❀ Capítulo 6 | O Silêncio das Flores ❀
A semana seguinte chegou em um piscar de olhos. O grupo de Zoey seria o terceiro a se apresentar, e, quanto mais chegava a hora, mais a moça ficava nervosa. Ela teria que ficar na frente de toda a turma com os colegas como parte do grupo. Ela não gostava de tanta exposição, mesmo que não fosse apresentar o trabalho.
Ela mal deu atenção ao segundo grupo, que apresentava sobre a Idade Média. Quando a professora mandou o terceiro grupo se posicionar, Liam foi o primeiro a se levantar. Sua expressão estava tranquila e o andar confiante. Zoey levantou-se com as pernas bambas enquanto o colega abria a apresentação. Deu lugar à Zoey, que seria responsável por passar os slides. Carlos, Kate e Amanda ficaram frente ao quadro, mas o único que parecia calmo era Liam. O garoto começou a falar, e Zoey prestava atenção em cada palavra dita. Por um momento, perdeu-se naquela voz, nos gestos e na tranquilidade com a qual Liam se portava. O garoto passava confiança e inteligência, o que parecia agradar bastante a professora. Daya assentia com a cabeça, fazendo anotações. Logo depois, Amanda, Kate e Carlos apresentaram seus tópicos. Quinze minutos depois, finalizaram o trabalho com Liam mencionando as curiosidades escolhidas por Zoey. Os colegas aplaudiram, e Zoey concluiu a apresentação no computador.
- Muito bom, William – Daya balançou a cabeça com aprovação. – Sentem-se. Grupo quatro, por favor.
Zoey soltou um suspiro de alívio e levantou-se para sair da mesa do professor. Estava tão focada em atravessar aquela sala para sentar-se em sua cadeira que, ao se virar, chocou-se contra Liam.
- Opa. Desculpe-me. – ele disse, dando um passo para o lado. – Vou pegar meu pen drive.
Zoey sentiu seu rosto esquentar. Baixou os olhos, andando até a sua mesa com as mãos enfiadas no bolso do moletom. Liam se sentou minutos depois, guardando o pen drive. O outro grupo já começava a apresentar, mas Zoey não prestou atenção. Liam estava encostado na parede, as mãos perambulando sobre a carteira. Como sempre, ele usava uma blusa cobrindo todo o braço; o que a fez pensar novamente nas cicatrizes. Zoey também encostou o ombro na parede e encarou o capuz que caía sobre o encosto da cadeira e os cachos do garoto bem a sua frente. Observou também o estojo azul e o anel prateado, agora na mão direita no dedo anelar.
Ela estava ferrada no quesito matéria de História, pois mal prestou atenção no trabalho dos outros grupos. Algo lhe dizia que se daria bem apenas em Revolução Francesa – e, bem...se houvesse uma matéria que falasse sobre William.
Zoey não compreendia muito bem sua obsessão pelo garoto e por tudo que ele fazia. Nada nele desagradava a garota. Nunca se apaixonara antes, por isso, não tinha a exata certeza que se tratava de uma paixonite. Ela esperava que não fosse. Já teve queda por garotos antes, apenas por achá-los bonitos e atraentes, mas sabia que não tinha chance com nenhum deles. Zoey mal era notada. Não se achava bonita e nem um pouco atraente. Por que com Liam seria diferente? Ele nem era seu amigo. Pelo menos, agora, ela sabia que ele era apenas tímido, não tendo nada pessoal contra Zoey – pelo menos, era isso que ela esperava.
No final da aula, Daya anunciou que já estava com as notas. Diferente dos outros professores, ela era rápida e direta. Todos ficaram tensos de repente, pois não esperavam o resultado tão cedo.
- Lembrando que o trabalho vale seis pontos. – ela começou com um pequeno caderno em mãos. – Grupo 1: 5,5. Grupo 2: 5,6. Grupo 3: 5,0...
- O quê?! – exclamou Amanda, interrompendo a professora. - Está brincando? Nós fizemos tudo!
Todos olharam perplexos para a professora. De fato, tanto pelo conteúdo quanto pela apresentação, havia sido o melhor trabalho.
- Amanda – Daya olhou séria para ela. – Sou eu quem avalio os trabalhos. Eu deixei bem claro que todos os membros do grupo teriam que apresentar. Sem exceção.
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O Silêncio das Flores
Jugendliteratur1 | Zoey sempre sentiu-se culpada por ser como era. Quando criança, Zoey desenvolveu um transtorno que a impedia de conversar com as pessoas - a não ser que elas fossem seus pais e sua irmã mais nova. O que as pessoas ao redor não entendiam, entreta...