― Gerard, eu...― Ele novamente deu uma pausa entre as palavras, como se calculasse cada uma delas. Eu não teria tanto controle assim, provavelmente falaria tudo que viesse à mente. ― Eu não tive escolha. Eu não podia ficar perto de você.
As palavras dele me deixaram congelado. Aquilo não fazia sentido, não mesmo. Eu o olhei por alguns segundos esperando que ele risse da minha cara ou soltasse alguma piada. Não era possível que aquilo fosse real.
― Frank, não é o momento pra você fazer mais uma das suas brincadeiras idiotas. ― Eu disse tentando esconder o quanto as palavras do outro haviam me impactado. Eu não esperava ouvir aquilo.
― Você acha que eu brincaria com isso? ― Ele disse tomando mais proximidade ao meu corpo e me olhando com o cenho franzido.
― Eu realmente não sei. Mas não to afim de ouvir suas mentiras de novo. ― Falei tentando conter as emoções que começavam a ganhar força. Meu coração acelerava a cada passo que ele dava pra perto de mim. Eu comecei a sentir minhas mãos suarem assim que ele me olhou profundamente. Se das outras vezes eu pude ver seus detalhes, hoje eles ficaram ainda mais claros. A pequenas sardas, a intensidade na incerteza da cor dos olhos, a pequena marca no topo do nariz entre os olhos e até o borrado do lápis de olho que ele usava - que não posso mentir, só destacava ainda mais a cor clara que havia ali.
Os pensamentos confusos começaram a rondar minha mente quando senti sua mão gélida tocar de leve minha bochecha, me fazendo tremer em contraste por conta da diferença de temperatura. Só ali percebi o quanto meu rosto estava quente, provavelmente deixando minhas bochechas rosadas.
― Acredite em mim pelo menos uma vez. ― Ele ainda manteve a mão na minha bochecha mas sem fazer movimento algum. Senti meus batimentos acelerarem cada vez mais.
― Eu não sei se consigo...― Minha voz saiu quase como um sussurro. Parecia até um deja vu ter Frank tão perto. Mas dessa vez não havia ameaças, não havia raiva, muito menos ódio. Havia alguma coisa. Eu só não sabia o que era.
Senti minha respiração pesar mais, diminuindo o intervalo entre cada uma.
Frank estava perto demais. Eu não sei se isso era algo que ele fazia com frequência com outras pessoas, já era a terceira vez que eu me via naquela situação. Mas dessa vez era diferente. A situação, o assunto, os pensamentos.
― Eu sei o quanto eu errei, mas...― Ele lentamente alternou o olhar entre meus olhos e a minha boca. Senti o movimento de sua mão na minha bochecha novamente, mas agora seus dedos estavam em uma temperatura mais agradável ao meu rosto. ― Eu não escolhi fazer aquilo. Eu nunca escolheria me afastar de você. ― Sua mão desceu para meu queixo enquanto ele mantinha seu olhar em meus lábios.
O que eu tava fazendo ali? É o Frank! Na minha frente. E tão fodidamente perto. Era difícil pensar sobre outra coisa além do quanto eu estava bem com aquilo. Estranhamente bem.
Quando ele voltou o olhar pra mim, eu não vi maldade alguma ali. Não havia um rastro de apelidos irritantes ou do Frank que eu tive que me acostumar na escola. Eu só podia ver o Frank que eu conhecia anos atrás. O que esteve comigo por mais tempo do que eu possa pensar.
Ele hesitou em continuar a fala, fazendo com que eu pudesse novamente sentir seu hálito e algo em mim despertava cada vez mais.
Me vi encarando seus lábios, decorando a exata localização de onde seu piercing ficava no canto esquerdo, deixando sua boca mais convidativa. Eu não sei o que eu ainda fazia tão perto dele. Eu não podia. Algo nele me fazia querer estar perto, eu só não sei explicar o quê.
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Kiss me. {Frerard}
Hayran KurguGerard e Frank não se entendem desde muito antes do ensino médio. Gerard poderia até dizer que aquilo é puro ódio e que com toda certeza a culpa era do egoísmo de Frank, mesmo que não soubesse do outro lado da história. A troca de ofensas e olhares...