• Felicidade Morna

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— Lembre-se, você tem uma semana. — Jisoo diz.

Jennie olha para o relógio no pulso, os números olhando para ela enquanto respira fundo.

— Se não conseguir antes de 24 de Maio às 22:00, então...

— Eu sei, eu sei. — Jennie se afasta. Você volta pra cá.

As palavras ecoaram na cabeça dela como um escárnio. Por mais louco que tudo isso pareça, ela não pode voltar pra vida em que fazia parte. Ela não pode voltar para aquele apartamento e pensar que viver entre as memórias de Lisa é uma opção. Ela não pode ver seus amigos seguirem em frente com suas vidas ou aguentar outra visita de sua mãe antes de se mudar de volta para sua cidade natal. Ela simplesmente não pode. Ficar ali - em algum lugar sem Lisa- não é mais plausível.

— Só pra ter certeza. — Jisoo sorri simpaticamente. Ela pega na mão de Jennie, os dedos dela frios mas habilidosos enquanto rodeiam o forro dourado do relógio antes de pressionarem no botão no topo. — Vá atrás dela.




                                  17 de Maio

                                  Sexta-feira

                                 07:02:41:29



Quando Jennie entra no apartamento, escuta uma música tocando no som da cozinha. É uma canção que ela reconhece imediatamente, de uma cantora indonésia chamada Niki, pela qual Lisa estava obcecada. Ela para na entrada, os pés congelados enquanto ouve a letra da canção a partir da cozinha até sentir uma estranha sensação de dejá vu.


Nós estávamos melhor como amigos.

Não é você, eu faço isso o tempo todo.


— Não é você, eu faço isso o tempo todo. — Jennie murmurou. Ela sabia a letra porque tinha cantado essa mesma canção na noite em que voltou da mercearia.

Jennie olhou para baixo e viu uma grande sacola no braço antes de engolir e tirar os sapatos. Ela se abaixou para colocar suas sandálias ao lado dos tênis Adidas de Lisa e suas mãos estavam tremendo tanto que ela derrubou um dos tênis, pegando-o apressadamente para colocá-lo em seu lugar.

Enquanto caminhava para a cozinha, viu o apartamento que tinha chamado de casa, não aquele que se tornara um lembrete doloroso do que ela um dia teve. Havia o cobertor felpudo dobrado sobre o sofá, as meias de Lisa no chão porque ela detestava usá-las, as revistas de arquitetura de Jennie espalhadas sobre a mesa de café e um pedaço de torrada meio comido no balcão.

A cozinha era a mesma, mas em vez de olhar de volta para uma geladeira vazia, havia lembretes para ir buscar a roupa na lavanderia, ligar para as meninas para marcar um almoço, enviar dinheiro aos pais de Lisa na sexta-feira, e limpar o banheiro no domingo.

Jennie engoliu de forma grosseira e olhou fixamente para as notas coloridas, o estômago torcendo-se em dolorosos nós enquanto se aproximava e estendia a mão para passar os dedos por cima do papel. Estava tudo na caligrafia feia de Lisa, mas era dela e ela não podia acreditar que estava vendo tudo isso novamente.

— Amor, é você? Recebeu a minha mensagem sobre comprar um rolo de papel higiênico?

A mão de Jennie caiu para o seu lado e ela girou tão rápido que teve que agarrar a borda do balcão para evitar que caísse. Manchas brancas dançavam no canto dos olhos dela enquanto piscava várias vezes antes de soltar um suspiro pesado. Ela podia ver seus dedos agarrando o balcão e podia ver como os nós dos dedos dela tinham ficado brancos por causa da força de seu aperto.

I Fall When You LeaveOnde histórias criam vida. Descubra agora