Ah, bem, Kelly  é uma criança meio... Tímida.

- Entendo. - A mulher sorriu de novo, mas não com tanto entusiasmo quanto antes. - Bom, vou lhes mostrar o lugar. - E virou-se, guiando as duas para dentro do prédio.

O lugar parecia ser muito maior por dentro, e definitivamente era menos acolhedor que o lado de fora: longos corredores escuros, mal iluminados por algumas lâmpadas velhas nas paredes; portas de carvalho enormes, que levavam aos diferentes cômodos do lugar; até mesmo o ar ali dentro era gélido e vazio, quase difícil de se aspirar.

Mas o que mais incomodou Kelly foi quando eles passaram pelos quartos das crianças, que eram apenas cubículos minúsculos com quatro beliches cada e um único banheiro. Ela teria que ficar ali?

Após mostrar todo o orfanato, irmã Ellie as levou até o pátio central, onde várias crianças brincavam de correr e de pega-pega. Virou-se para as visitantes e sorriu.

- Bom, agora que vocês já conhecem o ambiente, gostaria que você conhecesse as minhas crianças.

Ela assoprou um apito que estava pendurado em seu pescoço e imediatamente as crianças pararam o que estavam fazendo e se alinharam numa fila voltada para elas. Haviam pelo menos umas cinquenta crianças, todas entre três e quinze anos.

- Bom dia, irmã Kelly. - disseram em uníssono.

Kelly quase fez uma careta. Aquilo era o exército?

Acuada, ela se escondeu atrás das pernas de Denise, olhando as outras crianças com desconfiança. Não havia tido experiências muito boas com outras pessoas de sua idade.

A História De Kelly AndersonOnde histórias criam vida. Descubra agora