você adia a cura por que acha que a doença te faz bem?

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Foi há muito tempo...
Eu vi a alegria genuína em seu olhar
Vi quando fez de cada lembrança uma parte sua
De cada rosa um amor
De todos os encontros uma festa
Te vi sorrindo antes de cair no sono
Te vi cantando durante os dias mais chuvosos
Você foi a luz em meio a dor que te cercava

Eu vi quando aos poucos tudo mudou
Foi há pouco ainda
Quando as marcas do amor
Deixaram de ser beijos carinhosos
E brutalmente se tornaram lagrimas na pele
Marcas roxas como os céus turbulentos no teu coração demolido.
Que se assemelham tanto a confusão em você

Eu vi crescer dentro do seu peito
A dor mais insana
O corte mais profundo
E você jurava seu amor para todo mundo
Mesmo que tudo que você quisesse naquelas madrugadas solitárias
Fosse desabar em choro
Um choro capaz de inundar todo o seu corpo
E toda a dor que ele carrega

Às vezes as coisas perduram tanto tempo
Na sua mente foram séculos
E você costumava dizer
Que com o tempo tudo passa
Tudo sara
Então você finalmente voltaria a dormir sem medo
E acordaria sem sofrimento

As lembranças te torturam
As rosas tem espinhos que perfuram seu coração
Que bate e jorra sangue
Como se estivesse se preparando para o fim
E eu sei...
Você preferiria a morte agora
Porque os encontros que pareciam festa
Agora deixam cicatrizes que você já não consegue esconder

Eu tenho tentado te dizer
Há tantos séculos
Seus sintomas não são de amor
E você tem adiado a cura
E tem feito dessa doença um fardo eterno dentro de você

Você adia a cura porque pensa que a doença te faz bem
Mas seus sintomas não são de amor...
Sua doença esteve escondida
Em cada um daqueles buquês de desculpa
Em cada pedido de perdão
Acompanhado de roupas que cobriam seus medos.
Esteve em todos os encontros
Em que com os dedos no seu rosto
Você ouviu que era culpada
De novo e de novo
Sua doença nunca veio do amor
Pois nunca houve amor.

Diario de uma bipolar  ~ Atualmente.Onde histórias criam vida. Descubra agora