Tia Patrícia

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[...]

Isis: aí ele já estava me irritando, com tudo que ele faz, fala. - Estava com o cotovelo na janela, e com uma mão só no volante.

Gabriela: mas pelo o que eu tô vendo você ficou com ciúme.

Isis: tá doida? - Interrompeu. - Ciúme? Daquele ali? - Riu sarcástica. - Deus que me livre.

Gabriela: você não quer assumir, o que está claro. - Constata.

Isis sabia e não queria admitir. Sabia que se visse Barbara, ela não ia esperar ela nem falar, iria dar um murro na cara dela.

Isis: aí se aquela Barbara querer tirar onda com a minha cara. Ela vai levar. - Tranca o maxilar, e aperta o volante.

Gabriela: mas eu acho assim, não cai na pilha. Porque eu tô começando a entender, e eu acho que o Miguel está falando a verdade.

Isis: mentira, cara mais lavada. - Respira fundo. - Cara de pau, eu não vou cair mais nessa, chega. - Queria dar um basta.

Gabriela: não faz isso, você está de cabeça quente. Você está fazendo coisas que você não quer. Eu sei disso. - Foi sincera. - Não tem porque você se afastar de quem você realmente gosta.

Isis: eu tenho pena da vó dele, Luiza. - Riu sem vontade. - Ela atura muito ele, tadinha. - Sorri. - Ela é um amorzinho de pessoa.

Gabriela: pelo jeito você gosta muito dela né? - A olhou com carinho.

Isis: muito. Dona Lulu, é um vó que eu nunca tive, uma pessoa de um coração enorme. - Dizia da senhora com muito carinho. - Ela torce muito para eu e Miguel termos um relacionamento sério, desde que eu ficava com ele, nas primeiras vezes, ela queria. - Riu lembrando do momento. - Ela sempre quando sabe que eu vou lá, ih, é festa. - Ri, e olha para Gabriela.

Gabriela: pelo jeito a família já conquistou o coração?! - Sorri, pela felicidade de Isis, ao falar da senhorinha.

Isis: ih, desde sempre. Ela mesmo diz "se esse garoto fizer algo contra você, me fala que eu dou umas boas porradas." - Imita a senhorinha. - Ou é assim "olha sinceramente, eu amo meu neto, demais. Mas mesmo que vocês não estiverem em um relacionamento, eu quero você aqui, tomando um chá da tarde, um café. Tu vem hein." - Riu mais um pouco.

Gabriela: ah, você conhecia o Bernardo e o Vicente? - Se lembrou dos meninos da praia.

Isis: ih, há muito tempo. Paulo, Vitor, João também. - Ri. - Porque?

Gabriela: não, porque ele chegou já falando contigo.

Isis: eu conheci eles através do Vicente, aí é tudo amigo. - Explicou. - Miguel conhece também. - Retorna a falar do peguete.

[...]

E chegaram em Bonsucesso no finalzinho da tarde. Isis cansada da viagem, e Gabriela encantada com tudo aquilo.

Isis: chegamos em Bonsucesso. - Vira o volante, e chega a praça das nações. - Aqui é a famosa praça das nações. - Disse desacelerando para Gabriela conseguir ver. - Aqui também fica uma santinha. - Ao dizer, uma mulher reza em frente a santinha.

Gabriela: todos rezam em frente a essa santinha? - Pergunta curiosa, como a Gabriela de sempre.

Isis: sim, eu mesma já rezei muito aí, e posso dizer que funciona. - Sorriu.

E aí mais algumas ruas, mas algumas curvas chegaram em frente a pensão de Patrícia.

Isis: chegamos! - Estaciona o carro em frente a pensão. - Pensão de dona Patrícia, Gabriela, Gabriela, pensão de dona Patrícia. - Apresentou "formalmente".

E então Gabriela, pega a mochila que ela tinha, e a coloca nas costas. E respira fundo, olhando para a nova casa que ela espera que acolheria.

Isis: vem! - A chama com a mão, em frente a pensão.

E Gabriela a segue, a pensão tinha uma decoração caseira. Tinha um ar de carinho, acolhimento. E uma pessoa alta, com o cabelo curtinho, na altura do ombro, fala animadamente, com um hóspede.

Isis: oi tia! - Corria para o abraço, para a mulher alta do cabelo curtinho.

Gabriela seguiu ela com um pouquinho de pressa. Sorria para algumas pessoas que cruzou. E chegou até a menina que abraçava carinhosamente a tia, que dava um beijo no cabelo, depositando carinho. Quem visse dizia ser mãe e filha. Mas esse é o carinho que elas tinham, e mantinham durante anos.

Xx: olá! - Disse com um sorriso, e já dando dois beijinhos na menina. - Você deve ser a Gabi, não é isso? - Ela assente. - Patrícia. - Dá outro sorriso, deixando Gabriela a vontade.

Gabriela: prazer! - Deu um outro sorriso.

Patrícia: eu não tenho um quarto cinco estrelas, eu consigo que você durma num quartinho dos fundos.

Gabriela: ih, nem se preocupa, me dá um travesseiro, um lençol, eu durmo no chão sem problema. - Falou sem cerimônia.

Patrícia: tá doida? - Riu. - Isis tem um quarto aqui, e aí eu tenho uma cama que não está sendo usada. - Apontou para o andar de cima da casa. - E se vocês quiserem, a gente pega e coloca no quarto dela.

Isis: ih, sem problema. - Sorriu.

Patrícia: e aqui você pode comer tudo que você quiser. A geladeira é sua também. Você pode ficar tranquila aqui.

Gabriela: se você quiser, eu ajudo aqui. Trabalho, faço alguma coisa, porque parada não vai dar.

Patrícia: depois a gente resolve isso. - Saiu do assunto, fazendo Gabriela rir, e empurrando as duas para o andar de cima.

E tiraram a cama que estava muito empoeirada, e deixou as três espirrando. Conseguiram levar a cama até o quarto de Isis, que também ficava no andar de cima. Tinha bastante espaço, e consegue colocar a cama lá, e ainda sobrava espaço.

Patrícia: pronto, perfeito! - Falou ao encostar a cama na parede.

Isis: prontinho, agora já tem onde você dormir. - Falou sorridente.

Gabriela: obrigada, de verdade. - Sorriu, com uma lágrima se formando para cair. - Eu não sei nem como agradecer. - A lágrima caiu, deixando o momento delicado.

Patrícia: a minha mãe já dizia. - Pegou a mão da garota, fazendo olhar para ela. - Carinho a gente não agradece, só pede mais e recebe. - Sorriu, e deu um abraço na garota. - Você vai ser a minha outra sobrinha, espero ter juízo. - Riu, cortando o clima pesado.

Isis: juízo? - Perguntou incrédula. - Ela fugiu do próprio casamento, correu até um posto vestida de noiva, pediu ajuda a uma desconhecida. - Apontou para si mesma. - E isso é ter juízo? - Arregala os olhos.

Patrícia: é realmente. - Riu, acompanhando de Gabriela. - Gabi, sem juízo, ou com. Você está dentro dessa família, pequenininha, mas está.

Gabriela: obrigada! - Limpou as lágrimas e abraçou Patrícia mais uma vez. 

Meu horizonte | GabicenteOnde histórias criam vida. Descubra agora