C A P I T U L O 05

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NATASHA

Não consigo encontrar o sono esta noite.

Estou muito preocupada com meus próprios pensamentos.

Eu realmente estou me acostumando com este lugar?

Já faz quase um mês que estou aqui, e nunca tentei fugir.

Não é como se houvesse pessoas esperando lá fora por mim...

Eu fui abandonada por meus pais quando tinha uns quatro anos, e fui criada em um orfanato chamado Paradise, daí vem meu sobrenome...

Lembro-me de olhar além dos portões da instituição ainda criança por volta dos meus sete anos, e assistir meus coleguinhas serem levados por famílias felizes que seguravam suas mãos e lhe sorriam afetuozamente.

Naquela idade eu já entendia que era velha demais para ser adotada.

Nenhum daqueles belos casais recém casados queriam uma garotinha da minha idade.

Toda minha vida foi um confinamento.

Tive que me acostumar a viver sozinha.

Até ele aparecer...

Imagens de seu torso ensanguentado retornam para mim como um soco no estômago.

"Não se alegre muito. A maioria não é meu". ㅡ Escuto sua voz grave e áspera em minha mente.

Reviro-me em minha cama dura.

Ele é um homem perigoso, isso eu ja sei, ele me sequestrou e me manteve cativa alem de me obrigar a ser sua própria empregada pessoal.

Mas fora isso ele nunca me machucou.

Ele me permite comer e fazer minhas necessidades pessoais.

Vez ou outra asssistimos filmes juntos ㅡ ele coloca o que quer e eu tenho que assistir... mas mesmo assim ㅡ e mais cedo ele me convidou a comer na mesa com ele.

Suspiro.

Nao sei nem seu nome ou o que ele esconde por trás daquela mascara escrota.

É isso!

Irei tentar descobrir mais sobre ele.

Se eu fizer tudo direito pode ser que ele me responda uma pergunta ou duas.

Com meu plano em mente e ansiosa para colocá-lo em prática, finalmente minha mente se desliga de modo quase instantâneo e caio em um sono sem sonhos.

⊱⋅ ──────────── ⋅⊰


O jantar ja terminou e o observo por cima do ombro indo em direção a sala.

Hoje é sexta feira 13, e ele esteve nitidamente entusiasmado o dia inteiro.

Todos os canais estão apresentando filmes e histórias de terror.

Ele caminha lentamente.

Hoje ele está vestido com uma regata preta escrita "Happy Friday 13 Th", seus pulsos estão adornados com pulseiras de couro com pequenas laminas afiadas, e calça estilo militar.

Enquanto ele se senta no sofá, término de enxugar o último prato.

Vou em direção a sala calmamente.

Apenas quando eu chego e me sento ao seu lado no chão de mármore ele liga a TV.

O tempo passa rapidamente enquanto ele e eu assistimos "O massacre da serra elétrica".

Como quero saber mais sobre ele e preciso que ele esteja de "bom humor" ㅡ para quando eu fazer minhas perguntas ele não se irritar ou sei lá me matar ㅡ começo a rir e fingir estar me divertindo quando o assassino brutalmente assassina um das vítimas com sua serra, fazendo o sangue e partes do corpo do rapaz voar para todos os lados.

ㅡ Isso! Bem merecido! ㅡ Exclamo enquanto eu sorrio na minha maior imitação de coringa.

Ele se vira pra mim e por baixo de sua máscara posso ver um brilho em seus olhos.

Ele não diz nada e volta a atenção ao filme.

Continuo.

ㅡ Vai, mata ela! ㅡ murmuro para uma parte em especial que uma das garotas se esconde. ㅡ Espero que ele arranque as tripas dessa loira burra. ㅡ Bufo.

Dessa vez escuto sua risada áspera.

Olho pra ele e rio também.

Ele parece estar satisfeito comigo e seus ombros estão mais relaxados.

Não seria tão difícil depois de tudo.

Cinco minutos depois e ele está mais a vontade, aquele cara calado e esquisito tinha dado lugar a um homem com gargalhadas e comentários maldosos.

Estranhamente toda aquela situação estava me divertindo.

ㅡ Nããão. ㅡ Protesto quando o monstro leva duas facadas e vai ao chão.

ㅡ Ele não vai morrer. Nós nunca morremos. ㅡ Ele responde calmamente.

Escuto o que ele diz e dois minutos depois percebo que ele tem razão.

O demônio se levanta contra toda a lógica e volta a perseguir os pobres humanos que tiveram a ma sorte de cruzar seu caminho.

ㅡ Hum, agora eles estão perdidinhos. ㅡ digo.

ㅡ Yeah. Nunca duvide disso.

Depois de terminarmos a maratona de filmes olho para o relógio e está marcando 2:30 da manhã.

Minhas costas doem de ficar na mesma posição desconfortável por tanto tempo.

Ele vai em busca das chaves para me levar de volta a meu quarto/cela enquanto meu coração bate em disparada.

Irei perguntar agora.

É a melhor chance que tenho.

Nós rimos e assistimos todos os filmes de terror que ele queria, e ele parece estar de bom humor.

ㅡ Hey...ㅡ Sussurro.

Ele não escuta e continua de costas para mim.

ㅡ HEY! ㅡ Disparo.

Dessa vez ele me ouve.

Lentamente se vira em minha direção.

Certo... é agora.

ㅡ Eu estava pensando...eu te vejo todos os dias e sempre quando penso em você, lembro que não sei seu nome... já que estou aqui e não irei a lugar algum, pensei que você poderia...me dizer seu nome. ㅡ Estou divagando, falando rapidamente enquanto uma fina capa de suor frio me reveste.

ㅡ Renato. ㅡ Ele me interrompe. ㅡ Meu nome é Renato Garcia.

Pisco várias vezes.

Não pensei que ele diria sem se irritar.

ㅡ Oh, o meu nome é...

ㅡ Eu sei seu nome Natasha. ㅡ Ele responde. ㅡ Eu sabia tudo sobre você quando te sequestrei. ㅡ Ele friza a palavra "sequestrei".

E com isso ele me lembra quem ele é e o que ele fez.

ㅡ Está na hora de você voltar para sua cela. ㅡ Ele diz sombrio.

Estamos frente a frente, e meu peito está subindo e descendo pela velocidade de minha respiração.

Fazemos o caminho até meus aposentos em silêncio.

A Prisioneira #1 • Renato Garcia (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora