Capítulo I

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Ouvi a campainha tocar duas vezes e olhei para o lado esquerdo, onde Alex estava esparramado no sofá preto da sala de TV. Olhei seus pés para ver se ele estava calçando algum sapato ou chinelo e reclamei mentalmente ao ver que não, ele estava de meias e reclamaria se eu pedisse que ele fizesse qualquer coisa de meias, principalmente brancas.

— Eu não vou atender. — disse ele, percebendo que eu estava o olhando.

— Droga, Alex! — resmunguei e ele riu, colocando mais uma pipoca na boca.

— A casa é sua! — eu ri de sua voz ter afinado de leve.

Levantei-me no sofá e caminhei até a porta, abrindo-a e dizendo:

— Residência da família Thompson, como posso aju... — olhei em volta e não tinha ninguém — ...dar?

Olhei para baixo e ali estavam vários papéis; lembrei, então, que o lugar de colocar as cartas estava quebrado e meu pai havia remendado com fita adesiva silvertape.

— Claro. — resmunguei e peguei as cartas no chão, lendo os nomes dos destinatários em voz alta enquanto fechava a porta — Sra. Alisson Moore Lopp Thompson, Sr. Phillip Thompson, Brian Lopp Thompson, Alisson de novo, Alisson mais uma vez... — analisei cada uma delas devagar, para ver de onde vinham — Parece que o Brian levou uma multa de novo. — respirei fundo, dando uma pausa antes de completar: — É uma besta mesmo.

Fui em direção à sala de TV novamente, que estava com Alex ocupando oitenta por cento do sofá, deitado esticado no mesmo; com a boca cheia de pipoca, ele disse:

— O que foi?

Eu apenas sorri, o olhando de relance, e olhei para a última carta, que tinha o meu nome escrito.

— Uma carta pra mim? — fui abrindo o envelope lentamente, com o coração palpitando de ansiedade.

"Aos cuidados de Louella Lopp Thompson,

Temos o prazer de conceber a você uma das seis vagas de estudante estrangeiro no curso de Cinema na Universidade de..."

— WESTMINSTER! — eu gritei e Alex deu um pulinho, assustado.

— O que? — ele disse franzindo o cenho e sentando-se no sofá, sem entender nada.

— ALEX, EU PASSEI! PASSEI NA WESTMINSTER! — eu gritava.

— EU NEM SEI FALAR ESSA PALAVRA! — ele se levantou rindo, feliz comigo.

Não havia meios de conter minha alegria. Então, pulei no sofá, arrancando às pressas meus chinelos rosas com desenhos de coelhos brancos, chacoalhando a cabeça e gritando:

— EU PASSEI, EU PASSEI, EU PASSEI!

Meus braços iam para cima e para baixo, para os lados e diagonais, eu não conseguia me controlar mais, só conseguia sorrir e não acreditar que havia passado. Meu coração palpitava de emoção e meus músculos tremiam. Meu cabelo havia se desfeito do coque largo.

— ALEX, EU PASSEI, ALEX! PASSEI! — gritei abraçando ele quando foi comemorar, pulando junto comigo no sofá.

— Parabéns, Lolla. — ele me abraçou pela cintura e eu o sentia sorrir em meu ombro que estava apoiado, me apertando para cada vez mais perto.

— Obrigada. — me separei dele e vi que o papel estava amassado com a marca dos meus dedos. Rimos ao olharmos.

— Quando você vai? — paramos de pular e o sofá de se mover. Sentamos no mesmo, um do lado do outro.

Por Uma NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora