Kiss me. {Frerard}

Memories.

O resto da semana passou rápido, o baile estava cada dia mais próximo e eu aproveitava as minhas tardes comprando os materiais das fantasias junto com Mikey e Ray na maioria das vezes.

Alguns dias Mikey tinha seus compromissos e eu ia sozinho, focando um pouco mais nos detalhes do meu personagem. Party Poison com certeza ficaria incrível. Alguns detalhes como a cor do cabelo ainda precisavam ser decididos, mas eu já tinha quase tudo em mente.

Em uma dessas tardes enquanto visitava uma dessas lojas de fantasias, tentei procurar faixas ou bandanas amarelas pra prender na minha perna, um detalhe aleatório que decidi que encaixaria perfeitamente na minha roupa, nem eu entendia muito o por quê.

Mas enquanto eu passava por um dos corredores, um detalhe me chamou atenção. Não exatamente um detalhe, estava mais pra uma pessoa por inteiro. Frank.

Eu não entendia muito a presença do outro ali, então provavelmente olhei pra ele por muito tempo, o que o fez virar o rosto em minha direção.

― Olha só quem eu encontro por aqui. ― A voz irritante dele carregada de ironia me tirava de foco todas as vezes que a ouvia. ― Meu vizinho favorito. ― Me dei o trabalho de revirar os olhos.

― Nem começa, Frank, tô ocupado demais, não tenho tempo pra ouvir piadinha sua hoje. ― Mesmo sentindo que não era o certo, segui em sua direção mas passando por ele pra olhar algumas luvas que estavam próximas ao meio do corredor.

― Eu me pergunto quando que você tem tempo. ― Ele falou vindo em minha direção e olhando as luvas que eu pegava. ― Baile à fantasia, uh? A maior idiotice do mundo. ― Eu não poderia deixar de concordar. Eu estava estranhamente interessado em ir dessa vez, mas ainda achava a ideia toda uma coisa nada criativa.

Eu deixei segurei alguns pacotes de luvas em minhas mãos e olhei pra ele.

― Então o que faz aqui comprando a sua? ― Eu não sou tão burro assim, me dê algum crédito.

― Touche. Boa pergunta. Esse ano eu decidi que seria legal ir. Sei lá, último ano...― Ele abaixou um pouco o olhar, mas logo trouxe os olhos cor-de-avelã de volta aos meus. ― Mas e você, nunca pensei que gostasse dessas coisas e aqui tá você. Do que vai se fantasiar? ― Ele perguntou enquanto pegava um dos pacotes de luvas de minhas mãos.

― Não te interessa, idiota. ― Eu realmente não precisava dar informações da minha vida pra Frank. Mas me senti culpado pela resposta. Talvez eu tenha sido...grosso demais?

― Nossa, não precisava disso tudo, Mortícia Adams. ― Tava demorando pra os apelidos. Revirei os olhos e ele continuou.― Só fiz uma pergunta. ― Ele alternava o olhar entre mim e as luvas que eu segurava, como se tentasse entender ou montar um quebra cabeça de coisas que aquela luva poderiam significar, quase como se buscasse uma dica de personagem.

― É só que...Você não vai conhecer. ― Ele me encarou de forma curiosa e mais uma vez pude notar a intensidade na cor de seus olhos. Era uma cor tão única, como aquilo era possível? ― Hm....Eu e Mikey criamos alguns personagens. Na verdade a ideia foi dele, não posso tomar todo o crédito. Mas basicamente é isso.

Frank se calou por alguns segundos como se aceitasse a ideia mas ainda não compreendesse completamente.

― E como são esses personagens? ― Ah, é sério que ele vai me fazer perguntas sobre tudo? Talvez ele nem queira saber de verdade e só quer um motivo pra rir da minha cara e fazer piadas até o dia do baile, quem sabe até depois disso.

― Frank, você sabe que essa conversa é desnecessária. ― Eu falei e larguei um dos pacotes de luvas na cestinha que antes estava e segurei um em minhas mãos, me virando para seguir para o caixa de pagamento. Mas eu senti uma mão segurando meu braço.