- Uau, e o que aconteceu com a Amanda depois? - William perguntou, curioso.
Kelly sorriu com o entusiasmo dele. A pedido dele, estava contando sobre a sua história - desde o seu primeiro dia de aula até aquele momento -, e ele parecia realmente interessado. Ela nunca havia falado do assunto com outra pessoa antes, então era bom extravasar um pouco pra variar.
- Bem, ela se uniu ao bando de Vanessa, depois daquele dia que eu a defendi. - Kelly explicou. - Acho que Vanessa quis afastar todos de mim, mesmo. Mas não ia fazer diferença, Amanda nunca ia ser minha amiga de qualquer forma, ela tinha medo de se tornar um alvo de novo. Agora, é mais uma das que me enchem o saco.
- Mesmo depois de você defender ela?
Kelly deu de ombros, assentindo.
- Puxa, que vaca! - Ele exclamou, e Kelly riu. - Ei, se Vanessa é tão incrível assim como todos pensam, como ela não foi adotada ainda?
- Por que ela não quer. Por que iria querer, quando todos aqui a tratam como uma deusa? Ela praticamente manda nesse orfanato, e não seria a mesma coisa se ela fosse para uma família adotiva. Embora ela provavelmente fosse fazer a cabeça dos novos pais para eles fazerem o que ela quiser; é bem típico dela. - Kelly fez uma careta.
- Bom, faz sentido vendo assim. Mas seria bem melhor para todo mundo aqui se ela fosse embora, cá entre nós. - Will deu uma piscadinha e Kelly riu de novo. Então, ele refletiu, pensando em outra pergunta para fazer. - E... Pra que servem aqueles remédios que você toma?
- Ah, isso? - Kelly tirou do bolso do vestido um pequeno frasco branco, cheio de pílulas azuis e vermelhas dentro. - As azuis são anti alucinógenos e as vermelhas são remédios para dormir que a enfermeira Lopez me deu por causa do que aconteceu no escritório da Irmã Amélia.
- Ah, é, o que aconteceu naquele dia? Por causa disso que Irmã Amélia pensa que você é um demônio?
Kelly desanimou-se um pouco com a pergunta. Involuntariamente, passou o polegar pela cicatriz em sua mão, e William viu o movimento.
- Ela te odeia tanto. - ele sussurrou baixinho. Então, mais alto: - Então eu odeio ela!
Kelly sorriu, e decidiu explicar o que aconteceu naquele dia - os quadros quebrados e cruzes viradas, que desapareceram logo depois, quando elas chamaram as outras freiras.
William a encarou, os olhos esbugalhados, e Kelly entrou em pânico - será que ela falara demais? Estaria ele com medo agora? -, mas então ele sorriu.
- Quer dizer que você tem superpoderes? Que máximo!
Kelly olhou para ele, confusa e chocada.
- Não é o máximo, não! Aquilo não devia ter acontecido, agora todos pensam que eu sou um monstro. - protestou.
- O único monstro nessa história é aquela velha psicopata que se acha uma santa. - Will disse. - Você estava apenas se defendendo, isso não faz de você um monstro. Além disso, talvez tenha sido apenas uma ilusão de ótica. Mas nunca diga que você é um monstro, por favor.
Kelly quase chorou de emoção com as palavras e o apoio de Will, mas se limitou a sorrir.
- Obrigada.
- De nada. - ele sorriu de volta.
Eles ficaram um tempo sentados em silêncio, observando as outras crianças brincando (e outras, como Vanessa, olhando para eles e cochichando), até que Kelly não conseguiu se segurar mais.
- Ei, eu te contei quase a minha vida toda, por que você não me conta um pouco da sua? - perguntou, curiosa.
Will ficou em silêncio por alguns segundos, então abriu um sorriso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A História De Kelly Anderson
TerrorA vida de Kelly Anderson, embora solitária, era feliz e, acima de tudo, normal; no entanto, um terrível acidente a leva para o orfanato Saint Marie, lugar onde ela cresce e desenvolve uma forte amizade com esse menino, William Woods. No entanto, a c...