Capítulo Especial - Fagner & Caique

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Narrado por Fagner:


Nasci no dia 4 de março de 1991, uma criança saudável, a mais saudável do bairro, dizia minha mãe, dificilmente pegava um simples resfriado.

Mas no ano de 2003, aos meus 12 anos, isso muda e muda drasticamente, tudo começou com algumas dores no peito, dificuldades para respirar e faltas de ar constantes, meus pulmões já não davam mais conta de manter meu corpo em pé, a cada dia me sentia ainda mais cansado, chegando ao cumulo de desmaiar enquanto voltava de pé da escola para casa, fui levado ao hospital que eu tanto jugava desnecessário a mim mesmo já há quase um ano, período esse que comecei a me sentir estranho, escondia ao máximo de minha mãe o que estava sentindo, às vezes, claro, ela desconfiava, mas eu sempre desconversava, até esse dia.

Lembro-me de acordar em um quarto amplo, deitado em uma cama levemente confortável. Ao meu lado uma máquina bipava incansavelmente registrando meus batimentos cardíacos, além de meu corpo está repleto por fios que eu nem sabia para quê servia, uma mascara de oxigênio se fazia presente em meu rosto, se elevando do meu queixo até a altura de meu nariz. Era a primeira vez em meses que eu respirava tão bem, eu me lembro daquela sensação até hoje, era como se eu estivesse sem beber nada há dias e de repente alguém me desse um copo de água, inspirava e expirava o mais forte que eu conseguia, não queria que aquela sensação acabasse, até cheguei a pensar que aquilo me curaria, mas eu estava enganado, redondamente enganado.

Estava sendo tão bom aquele oxigênio que não havia me dado conta de que estava sozinho até minha mãe entrar no quarto, ela parecia abalada com algo, parecia prender o choro, algo de muito errado estava acontecendo.


– Está tudo bem mãe? – perguntei tirando a mascara.

– Ah filho, você me deu um susto muito grande – ela disse com a voz manhosa puxando uma cadeira até próximo a mim.

– O que eu tenho mãe?

– Não é nada meu filho – disse segurando minha mão – não precisa se preocupar, é algo simples.

– Simples como um resfriado? – perguntei inocentemente, na época, incapaz de perceber que alguém mentia pra mim.

Ela sorriu pra mim e então respondeu:

– Sim, como um resfriado meu filho. Faz tempo que você se sente assim?

– Um pouco.

– Porque não me falou?

– Achei que fosse passar – Achei isso por quase um ano – Os meninos na escola às vezes me faziam medo, dizendo que se eu fosse ao hospital, eles (médicos) iriam me abrir.

Isso era um dos pontos para eu manter tanto aquilo em segredo.

Ela suspirou e disse:

– Descanse, Logo, logo, vamos poder ir para casa.

Antes de ir embora, uma enfermeira nós guiou, eu e minha mãe, até uma sala com várias poltronas verdes, um total de dez, por seis fileiras, me sentei em umas das que estavam desocupadas, uma mulher sentada ao meu lado direito chorava com um lenço branco tapando a boca e outra estampado com flores cobrindo a cabeça enquanto um liquido descia até seu braço através de um cateter intravenoso. Não conseguia parar de observa-la.

Não demorou muito e uma enfermeira veio fazer o mesmo procedimento em mim, não deixei e escondi o braço, não queria sentir a dor que algumas pessoas ali aparentavam sentir. Algumas tentando em vão atenuar as expressões e outras chorando igual à mulher ao meu lado.

CAIO: O Namorado De Minha Amiga (Romance gay - LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora