Quando comecei a planejar essa história, não imaginava o quão doloroso seria escrevê-la. Não sou psicóloga ou especialista no assunto. Mas eu vivi tudo o que a Zoey viveu, e relembrar algumas coisas foi mais difícil do que eu havia imaginado.
Colocamos em nossa cabeça que o passado não nos pertence mais, pois não há como voltar atrás e mudar as coisas. E é verdade. Não há como mudar o que passou - mas podemos nos conhecer e resignificá-lo. Ao escrever O Silêncio das Flores, vi em Zoey um símbolo de força e resiliência; e percebi que não havia motivos para não me enxergar dessa forma também. Olhar para trás e encarar nossas mais penosas lembranças pode ser agonizante, mas às vezes é preciso. Uma hora ou outra, essas memórias virão à tona e nos derrubará. Isso não acontece por que a vida é cruel, mas sim porque algumas coisas não foram bem resolvidas. Algumas dores permanecerão para sempre; entretanto, não podem ser mais fortes que nós. Devemos olhar para o que passou como se estivéssemos frente a uma tela de cinema, cujo filme em cartaz é a nossa vida. Podemos chorar e rir, mas nunca se lamentar - é inútil. Podemos olhar para aquelas lembranças desagradáveis e falar para si mesmo: Ufa, eu consegui. Eu passei por tudo isso e estou aqui. Eu posso sim sobreviver a momentos difíceis. Eu mudei, eu evoluí. Eu não vou voltar atrás, mas posso acolher essa criança indefesa que eu aprendi a amar.
Nossas lembranças podem ser ótimas ferramentas para o autoconhecimento. E se autoconhecer nunca é apenas rosas - também são espinhos que te machucam e te fazem sangrar. Portanto, não há como cultivar um jardim sem se sujar ou ferir-se às vezes.
Gostaria de dizer à Zoey o que eu gostaria de ter escutado quando eu tinha quinze anos: Eu sei que é difícil, mas vai ficar tudo bem. Eu sei que as pessoas não compreendem e te julgam, mas a vida vai ensiná-las a ter mais empatia - e você se tornará forte. Eu sei que parece não haver esperança de um futuro feliz, mas quem faz o seu caminho é você. E você vai se encontrar e se expressar de todas as formas que quiser. Fico extremamente feliz de ter surgido uma pessoa como a Lana em seu caminho; para acender sua pequena luzinha interna e ajudar a despertar a Zoey que sempre existiu dentro de você. Fico satisfeita em saber que você compreendeu que o que você tem possui um nome e que você não é e nunca foi a única - e que, grande parte das vezes, alguns rótulos são de extrema importância para nos conhecer e nos ajudar da melhor forma possível.
Zoey, obrigada por ser tão forte - apesar de todos os supostos momentos de fraqueza.
Nunca desista de cultivar seu jardim.
- Liza S.V
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O Silêncio das Flores
Teen Fiction1 | Zoey sempre sentiu-se culpada por ser como era. Quando criança, Zoey desenvolveu um transtorno que a impedia de conversar com as pessoas - a não ser que elas fossem seus pais e sua irmã mais nova. O que as pessoas ao redor não entendiam, entreta...