q u a t r o

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Sete anos antes...

A boca de Taylor é macia.

Sinto os dedos da mão dele apertarem levemente minha cintura. Surpreendentemente, o toque é gentil.

Devagar, fecho os olhos, esperando seu próximo movimento, enquanto meu corpo todo pinica e treme. Não sei o que fazer, então deixo que ele me conduza, pois sei que já beijou outras garotas.

Muitas outras...

Reconheço que estou racionalizando demais, e não paro de analisar o que está acontecendo. A verdade é que não consigo descrever o que sinto sendo beijada justamente por ele.

Por algum motivo, Taylor para.

― Você sabe que precisa mexer os lábios também, não sabe?

Não. Eu não sei. Não tenho a menor ideia do que estou fazendo.

― Acha mesmo que se eu soubesse o que fazer estaria aqui com você? ― sou sincera. Jamais na minha vida.

― Qual é, princesinha? Tem muita garota que morreria pra estar no seu lugar!

Como pode alguém tão lindo ser tão idiota?

Eu não sei lidar.

― É sério mesmo? Quer saber... Deixa isso pra lá, Taylor! Não sei onde eu estava com a cabeça pra te pedir um favor desses!

Eu me afasto. Olho para a porta fechada do quarto e suspiro desanimada.

Por mais que eu realmente quisesse aprender a beijar, pedir ajuda para o garoto mais insuportável que conheço, sem dúvida nenhuma, foi a ideia mais estúpida que já tive. Convenhamos que com 15 anos de idade a maturidade passa longe, ainda mais quando se trata de estar apaixonada pela primeira vez.

Quando percebi o interesse de Adam por mim, um milhão de sentimentos se misturaram, todos intensos demais para que eu soubesse como lidar. Eu não quero decepcioná-lo. Não quero que ele perceba o quanto sou insegura. E foi exatamente por esse motivo que pedi ajuda ao vizinho idiota.

Durante as últimas semanas, depois que minha mãe praticamente me obrigou a ter aulas particulares com o loiro irritante, percebi uma pequena mudança no seu comportamento. Vez ou outra, Taylor se insinuava em uma brincadeira tola ou me olhava por tempo demais, o que eu achava ridiculamente estranho.

Mesmo assim, arrisquei. Juntei o útil ao nem tão agradável assim, me aproveitei da inesperada proximidade entre nós e do fato de Taylor ser um galinha para pedir que ele me ensinasse a beijar.

Imaginei que ele fosse rir da minha cara, mas a expressão em seu rosto se dividiu entre séria e completamente surpresa. Nem acredito que consegui dizer tudo aquilo. Não tenho ideia de onde veio toda aquela ousadia, aquela coragem, mas funcionou. Depois de um longo silêncio, ele aceitou com a condição de que eu fosse à festa de seu aniversário. Eu concordei contanto que não fizéssemos isso na frente de ninguém.

E agora estou aqui, trancada dentro do quarto dele, enquanto rola a maior festa no andar de baixo.

Taylor esboça um sorriso de canto de boca e, numa voz aveludada e quase doce, declara:

― Ei, Any, relaxa. ― Reviro os olhos. Ele sabe como detesto quando me chama assim. ― Vem aqui. Deixa eu te mostrar como pode ser bom...

Em meio segundo, ele está a centímetros de mim. Com uma mão em cada lado do meu rosto, aproxima seu corpo do meu até praticamente nos tocarmos. Nossas respirações misturam-se, e, por um momento, eu esqueço todas as razões para não ficar com ele.

Sempre foi você (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora