Comece a contar...

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Pov's Cole:

Deixei um bilhete na cozinha dizendo que vou passar a semana fora, já que nossos pais estavam viajando. Ele que lute.
A buzina do Uber tocou e eu desci as escadas correndo...
- Oii Cole!! - nos abraçamos quando entrei no carro
- Moço, leva a gente até esse endereço aqui, por favor... - ela entregou o papel pro motorista.

[...]

- Você trouxe comida né, prima?
- Claro né, Cole!! Você está falando comigo cara... Passei no mercado antes de ir na sua casa. - piscou pra mim. Inclusive vou fazer brigadeiro! Enquanto eu te escuto, a gente come, porque eu sei que você vai falar pra caramba.
Ela voltou com a panela e sentou no sofá comigo
- E ai? Qual o babado?
Encostei a cabeça no sofá e suspirei...
- Ele quer procurar Melanie...
- Espera, a Melanie? A sua mãe?
- Ela mesma. Como ele ousa fazer uma porcaria dessa cara? Eu não acredito - Duan fez cara de quem não sabia o que dizer, então prossegui
- E tem mais, ele ainda pediu a ajuda da Lili pra isso. MANO DA LILI CARA!!
- A menina que você beijou aquele dia?
- Sim. Ela tava ajudando... Mas eu falei com ela, acho que vai parar.
- Sabe, não é por mim, não mesmo. É pelo meu pai... Pela vovó, por vocês, entende? Fizeram tudo pela gente, enquanto ela tava cheirando pó. E ele ainda tem coragem de querer procurá-la, como se ela fizesse alguma questão da gente. É impossível entender, Duan... - comecei a chorar
- Vem cá - me abraçou de lado. Sabe Cole, eu consigo entender os dois lados... Você sabe como seu irmão é, a esperança em pessoa. Procurar Melanie talvez seja necessário pro choque de realidade na vida dele... Ou até um real perdão. Entendo também seu repúdio, sua família pra você é a coisa mais importante, depois de todas as experiências. E pra ele também, viu? Não despreze o seu irmão... São apenas perspectivas diferentes sobre uma mesma história.
- Aquela mulher fez a gente entregar a droga que encomendava nos dias que ficávamos com ela, e se não achasse a pessoa ou ficasse com medo, era gritaria e quebracão de vidro pra descontar a raiva; e depois nós dois que limpávamos.
Nós dois na sala de casa, brincando de quebra cabeça até mamãe chegar, entregando uma sacolinha pra cada um
- Cole, Vá pra zona Norte, na pracinha perto do coreto.
- Dylan, Vá pra zona Oeste, no posto de gasolina abandonado.
- Mas mamãe, Lá tem fantasma! Eu tenho medo...
- Faz o que eu estou mandando e cala a boca! E eu quero que vocês voltem com tudo entregue, entendido?

(...)

- Toma cuidado, tá? - abracei ele
- Será que eu posso ir com você, e depois a gente ir junto pro lugar de fantasma?
- Faz o seguinte, eu te pego aqui... Espera só um pouco. Não sai dai entendeu? - afirmou com a cabeça
- CORRE DYLAN, CORRE!!!!!
- Mas a gente não ia lá no...
- CORRE!!! TEM POLICIA LÁ!!!
- MAS A MAMÃE VAI BATER NA GENTE!!
- Não tem outro jeito!!
Chegamos em casa e ela estava no sofá fumando, tínhamos um destino não muito legal a partir daquele momento.
- Mãe... - cheguei perto dela com a sacola na mão
- VOCÊS NÃO ENTREGARAM TUDO, PORQUÊ?
- tinha policial lá, mãe... Não tinha como. - me deu um tapa estalado no rosto
- E eu com isso, moleque? ENTREGA E PRONTO! QUE SACO!! - puxou a minha blusa
- E você? ENTREGOU? - meu irmão continuava calado
- ENTREGOU!? - negou com a cabeça o mais devagar que pode e ela repetiu o gesto
- Mas vocês não prestam pra nada mesmo!!! QUE INFERNO!!!! - esbravejou
Eu e Dylan continuávamos parados no mesmo lugar de antes, ela já tinha desaparecido casa a dentro, casa essa que era luxuosa até demais pra quem não pagava pensão. É claro; com o contrabando tudo fica mais fácil...
Vidros começam a ser quebrados no andar de cima e...
Estão com fome? - Fala da escada
- Não.
- Sim!
- Eu vou na padaria enquanto vocês limpam a bagunça
- Mas foi a senhora que fez!
- Quer comer ou não garoto?
- Eu não estou com fome mesmo...
- Mas o seu querido irmão está - me puxou pela gola da camiseta- Vai mesmo fazer isso com ele? - sussurrou
- Limpa e não enche meu saco - me largou brutalmente
Ela voltou sem nada.
E eu guardei um caco.

★彡 彡★

Nós quatro ali: Eu, papai, Dylan e vovó... Sentados em uma mesa não muito grande, mas farta... Cheia de bolachas, bolos, pães , sucos e doces! O meu velho tinha ganhado o primeiro salário depois de ser demitido do antigo emprego, e a primeira coisa que fez foi nos encher de comida. Também queria agradecer à vó Antonella por tudo o que fez, e logo depois nós fomos ao parque... Coisas simples sempre fizeram parte da nossa pequena demonstração de amor... teve um dia que eu até dei um desenho pro meu irmão, junto com uma bala que eu achei no bolso da calça. Ele me deu a outra metade...

𝐴𝑝𝑟𝑒𝑛𝑑𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑎 𝐴𝑚𝑎𝑟Onde histórias criam vida. Descubra agora