Prometa-me

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- Mininie eu não quero ir! – ela disse segurando minha mão enquanto descíamos para o café da manhã.

- Mas será bom, você conhecerá amiguinhos e será legal!

- Você tará lá? – me encarou pidona

- Sou de uma turma diferente da sua Ninim!

- Ah! – consegui sentir sua decepção e novamente ela repetiu dessa vez para minha mãe que a arrumava – Eu não quero ir.

Haviam conseguido derrubar alguns hábitos dela, como a roupa desgastada que ela sempre costumava usar, lavaram o ursinho que estava muito sujo e também a fizeram se sentir a vontade para começar a se comunicar, porém ela ainda não tratava meus pais como seus pais, e sei que esse ultimo passo ainda levaria tempo, talvez quando ela sentisse que era amada reconheceria sua nova família.

Mesmo assim minha mãe se mostrava paciente conversando com a mesma e tentando a convencer que a escola não seria um monstro como a mesma pensava. Os minutos seguintes depois da chegada à escola foram realmente difíceis, Haenim não era uma criança escandalosa, mas seu choro foi perceptível tanto por mim como por minha mãe, talvez fosse o medo de ser abandonada novamente, talvez achasse que não havíamos gostado dela, mas a menina se retraiu e chorava olhando seus dedos.

- Ei eu virei te buscar ok? Quando o relógio marcar 15 horas eu estarei aqui para te buscar.

- Pomete me? – ela encarou minha mãe

- Eu prometo pequena Ninim! – ela sorriu e beijou o topo de minha cabeça e a dela.

Eu levei a mesma até sua sala, fazendo o papel de irmão mais velho e fiquei ali com ela até sua professora chegar, ela conseguiu distrair a minha pequena e fazer a mesma conversar e desabafar, não sei como elas conseguiam fazer isso, para mim professoras eram heroínas e nos aturavam todos os dias com sorrisos no rosto.

Durante o recreio meu coração doeu por ver que Haenim não sentiu minha falta, mas eu não devia ser egoísta e devia a deixar aproveitar um pouco o primeiro dia de escola e fazer novas amizades, não podia a impedir a mesma de sentir a felicidade que sentia, e de perder os medos que a cercavam.

A hora da saída chegou e pontualmente minha mãe estava lá nos esperando, eu não achei Haenim e me desesperei, porem minha mãe segurou minha mão e aconselhou a manter a calma e conforme a mesma havia falado ela apareceu na multidão, descendo com calma os grandes degraus da frente da escola e procurando tanto por mim como por minha progenitora. E quando achou veio correndo em nossa direção com um enorme sorriso.

Aquele sorriso! Silenciosamente fiz uma promessa a mim mesmo nunca deixar ele se apagar e deixa-lo brilhar cada vez mais.

- Mamãe! – minha mãe se abaixou e a abraçou, logo notando o que havia falado se afastou e se desculpou, mas vendo o sorriso largo que eu e minha mãe mantínhamos entortou a cabeça pedindo explicação.

- Eu só a divido com você Ninim! – a mesma sorriu tímida

- Sou sua mamãe também princesa, não precisa se desculpar ok?

E foi ali a primeira vez que Haenim viu minha mãe como sua figura materna e protetora, provando e cumprindo sua promessa que não a abandonaria ou a deixaria...

(...)

Já em casa, conversamos sobre nosso dia de escola e ouvimos a nova moradora de nossa casa se expressar de como seu dia foi cheio de descobertas e experiências, em nenhum momento me senti enciumado ou invejoso por conta daquela menininha estar em minha casa, compartilhando da atenção de meus pais, ao contrario eu só conseguia sentir felicidade por ela estar ao meu lado e eu poder a chamar de 'minha', minha pequena irmã... Apesar de sermos quase da mesma idade, apenas alguns meses nos separando, eu a considerava pequena e frágil, me dada para ser cuidada por mim, mesmo minha mãe falando que aquelas responsabilidades não me cabiam eu acabei arcando desde aquele dia no parque.

Havíamos lanchado depois da conversa e prepararmos nossas tarefas também para as deixar adiantadas e então mamãe decidiu que era hora de tirar uma soneca para renovar as energias, ela forrou um colchão confortável na sala como de costume e nos acomodou logo em seguida, ri ao ver que ela foi a primeira a pegar no sono, deixando eu e Haenim acordados, mas a menina ao meu lado estava sonolenta e lutava contra o sono para acompanhar o desenho.

- Mininie, me pometa algo? – ela me encarou pensativa

- O que?

- Que sempre ficaremos juntos!

- Prometo!

- E que você sempe me protegerá?

- Prometo!

- Obrigada Mininie...

Vi ela pegar no sono com um singelo sorriso, fechei meus olhos também sorrindo e prometendo a mim mesmo que cumpriria todos os votos que havia feito aquela doce menininha!

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