Capítulo 6

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         Ayanna se encontrava meio perdida apesar de ser o tão desejado emprego, sentia dentro do seu coração que precisava fazer esta viagem, achava que essa era a vontade de Deus. Pediu para Briana 5 minutos e então lhe daria uma resposta. Após encerrar a ligação sentiu sobre ela o olhar impaciente do atendente atrás da cabine, mas ela estava totalmente perdida, ficou apenas alguns segundos que pareceram uma eternidade parada sem nada a dizer, até que por fim disse:

— Desculpe-me.

         Apressada saiu da fila dando lugar a outras pessoas, digitando freneticamente o número de sua mãe, precisa desesperadamente de um conselho.
   
— Oi filha, você já saiu?

— Não. — respondeu indecisa e o silêncio pairou.

— Tudo bem, o que há de errado? — questionou sua mãe já notando que algo não parecia certo.

        Após um longo suspiro Ayanna respondeu.

— Surgiu uma vaga de um novo emprego na área de para mim.

— Que maravilha! Isso é ótimo minha querida, eu sempre soube que você conseguiria, e finalmente chegou o seu momento! Estou muito feliz em ouvir isso. Mas por quê você não parece contente?

— É que... Para ao menos tentar a vaga eu preciso ir ainda hoje a uma entrevista. Ir a essa entrevista significa não viajar. E eu sinto dentro de mim que preciso estar aí. O que eu faço?

— Ah minha menina. Eu não tenho uma resposta clara e objetiva para te dar, mas você sabe quem tem. Porém... Você não acha que dois anos tentando sem conseguir e de repente surgir essa oportunidade, não quer dizer nada? Há um tempo determinado para cada coisa.

         As palavras ditas por sua mãe a fizeram refletir. Claro que só Deus teria resposta certa para ela. Logo lembrou-se de da oração que fez antes de sair e do apelo que fez a Deus, talvez esta fosse a resposta que tanto esperava.

— Então eu devo ficar?- questionou

— Você deve fazer aquilo que a fará feliz.

— Obrigada mãe, eu vou atrás dos meus sonhos.

— Então quando fizer a entrevista me avise está bem?

— Sim, obrigada, te amo!

         Após desligar a ligação, Ayanna retornou para Briela que estaria disponível, ela muito animada passou para Anna o endereço da empresa e a instruiu ir direto para lá, pois assim que seus chefes chegassem a encaixaria para a entrevista.

         Dentro do táxi, ela fazia uma pequena oração agradecendo a Deus e pedindo a direção para que tudo ocorresse bem em sua entrevista. As coisas entravam em sua mente montando um quebra-cabeça, algumas situações pareciam enfim fazer sentido. Talvez seu namoro precipitado a havia atrapalhado mais do que conseguiu perceber, como um peso que carregava e que a impedia de ir para frente.

         Parada em frente a enorme MobVita, Ayanna sentia-se intimidada, esse lugar parecia de gigantes perto dela que era tão pequena e limitada. Sua pequena mala em sua mão direita enquanto a mochila estava nas costas, via algumas pessoas entrando e outras saindo, todas muito bem vestidas em roupas caras, isso a fez sentir-se envergonhada de sua aparência simples, de fato estar ali naquela manhã não estava em seus planos mas talvez nos de Deus sim.

***

         Matteo decidido a encher sua mente, dedicou-se inteiramente ao trabalho, essa era a única forma de esquecer seus sentimentos conturbados. Em sua mesa haviam pilhas enormes de papéis, documentos e autorizações que dependiam de sua assinatura para mover a empresa. A companhia não estava em um bom momento, além do roubo recém acontecido, sua mãe e parceira de negócios em algum lugar no mundo sem querer ser achada tirando férias sem fim, ainda tinha que se preocupar com a imagem negativa que a empresa estava tendo diante da mídia. O negócio herdado da família responsável por criar mobílias naturais e orgânicas, estava em puro caos. O chefe do departamento imobiliário e mercenário não apresentava uma nova idéias há mais de duas semanas, a imprensa pressionava de todos os lados, chegando até a mencionar o fim da empresa. Isso era além do que ele poderia aguentar, seu estresse e ansiedade estavam turbinados e ninguém suportava ficar perto dele mais que um minuto.
         Distraído em um relatório do setor financeiro não notou quando sua secretaria adentrou a sala, mas ao ouvir sua voz levantou o olhar para ela.

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