Conspiração

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Os olhos se estreitaram outra vez, prontos para se fecharem por completo, como pesadas cortinas que anunciavam o fim de uma longa vigília

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Os olhos se estreitaram outra vez, prontos para se fecharem por completo, como pesadas cortinas que anunciavam o fim de uma longa vigília. Harry havia passado a noite acordado, perdido em devaneios e reflexões, enquanto o teto do seu quarto testemunhava seu silêncio solitário. Cada cílio parecia carregar o peso das horas não dormidas, a exaustão marcada nas linhas profundas que se formavam ao redor de seus olhos.

O sinal tocou, um estrondo que reverberou pelas paredes da sala como um eco de alívio para alguns e de angústia para outros. Harry saltou assustado na cadeira, despertado abruptamente do seu torpor mental, enquanto a aula de história chegava ao fim, deixando-o com a sensação de ter perdido completamente a noção do tempo.

Enquanto guardava os materiais na mochila, os murmúrios dos alunos enchiam o ar, uma cacofonia de fofocas e especulações que flutuava ao seu redor. A descoberta do caso entre o professor de Sociologia e a aluna Evangeline Simons era o assunto da vez, alimentando a fofoca escolar como lenha em uma fogueira.

Harry levantou lentamente, sentindo o peso da fome e da apatia arrastando seus passos. O estômago vazio clamava por atenção, lembrando-o da última refeição consumida há quase um dia. Seus olhos vagaram até o estacionamento, onde os meninos se reuniam ao redor do carro de Leon. Thomas parecia distante, perdido em pensamentos, enquanto Leon observava-o com uma expressão carrancuda.

A compaixão encheu o peito de Harry ao imaginar as lutas internas de Thomas, enfrentando o preconceito do próprio pai por causa de sua sexualidade. Um aperto doloroso o acompanhou enquanto deixava a escola, resistindo à tentação de confrontar os colegas e expor a verdade que tanto o incomodava.

Decidido a deixar os problemas escolares para trás, Harry seguiu seu caminho pelas ruas familiarmente vazias. Seus passos diminuíram ao avistar uma figura loira, cuja expressão atormentada refletia os próprios conflitos internos. Nick caminhava de um lado para o outro, os cabelos puxados pelos dedos, as bochechas infladas em frustração.

Quando os olhos azuis de Nick encontraram os dele, Harry sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Um chamado silencioso ecoou entre os dois, interrompido apenas pela voz urgente de Nick.

— Harry? Eu preciso falar com você! — Nick atravessou a rua apressadamente, deixando Harry gelado.

Teria sido descoberto?

O pânico ameaçou consumi-lo enquanto ele tentava formular uma resposta. Mal teve tempo de se preparar para aquele encontro inesperado, sua mente girando em busca de uma desculpa plausível para o que quer que Nick estivesse prestes a revelar.

— Aconteceu alguma coisa? Você está bem? — Harry perguntou, o medo refletido em seus olhos ao encarar o rosto aflito do loiro.

Os olhos de Nick estavam avermelhados, marcados por veias inflamadas que denunciavam as lágrimas contidas. Sua expressão, habitualmente radiante, agora era obscurecida pela sombra da tristeza. As olheiras profundas sob seus olhos azuis pareciam carregar o peso das horas passadas em prantos, enquanto as pálpebras inchadas testemunhavam a tormenta emocional que ele enfrentava durante a noite.

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