Sentiu-se instantaneamente atordoado quando as luzes do alarme começaram a piscar freneticamente, como se fossem agulhas de luz perfurando seus olhos já cansados. O azul e o vermelho intercalavam-se em uma dança caótica, uma corrida desenfreada que não conseguia acompanhar. Cada mudança de cor era como um golpe, fazendo sua cabeça latejar em desespero.
O barulho ensurdecedor do alarme ecoava pela ala hospitalar, penetrando em seus ouvidos como uma serra elétrica em pleno funcionamento. Era uma cacofonia de sons dissonantes, um tormento auditivo que parecia não ter fim. Cada pulsar do alarme era como uma facada em seus tímpanos, fazendo-o desejar cobrir os ouvidos e gritar por misericórdia.
Quando a porta foi aberta com brutalidade, o coração de Harry disparou em seu peito. O enfermeiro invadiu o cubículo com pressa, agarrando-o pelo braço e arrastando-o para fora da cela. O toque áspero e firme só aumentava sua sensação de desorientação, como se estivesse sendo arrancado de um pesadelo para outro ainda mais angustiante.
A sobrecarga sensorial era avassaladora, uma tempestade que o envolvia por completo. Cada sentido estava sendo bombardeado sem piedade, deixando-o desnorteado e impotente diante da torrente de estímulos. Enquanto era arrastado pelo corredor, Harry mal conseguia reunir forças para pensar, sua mente mergulhada em um caos indescritível alimentado pela intensidade insuportável do alarme.
Ao sair da solitária após dezessete dias de isolamento, sua mente já debilitada pela solidão e pela escuridão, se deparou com um caos inimaginável que envolvia todo o hospital psiquiátrico. Pacientes histéricos corriam descontroladamente pelos corredores, alguns gritando palavras ininteligíveis, outros lançando-se contra as paredes em uma dança de autodestruição. O chão estava salpicado com corpos encolhidos em posição fetal, seus gemidos abafados pelo estrondo incessante do alarme.
A anarquia reinava soberana, como se todas as amarras da civilidade tivessem sido soltas. Harry viu pacientes brigando e se agredindo, enquanto outros se uniam em tumultos caóticos, desafiando qualquer noção de ordem ou controle. Os guardas lutavam para conter a confusão, mas pareciam superados em número e em força.
As luzes do alarme, agora tão intensas depois de tanto tempo na escuridão da solitária, pareciam esmagá-lo com sua luminosidade pulsante. Cada vez que elas se acendiam e se apagavam, deixavam-no tonto e desorientado, como se estivesse preso em um interminável jogo de luz e sombra.
— Quem soltou os pacientes? — Harry perguntou, sua voz ecoando fraca e perdida no meio do tumulto.
O aperto em seu braço tornava-se cada vez mais doloroso, mas estava tão imerso na loucura ao seu redor que mal conseguia se concentrar na própria dor.
— Tive que criar um pouco de tumulto para tirar você daqui sem levantar suspeitas. — O enfermeiro revelou, fazendo um gesto de cumprimento para outro funcionário enquanto o arrastava pelo corredor.
— O que você quer dizer? Estou completamente perdido. — Harry respondeu, franzindo a testa em confusão.
Apertou os olhos com força quando atravessaram a porta dos fundos, a luz solar abrasadora queimando suas retinas. Era a primeira vez em dois anos que ele pisava fora daquele lugar, e a sensação era quase opressora. Seu braço só foi solto quando eles chegaram ao lado de uma caçamba de lixo, afastados o suficiente do tumulto que grassava no interior do hospital, onde nenhum guarda ou paciente poderia vê-los. A sensação de liberdade era quase surreal, como se estivesse prestes a acordar de um longo pesadelo.
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AS RUÍNAS
FanfictionHarry Styles desfrutava de uma vida amena e pacífica, até que uma mudança repentina o leva para uma cidade isolada no interior de Norfolk. O deslocamento indesejado desencadeia embates conflituosos com o pai e a madrasta, levando-o a desejar que alg...