Harry Styles desfrutava de uma vida amena e pacífica, até que uma mudança repentina o leva para uma cidade isolada no interior de Norfolk. O deslocamento indesejado desencadeia embates conflituosos com o pai e a madrasta, levando-o a desejar que alg...
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A caminho da escola, Harry descobriu que Westwood era ainda pior do que havia imaginado. As ruas que o guiaram da casa de Kate até o antigo prédio da Norfolk Public Schools eram estreitas, terrosas e tão esburacadas que mal conseguia evitar os tropeços. A mata densa que cercava as estradas era um emaranhado de árvores altas, envoltas por musgos verdes pendentes e folhas largas que pareciam querer engolir tudo ao redor.
Os casarões ao longo da rua eram uma visão desoladora, testemunhas do tempo implacável. Eram construções antigas e deterioradas, uma sequência de casas suburbanas que pareciam estar desmoronando aos pedaços. As madeiras das fachadas estavam desgastadas e descascadas, as janelas quebradas ou cobertas de tábuas. A decadência da paisagem urbana era um lembrete constante da luta contra o tempo e da negligência humana.
Ao chegar na esquina, concluiu que a rua era parcialmente inóspita. Grande parte das casas pareciam abandonadas há anos, devastadoramente engolidas por trepadeiras, plantas espinhentas e escombros de madeira. Nas poucas casas habitadas residiam idosos e famílias pequenas, que o encaravam com desconfiança pelas janelas de correr. Era um intruso, pensou. Em decorrência da escassez de pontos turísticos, imaginava que Westwood era pouco visitada, e que os habitantes estavam desacostumados com rostos desconhecidos vagando por suas ruas hediondas.
O estômago embrulhou quando chegou à escola, as torradas com geleia de morango e o café sem açúcar ingeridos no café da manhã refluxando garganta afora. Havia aprendido o caminho com a ajuda de Kate, decorando uma pequena sequência de: siga em frente, vire à direita, depois à esquerda, atravesse a rua e vire à direita na primeira bifurcação. O desconforto era visível sempre que sentia a percepção de novos olhares curiosos em sua direção, salientando não conhecer ninguém naquele lugar.
Embora a ansiedade o envolvesse, ele manteve uma fachada firme ao girar a maçaneta e adentrar a sala de aula, controlando as tremedeiras nas pernas e tentando normalizar a respiração agitada. Ao entrar, foi saudado por uma série de olhares curiosos, o que o encorajou a escolher uma cadeira vaga na quarta fileira. Apesar dos próprios pensamentos desencorajadores, ele virou a cabeça para o lado, encontrando o olhar de um garoto loiro.
Os olhos do garoto pareciam tão frios quanto o tom de sua pele, destacando-se pela palidez em contraste com a maioria dos alunos. O azul intenso de seus olhos acrescentava uma aura enigmática à sua figura solitária. Sentado isolado dos grupos barulhentos e animados no fundo da sala, ele exibia uma aparente indiferença à solidão que o cercava. Seu olhar transmitia um mistério inquietante, despertando uma sensação incômoda e uma terrível curiosidade no observador.
— Perdão pela demora, pessoal.
Girou a cabeça quando uma senhora de meia-idade cruzou a porta, visivelmente exausta, carregando consigo uma pilha de livros que pareciam desafiar a gravidade e um caderno tão antigo que as bordas estavam desgastadas pelo tempo e pelo uso constante. Seu cabelo, uma mistura de fios grisalhos e castanhos, estava preso em um coque frouxo, dando-lhe uma aparência desleixada, porém distinta. Seu olhar cansado e sua postura rígida sugeriam que ela era uma daquelas professoras difíceis de agradar, que valorizavam a disciplina e a excelência acadêmica acima de tudo.