Beijinho pra sarar

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Uma semana se passou e Dio finalmente começou a falar com as outras pessoas além de mim, mesmo sendo tão novo sua etiqueta ao falar era perfeita

Assim como sua postura e modo de agir.

No fim, não importa a idade, Dio continua sendo Dio.

Ver ele assim me deixava aliviado por saber que tinha se recuperado daquele trauma, mas ao mesmo tempo me dava outra sensação estranha quando via ele conversando com outras pessoas.

A pouco tempo ele só falava comigo

Ah.. as crianças crescem tão rápido ~

Suspirei

Observei ele sentado na cama lendo um livro distraído, as ataduras cobrindo suas mãos me chamaram atenção e não demorou para eu me levantar até ele.

— Dio quer que eu te ajude a trocar as bandagens? — alegremente me sentei na beira da sua cama, Dio me olhou frio por cima do livro por conta de eu ter entrado no seu espaço pessoal sem mais nem menos

Oque eu posso fazer?

Ele nunca toma a iniciativa pra conversar, ficar sem falar por varias horas com uma cara metida num livro certamente não é bom pra saúde de uma criança!

— Jojo, são arranhões, não um ferimento de bala. — ele respondeu sem paciência e voltou seu olhar para o livro

— Eu sei! Mas ainda podem infeccionar você devia me deixar te ajudar! — não desisti e me aproximei

Era uma desculpa pra conversar com ele, mas não deixava de ser verdade

Dessa vez ele não se deu o trabalho de responder, permaneceu quieto encarando seu livro.

Como convencer uma criança?

As táticas normais como bajular não funcionam com o Dio...

Oque funciona mesmo é ser ainda mais criança que ele!

— Vamos Dio por favor! E se amputarem as suas mãos por causa disso? Você nunca mais ia virar as páginas do seu livro... —

Enquanto falava me dei conta que por mais que tivesse passando bastante tempo desde de que comecei a falar, não vi o loiro passando a página nem uma vez sequer

Um pequeno sorriso brotou no meu rosto

Ok se ele não falar, é o bastante que ele escute.

— Você nem precisa parar de ler, eu vou trocar uma mão enquanto você segura o livro com outra e depois troca de mão. É uma ótima ideia né? — falei gentil usando um tom persuasivo alegre

Seus olhos saíram do livro e me encararam de modo que meu corpo congelou instintivamente.

Ele suspirou como um sinal de desistência e depois deixou um dos seus braços soltos, segurando o livro com apenas uma mão.

A alegria que eu senti com aquele simples gesto não podia ser colocadas em palavras, sem pestanejar dei um pulo da cama e fui me preparar.

Mesmo com uma resposta tão ambígua comecei rapidamente a agir pegando um pequeno banquinho de madeira pra por ao seu lado da cama, assim podia trocar as ataduras do braço.

Trouxe junto comigo novas bandagens limpas, uma pequena bacia com água e um pano molhado.

Vendo aquilo ele franziu as sobrancelhas

— Isso não é exagero? — perguntou com seu habitual tom hostil, mas que não era especialmente um sinal de raiva.

— Não se preocupa. Não coloquei sabão, não vai arder. — inclinei a cabeça pro lado ainda sorrindo inocentemente

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