o i t o

1.9K 182 174
                                    

Sete anos atrás...

Taylor

Como deixei isso acontecer?

Eu não me lembro.

Não lembro quando foi que o simples fato de olhar para ela se transformou na parte preferida do meu dia.

Alguma coisa aconteceu sem que eu tivesse chance de pensar a respeito.

Alguma coisa aconteceu comigo.

E agora não consigo mais controlar.

Sentado na beira do sofá, com a cabeça entre as mãos, tentava raciocinar, mesmo que o som da gargalhada dela me machucasse.

Definitivamente, Antonella não me levava a sério.

Eu sei que dei motivos, nunca me apeguei a ninguém, estava cada hora com uma garota diferente. Tinha um fraco por morenas. Por ruivas. Por loiras... Mas alguma coisa em Any me chamava a atenção de forma diferente, de uma maneira que eu ainda não entendia. Sempre me pagava olhando pra ela, imaginando como seria beijá-la, como seria poder tocá-la. E depois que ela me pediu aquele beijo... Aquele estúpido beijo. O momento em que se entregou nos meus braços.... Eu não queria que aquilo acabasse nunca. Não podia acreditar que estávamos ali, juntos, querendo a mesma coisa um do outro… precisando da mesma coisa. Foi tudo tão diferente.

E não era só isso. O jeito como ela sorria, a maneira como me olhava às vezes! A forma espontânea como me abraçava e beijava meu rosto quando entendia uma explicação que eu dava. Eu não conseguia tirar isso da cabeça. Eu não conseguia tirá-la da cabeça. Em nenhum momento. Ela estava sempre na minha mente. Por Deus, eu só queria que ela se importasse comigo. Não queria ser o único a ter esse sentimento.

Eu tinha duas opções. Podia ignorar o que sentia e continuar o mesmo babaca de sempre, fugindo para os braços de outras garotas, ou podia mandar todas as minhas inseguranças à merda e falar a verdade.

Any finalmente parou de rir e arrastou o corpo para perto do meu. Ela afastou alguns fios do meu cabelo com os dedos. Seu toque queimou como fogo.

— Taylor, tá tudo bem, você não precisa se explicar pra mim.

Estava de frente pra ela, nossos corpos separados por uma fina camada de ar. Ainda assim, sentia que era distante demais. Queria tanto colá-la ao meu corpo que doía.

Estava difícil respirar.

É agora ou nunca, Taylor. Deixe de ser um covarde, disse pra mim mesmo.

— Significa que eu não quero ficar com outra garota. Quero ficar com você, Antonella.

Você já se sentiu fora do corpo vendo tudo do alto?

Era essa a sensação que eu tinha ao esperar que ela falasse alguma coisa. Qualquer coisa.

Vamos, Any, estou morrendo aqui...

Mas ela apenas abaixou a cabeça e olhou para o meu rosto, vasculhando e revolvendo minhas emoções. Eu sabia que demonstrava tudo o que sentia, era uma merda isso. Na maior parte das vezes, me colocava nas mãos dela.

Eu me perdi no olhar dela, no chocolate amargo que revelava confusão e melancolia, tudo que me atingia feito um raio queimando por dentro. Merda! Ergui meus olhos esperançosos pra ela e pedi mentalmente que sua resposta não doesse demais.

— Tay, preciso te explicar uma coisa...

Não disse nada. O silêncio era necessário, precisava digerir a emoção, controlar a sensação de que estava prestes a levar meu primeiro pé na bunda.

Sempre foi você (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora