Capítulo 1

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       Havia sido mais um dia desgastante para Matteo Walker, sua empresa estava passando por uma divisão, alguém de sua inteira confiança o havia traído, roubando valores altos e extraviando cheques de sua corporação. A empresa entrou no vermelho. Sua mãe Susan costuma estar sempre lá para apoiá-lo quando o assunto eram os negócios, mas há alguns meses sumiu do mapa dizendo querer curtir a vida. Sem o apoio lógico dela viu tudo desmoronar.
Saindo de mais um reunião sem sucesso com sócios e conselheiros, estava completamente sem paciência, já havia gritado com alguns funcionários, demitido outros, e nada aliviava sua tensão.
         Dentro de sua sala, o escritório Eu parecia tranquilo em total silêncio, mas dentro dele tudo estava agitado. Nada fazia sentido para ele. Começou a sentir mais uma crise de ansiedade vindo e desejou explodir tudo a sua frente, contudo exigiu de si mesmo autocontrole. Inspirou e expirou profundamente incontáveis vezes.
         O telefone em sua mesa tocou indicando o contato da secretaria, mas foi completamente ignorado por ele. Pequenas batidas soaram na porta que logo foi aberta. Luana Pratt com vários papéis nas mãos adentrou sem olhar a sua frente.

— Senhor Walker o telefone não para de tocar, devo passar suas ligações importantes?

         Ao levantar o olhar para ele se arrependeu de ter entrado em sua sala, aquele olhar frio, furioso e impaciente a encarava. Ela sentiu como se estivesse levando a maior bronca do mundo.

— Desculpe-me, volto em outro momento —  Foi tudo o que disse antes de sair amedrontada.

         Mais um suspiro longo e Matteo enfim se decidiu sobre o que fazer, daria o dia por encerrado e voltaria para a solidão que o aguardava naquela mansão que era seu lar.
Contudo poderia ele chamar de lar o lugar onde vivia? Apesar de não haver ninguém vivendo com ele exceto pelos vários funcionários que mantinham a ordem por lá, sentia a falta da paz que em sua infância vivenciou, mesmo sendo um lugar extremamente silencioso, não se sentia feliz vivendo ali.

***

        Não muito longe, estava Ayanna que se encontrava feliz, apesar de seus problemas financeiros e estar longe de sua família, havia Lucca seu namorado, eles estavam em um bom momento e começaram a se planejar para o futuro.

         Desde muito nova ela sonha com o dia do seu casamento, ela e Lucca estão juntos há um ano, não era um amor arrebatador, mas no auge dos seus 24 anos, não mais acreditava que aquela paixão avassaladora descrita em muitos de seus livros acontecesse na vida real, ela vivia de maneira prática.
         Havia se mudado da pequena cidade no interior onde residiu até os 18 anos, para a cidade grande. Sonhava em fazer faculdade de Jornalismo e trabalhar na área, procurando ser feliz da maneira que podia. Porém deu de cara com a dura realidade ao entender que a vida é mais difícil do que aparenta.
Assim que se mudou conseguiu um emprego como faxineira em um grande restaurante, o que foi suficiente para se manter até se formar, mas logo depois de formada, não havia conseguido trabalho na sua área. Todas as vezes que recebia um não, ou quando diziam a ela "entraremos em contato" e esse contato nunca chegava se sentia frustrada e questionava seu valor e sua capacidade.
         Foi quando em um dia de puro desespero na igreja que passou a frequentar, estava tão fragilizada quando se deparou com Lucca Martin. Ele a encarou durante todo o culto, percebendo sua tristeza ele a confortou. Trocaram contato e quando se deu conta estavam se falando todos os dias, ele era compreensivo, a fazia rir, e esquecer por um breve momento seus problemas. Depois de muito orar nada viu como impedimento assim sendo pensou que ele era o seu par ideal é aceitou namorar ele.
        O namoro seguiu por um ano, às vezes haviam discordâncias sobre preceitos a seguir, mas ela se contentou tendo fé que suas orações o fariam enxergar as coisas de forma diferente. Nada mudou, mas ela tinha fé.

         Estava indo até a nova casa dele, ele havia conseguido comprar uma, que seria a casa dos dois quando se casassem, ele logo se mudou para sair da casa dos pais, e chamou Ayanna para ver como havia ficado a mudança.
        Ao chegar ela ficou encantada com toda a decoração que ele havia escolhido, de fato era bem masculina, mas isso não incomodou ela.

— Lucca meu bem, eu cheguei — Ela se pronunciou

— No quarto- ele gritou

         Ela foi caminhando lentamente observando cada detalhe, ao chegar no quarto que presidiu ser onde ele estava, deu duas batidas na porta e entrou, mas não viu, o quarto estava escuro, luzes apagadas, cortinas fechadas

— Onde você está?

         A porta se fechou, ela ouviu o trinco, e viu a sombra dele, começou a se assustar.

— Lucca o que você está fazendo? Por quê tudo está escuro e mais importante, por quê fechou a porta? — Ela sentiu ele se aproximar mais

— Porque estou cansado Anne, talvez seja hora de mudar um pouco as coisas entre nós, dar um passo a mais na nossa relação. — Disse ele com a voz puxada

— Nós já vamos dar um passo a mais na nossa relação Lucca, vamos nos casar, agora por favor pare de brincadeira e abra a porta. Por favor. —  Soltou apavorada e sem conseguir se mexer

— Não é do casamento que estou falando- ele já estava cara a cara com ela, a agarrou pela cintura — Afinal se vamos no casar vamos experimentar logo a melhor parte.

         Ayanne estava suando e tremendo, nervosa por toda situação, começou a se questionar o que deu nele para agir assim.
"Ele está falando de sexo? Ele sabe que não é permitido." Então sentiu um cheiro muito forte, que a enjoava Lucca cheirava a bebida alcoólica.

— Você bebeu? Lucca o que deu em você? Você não é assim. Primeiro você bebe, e agora quer sexo? Meu Deus, você passou dos limites dessa vez, me solte preciso ir embora agora. — Exigiu ela.

— Não mesmo querida, apenas relaxe e aproveite, esse é o nosso momento, vai ser bom.

         Ele a agarrou com mais força e mesmo contra seus protestos passou a beijá-la. Desceu seus dedos até a barra do vestido de Ayanne e começou a subi-lo. Ela se debateu contra ele mas nada o parava, mesmo tentando se desvencilhar, ele era forte e a apertava sem pudor. Lágrimas encheram os olhos dela.

— Lucca para por favor, sou eu que estou aqui, não faça isso, me solte por favor.

         Ela implorava mas era inútil, o rapaz parecia estar tomado por algo que o controlava, ele não conseguia e nem queria parar. Ayanne sem saber mais o que fazer começou a orar, a medida que o choro se intensificava. "Senhor Deus, por favor não permita que isso aconteça, me ajude, eu imploro"
        Ele arrancou a calcinha dela, e a encostou numa parede, ao sentir o baque contra suas costas ela sentiu também o que parecia ser o abajur, sem esperar mais arrancou o abajur e com toda sua força ainda restante acertou a cabeça de Lucca. Ele tirou suas mais dela e as levou até a cabeça enquanto esbravejava:

— Sua desgraçada olha a merda que você fez, estava sendo bom com você mas cansei, agora você vai pagar.

        Aproveitando a deixa Ayanne correu para porta e tentava abrir com a chave estava trêmula e temeu não conseguir abrir, mas Deus não permitiria algo assim acontecer com ela ao abrir a porta ela saiu correndo enquanto Lucca corria atrás dela.
         Saiu da casa em puro desespero e começou a correr cada vez mais rápido, sentia o ar faltar em seus pulmões mas não poderia parar enquanto ele ainda a seguisse. Em uma certa altura o rapaz bêbado sem conseguir mais parou de correr, mas ela não poderia parar, seguiu correndo, fugindo, chorando, com muitos questionamentos, e totalmente abalada. Quando não aguentou mais correr parou abruptamente, e respirou, estava ofegante e suada. As gotas de suor se misturaram com as lágrimas que ainda rolavam em sua face.
         Estava ao lado de uma árvore e em conseguir mais caiu no chão se rendendo a total dor que sentia dentro do seu coração. E ela chorou como nunca antes havia feito.

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