Capítulo XVII - Por favorzinho...

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— Então agora você tem uma agência?

Thomas Kitt procurava no meio das pastas da delegacia alguma coisa sobre Abelone Manoury, sem muito sucesso. Ainda que houvesse um computador disponível para fazer buscas nos registros, os casos mais antigos não haviam sido digitalizados e incluídos no banco de dados. Dessa forma, o policial realizava a velha e não tão boa busca manual enquanto os quatro detetives esperavam algum resultado.

Chovia do lado de fora, uma chuva fraca que não valia o esforço de se abrir a sombrinha. Ela logo iria passar.

— É isso aí. — O ruivo escocês se apoiava na bancada pelo cotovelo e olhava para o amigo como se aquilo pudesse de alguma forma ajudá-lo em sua tarefa. — A Agência LED e o Jefferson está investigando o caso da floresta de Manoury. Acho que estamos indo bem.

Se o objetivo de Lawrence era causar inveja em Thomas por possuir uma equipe de detetives, o policial não estava ajudando em nada. Ele simplesmente soltou um murmúrio para dar alguma resposta ao ruivo e continuou procurando. Dawil, Jefferson e Elsie, sentados nas cadeiras encostadas à parede, discutiam em voz baixa. Todos estavam ocupados em suas tarefas, mas Lawrence era o único que parecia se importar com o fato de Thomas não ter um grupo para chamar de seu.

— Você teve a sua chance — disse com apenas uma sobrancelha levantada, fingindo fazer pouco caso de algo com o que se importava muito. — Eu sugeri formarmos a KKKKK, mas você não quis. Agora não adianta insistir.

— Tudo bem.

Aquela não foi a reação que Lawrence esperava.

— É sério?

— Sim. — Kitt tinha quase certeza de que já havia procurado por ali. Ele coçou a cabeça. — Fico feliz por você.

Knopp pensou ter ouvido um pequeno sinal de ciúme na voz do homem.

— Mas tudo bem. Não precisa sentir inveja.

— Não estou com inveja.

A risada tímida de Dawil preencheu a sala, interrompendo o silêncio constrangedor que se formava, mas, ao mesmo tempo, destruindo completamente o ego do detetive. Thomas não ouviu, entretanto, devido a sua quase surdez.

— E se eu te colocasse na LED? — Lawrence estava praticamente implorando para que Thomas entrasse para a equipe. — Podemos chamar de "Agência LED e o Jefferson e o Thomas". O nome não é dos melhores, mas estou aceitando sugestões.

O policial não respondeu. Quem o fez foi Dawil, que não perdia uma oportunidade de irritar o amigo:

— Lawrence, aceite. Ninguém quer fazer uma equipe com você.

Elsie riu. Jefferson riu. Thomas riu. O próprio autor também riu, mesmo sabendo que os melhores comediantes não deveriam rir de suas piadas.

— Calem a boca.

Knopp jogou o grampeador de Kitt na direção de Dawil, que desviou-se do objeto, fazendo espalhar-se pelo chão da delegacia um monte de grampos e uma ou outra mola que deviam ser importantes para que o instrumento funcionasse. Sorte deles que o policial era quase surdo e estava de costas, assim não viu nem ouviu nada.

— Achou algo sobre Abelone? — perguntou Lawrence, recolocando o grampeador sobre a bancada e fingindo que nada havia acontecido.

— Bem... Isso é um pouco complicado. — O policial pegou um arquivo, olhou seu interior e guardou-o logo em seguida, balançando a cabeça. — Isso tudo aconteceu há mais de trinta anos, então eu não sei se vou conseguir encontrar algo sobre... Ah, achei!

Sussurros da Floresta - Série LawOnde histórias criam vida. Descubra agora