O passado de volta

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Estávamos no maior clima e eu nem lembrava mais das coisas estranhas que Naruto me disse sobre nos conhecermos antes. Pelo contrário, só focava no gosto dos seus lábios nos meus e no movimento firme das suas mãos pelo meu corpo. Quando o telefone dele vibrou no bolso e Naruto deu um pulo, pegando o aparelho.

Seus olhos relançearam a tela e eu quase bufei, quando sua voz rouca indicou que tudo estava acabado:

— Me desculpe, preciso resolver um assunto.

— Agora? — eu quase gritei.

— É muito importante, do contrário... — ele hesitou passando o dedão pelo lábio inferior. — Com certeza eu não te deixaria sozinha aqui.

Aquele sozinha soou estranho, parecia conter um duplo sentido na palavra. Mas não havia nada que eu pudesse fazer, Naruto já estava de pé, pegando um moletom e vestindo rapidamente.

Cruzei os braços inconformada.

— Você me deve algumas explicações. 

— Eu sei e prometo que te conto tudo quando eu voltar. Acho que a hora chegou. — respondeu misterioso e fiquei ali com a boca aberta e a respiração ofegante. — Por favor, não deixe ninguém subir aqui e não vá a lugar algum até eu voltar, está bem? — não esperou resposta, cruzou a porta e saiu do apartamento.

Contrariada, abandonei o filme e passei a editar as fotos do ensaio que fiz mais cedo, tentando manter minha mente ocupada, sem sucesso. Eu repassava toda a minha conversa anterior com Naruto repetidas vezes e sentia-me cada vez mais agoniada com todo aquele suspense. Naruto agira muito estranho comigo e quando mencionei Shion como minha entrevistada ele nem ficou surpreso. Eles eram namorados até pouco tempo, e Naruto garantiu que eram amigos acima de tudo. Ela contou a ele, será? Podia ser Sakura também, mas ela não mencionou nada pra mim.

Minha mente estava confusa com aquelas insinuações de nos conhecermos antes. Muitas informações rodando e rodando sem parar na minha cabeça. Estou grilada e aflita só de imaginar ter me enfiado em alguma roubada com essa ideia de alugar o apartamento. 

Levantei-me num ímpeto e tomei uma decisão, iria descobrir o que Naruto me escondia por conta própria. Eu tinha o direito de saber se corria algum perigo, por este motivo, fuçar as coisas dele não seria errado. Considerando que Naruto me escondia algo, aparentemente grave ou no mínimo muito importante.

Tomei fôlego e segui até o quarto, agora totalmente masculino, e fiquei parada. Sem saber como começar a procurar, ou melhor, sem saber o que eu deveria procurar. Comecei mexendo em seus poucos livros que estavam em uma pequena estante ao canto do quarto. Passando em seguida para as gavetas do guarda-roupa de solteiro que já estava no apartamento, mas que agora jazia abarrotado de roupas do Naruto. Foi quando eu peguei uma camiseta azul dele e a levei junto a meu corpo, sentindo meu estômago revirar.

Aquela peça cheirava a colônia masculina e Naruto, no entanto, ao mesmo tempo, me trazia uma sensação de aconchego, de nostalgia. Fechei os olhos, sentindo meu coração arder, era como se eu tivesse uma estranha ligação com ele, que eu não sabia de onde vinha e aonde me levaria. Pois praticamente acabara de conhecê-lo. Contudo, parando para analisar, era como se eu sentisse que precisava escolhê-lo ao invés de Shion. Mesmo Naruto indo contra meus pré-requisitos totalmente. E, repentinamente, senti como se soubesse o que devia procurar. Fui buscando com mais afinco, revirando tudo dentro do quarto. Eu tinha esse direito, não tinha? Foi quando toquei em um caderno escondido ao fundo da última gaveta do guarda-roupa. Retirei o objeto e o encarei, em dúvida sobre o que fazer. Eu estava indo longe demais na minha busca por respostas, bisbilhotar a agenda dele já era passar dos limites. O que eu diria quando Naruto chegasse? Aliás, por que me importava? Eu com certeza deveria rescindir esse contrato e chutá-lo para bem longe de mim. Foi uma péssima ideia enfiar um desconhecido sob o meu teto. Trabalharia em dobro se fosse necessário, mas era mais seguro morar sozinha. Só que e àquele beijo? Eu conseguiria esquecer?

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