n o v e

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Taylor

Eu achei que ia passar.

Sério.

Quando eu tinha quinze anos, me olhava no espelho e repetia: é uma fase, Taylor. Você vai esquecer. Você tem uma fila de meninas aos seus pés, que dariam qualquer coisa para ficar com você, apenas esqueça.

Por um tempo, eu realmente acreditei nisso.

Mas aos dezesseis, eu ainda sentia a falta dela.

Aos dezessete, eu ainda comparava a sua boca a qualquer outra boca que eu beijava.

Aos dezoito, eu ainda pensava nela todos os dias, e tentava esconder isso sob uma camada de ódio muito mal construída.

E aos vinte, mesmo ela já estando casada com outro homem, eu ainda não tinha deixado de amá-la.

Mas foi só depois que ela voltou que eu entendi. Aos vinte e cinco anos, eu finalmente entendi que isso nunca vai mudar.

E agora, olhando pra ela sentada ao meu lado no carro, me sinto novamente como aquele adolescente viciado, a desejando como se fosse uma droga.

Eu continuo desesperadamente apaixonado por ela.

E sinceramente, não acho que meu coração precise de mais essa tortura, porque ele já está fodido o bastante.

Durante a semana, percebi o movimento de "tentativa de sedução" no ar e que partia justamente da vizinha recém separada. Não sou bobo nem nada, sei muito bem quando as mulheres querem coisa comigo. Na maior parte das vezes topo a parada; afinal, sexo e amor não andam de mãos dadas. E o fato de ser louco por uma desgraçada desde o tempo da pedra lascada não me tornou um celibatário, muito pelo contrário...

Acontece apenas que Antonella não é uma simples mulher. É a tal da desgraçada pela qual me apaixonei aos 15 anos de idade. Talvez aos 13. Porra!

Noto quando ela se afasta com discrição e encosta a cabeça contra o vidro da picape. Consigo ver o brilho do cabelo longo iluminado pela palidez das lâmpadas dos postes públicos. Por um momento, cogito puxá-la para mim e envolvê-la num abraço que a prenda firme ao meu corpo. Eu sinto falta desse tipo de carinho, essa coisinha simples chamada "intimidade". Nem o sexo é capaz de tornar um homem e uma mulher tão íntimos quanto pequenos gestos de carinho, carícias sem conotação erótica, gestos de quem precisa do outro para se sentir bem. E isso eu só tive com ela.

Aperto os lábios afastando pensamentos que não deveriam existir, não na minha cabeça, na cabeça de um homem que foi trocado por um almofadinha assexuado.

Se eu permitisse que ela se aproximasse mais uma vez, teria de pensar seriamente em tratar a cabeça, ajustar os parafusos, tomar vergonha na cara.

Como eu havia imaginado, o carro de Adam está estacionado na frente da casa dela. Então eu dou a volta no quarteirão e entro na garagem dos fundos da minha casa, sem entender muito bem como me sinto a respeito.

Quero fazer sexo com você.

É isso que ela quer de mim.

Só isso.

Como posso fazer sexo com a mulher que odiei durante boa parte da minha vida?

O adolescente dentro de mim quer me socar a cara. Ela é tudo que eu sempre quis.

Fico com a cabeça bagunçada quando estou perto de Any, nada faz sentido.

— Não vai me convidar para entrar, vizinho? - Ela pergunta, a mão na minha coxa, resgatando a intimidade que dividimos há pouco no bar.

Sempre foi você (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora