O acordo

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Resumindo os acontecimentos, simplesmente cedi, não sei o que aconteceu. Foi como se eu tivesse sido hipnotizada. Eu não queria aceitar dividir o apartamento com um homem, havia escolhido Shion para ser minha parceira de contas. Não aquele que eu descobri se chamar Naruto.

Só que, em minha defesa, enquanto conversávamos, eu fiquei tão absorta no movimento de seus lábios generosos. Quando me dei conta, estava balançando freneticamente a cabeça em concordância para seus termos.

O que eu faria? Não podia dividir minha casa com um homem que nem conhecia. Era perigoso demais. Certo, o homem em questão parecia muito centrado e responsável. Fazia faculdade e trabalhava na maior parte do tempo, fora o antecedente criminal que se mostrou impecável. Ou seja, nem nos veríamos direito e tudo indicava que eu não moraria com um psicopata sob o mesmo teto. Ainda assim. Meu Deus, o que eu fiz?

Fui tão fraca, apenas por um par de olhos muito azuis e um sorriso de derreter corações, eu mudei completamente minha escolha. 

Eu era uma piada!

— Certo, senhorita Hinata, então quando posso visitar o apartamento? — sua voz soou rouca, baixa e firme.

— O que? — devolvi confusa.

— O apartamento, você me aceitou, correto? — Naruto franziu o cenho, aturdido.

— Aceitei?

— Acho que a ouvi dizer "tudo bem, podemos tentar". — rebateu, cruzando os dedos em cima da mesa.

— Ah, verdade... Eu acho... Bom, ahn pode ser amanhã, que tal? — propus sem muita convicção.

Eu ainda encontrava-me vagando naquela conversa, sem saber para qual lado ir. Eu o aceitei, não podia recuar agora, ou poderia?

— Tudo bem, pode ser na parte da manhã? É meu horário livre. — afirmou, olhando-me em expectativa.

— Escuta, Naruto — chamei, ganhando algum tempo —, talvez eu devesse pensar um pouco mais, minha primeira escolha era uma mulher, sabe como é, né? — soltei um riso histérico e sem graça. — Não sei se daria certo morarmos no mesmo lugar, você é homem eu sou mulher e... — fui cortada nesse ponto.

— Olha, Hinata, não me leve a mal — coçou a nuca, desconfortável — Só quero um local para morar, sabe? Eu dividia o apartamento com um amigo, mas ele saiu da cidade, agora tenho exatamente três dias para encontrar um local para ficar, ou terei que morar em uma república qualquer. Ou com a minha namorada e nosso relacionamento não está tão bom para isso. Veja bem, não é pessoal. — frisou a palavra namorada, como que para esfregar na minha cara que não estava a fim de mim. — Eu só quero poder descansar em paz, não ficarei muito tempo, é somente o prazo de encontrar algo pra mim, será que você pode me ajudar? — finalizou exalando um longo suspiro.

Pressionando os olhos com o indicador e o polegar da mão direita, em um gesto meio exausto e exasperado.

Foi nesse ponto que eu quase o confortei, afirmando que tudo ficaria bem. Mas, por sorte, minha razão retornou quando eu já estava com a mão estendida para tocar seu antebraço. Envergonhada, respirei aliviada ao constatar que ele nem percebeu minha gafe.

— Bom... — enrolei solidária, talvez poderíamos nos ajudar.

— Ótimo! — e seus olhos brilharam de felicidade, nem parecia aquele homem afundado em autocomiseração. — Prometo que será como se eu nem estivesse lá com você. Fique tranquila, minha intenção não é tirar sua privacidade ou coisa do tipo.

— Certo — concordei, resignada — Qual melhor horário pra você? — achei mais correto acabar logo com aquilo e por um fim ao meu martírio.

O que tivesse de ser, seria. 

Destinos entrelaçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora