Capítulo 2

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- Como assim? O preço está muito elevado!

- Com os únicos trabalhos que podemos usufruir não podemos pagar esse preço!

Ouvia Vicky ao longo da rua, enquanto passava à frente de uma das famosas lojas do estado, a Bloodstable, pensando para ela própria como aquilo era uma idiotice, o mundo não se importava com os vampiros e queria que estes morressem aos poucos.

Naquela noite, tal como todas as outras, Vicky Vamp deslocava-se para o seu trabalho. Não era um trabalho da sua preferência, mas sentia um misto de emoções em relação ao que fazia, tanto a repugnava como lhe dava prazer.

Trabalhava num bar noturno frequentado por homens perversos que ali procuravam uma vítima apetitosa para levarem para a cama. Via muitas mulheres inocentes, serem levadas das maneiras mais reles a que o ser humano pode descer. Levadas à força e drogadas a tal ponto que não se recordavam de nada, mas com ela era diferente e dava-lhe prazer ver as investidas de todos aqueles machos desesperados para se satisfazerem à sua custa e como tal, dava-lhes trela para ver até que ponto iam para tentar levá-la para a cama.

Foi numa dessas aventuras que descobriu que os vampiros eram imunes a drogas humanas.

Nenhum haxixe, ganza, heroína, nem mesmo o boa noite Cinderela funcionava com vampiros, ela própria experimentou, ela própria fingiu sentir os sintomas, para que os humanos reles achassem que ela estava no papo, quando na verdade era só mais um jogo daquele ser maquiavélico que simplesmente lhes dava aquilo que eles mereciam.

Começou a trabalhar no sentido de conseguir expulsar esses reles, conseguindo por muitas vezes que fossem presos por porte e uso de drogas entre outros motivos

Assim passou a comportar-se de forma diferente, passou a seduzir e a provocar os machos, era uma solução para eles não investirem contra jovens presas que não se conseguiam defender.

Passou a vestir-se mais sedutoramente, usava um top preto com decote revelador em v que ia até meio dos seios, por baixo do top, usava um sutiã minimalista que deixava os seios bem firmes, na parte de baixo usava uns calções de ganga escuros como a noite que ficavam pouco a baixo das nádegas, para completar o visual usava umas meias calça de renda negras que faziam com que as suas pernas parecessem constelações num vasto universo, obviamente a sua pele branca como a neve ajudava a criar um efeito mais cósmico.

Durante o seu trabalho, mantinha-se atrás do balcão a servir bebidas e a mascar uma pastilha elástica. Quando não tinha trabalho ocupava-se a limpar os copos, com a mão esquerda ela segurava o pé do copo e com a direita limpava o mesmo com um pequeno pano laranja, mesmo já estando limpo, pois, por alguma razão os homens achavam aquilo bastante atraente e observavam avidamente os seus movimentos.

A cada passo alguém virava uma bebida no balcão e ela aproveitava a ocasião para provocá-los ainda mais. Deitava o seu peito sobre o balcão enquanto esfregava, deixando o seu decote exposto aos olhares de todos que, ficavam hipnotizados naquele horizonte que só terminava na linha do sutiã que praticamente só lhe tapava o mamilo.

Com este pequeno gesto ela protegia centenas de jovens de serem levadas, raptadas e violadas. Ela sentia nojo de todos aqueles seres que deviam ser mortos segundo a cabeça dela, mas sabia que não o podia fazer, então tentava ao máximo diminuir esse número de abusadores, pelo menos ali no bar ela não iria deixar que mais nenhuma fosse levada por algum daqueles maus carateres.

Ainda dizem que desprezam vampiros e que nós somos a pior raça, mas a verdade é que os humanos são os piores seres existentes em possivelmente todo o universo.

Voltando para casa, Vicky passa de novo pela loja, onde ainda se ouvia confusão.

- Calma pessoal, eu sei que estão famintos, mas temos que contabilizar muito bem o sangue, não o podemos vender a torto e a direito.

- Mas a quantidade que nos dão mal dá para aguentar umas horas quanto mais um dia!

- Sinto muito, é tudo o que temos e temos que dividir por todos os vampiros dispostos a pagar.

- Mesmo assim tratem de arranjar mais sangue!

- Não podemos, quase ninguém está disposto a vender ou a doar o seu sangue a vampiros.

- Tretas! Provavelmente a maioria do sangue está nas mãos dos vampiros multimilionários para eles se alimentarem por completo!

- Isso é mentira.

Ela cansou-se de ouvir. Desta vez a roupa dela já era mais normal, usava uma grande camisola preta que lhe cobria tudo com um capuz que ela, entretanto tinha colocado na cabeça para esconder a vergonha de toda aquela situação.

Teria de fazer algo. Pensou ela para si própria.

Evitava qualquer tipo de contacto até chegar a casa. De cabeça baixa e capuz, mãos nos bolsos da camisola e calças de ganga caminhava confortável pela rua.

Mal via a hora de chegar a casa. Estava farta daquela vida toda, farta de ver os vampiros serem tomados como a escumalha do mundo e raros serem os que os queriam ajudar, claro que os vampiros estavam em menor número em relação aos humanos, por isso, estavam numa clara desvantagem para começar uma rebelião.

Quase ninguém apoiava os vampiros, por isso ficávamos com os trabalhos noturnos, perigosos e que mais ninguém queria e por norma pagavam muito mal, daí os vampiros não terem condições para se sustentarem.

Todas as noites uma nova contestação em frente à Bloodstable.

Uma vida de merda que poderia ser bem mais fácil e bem mais harmoniosa se todos os humanos quisessem viver em harmonia com os vampiros que apenas queriam viver em paz e com dignidade.

O Preço Do SangueWhere stories live. Discover now