26. Um tempo doloroso.

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– Porque ligou pra mim?

– Sabe, eu até cheguei a acreditar que Caio havia mudado, mas vejo que ele continua o mesmo safado de sempre.

– Do que você está falando?

– Ele está fazendo a mesma coisa que fez quando estava comigo, a diferença era que eu sabia, o amava, mas não tinha amor próprio.

Minha cabeça começou a funcionar a toda naquele momento, ela havia dito praticamente tudo com aquela frase. Recostei-me em um dos pilares externos do supermercado negando aquela informação com toda veemência possível.

– Você não vai me colocar contra ele.

– Sabe aquela vez que ele foi lá em casa porque eu, uma donzela em apuros o havia chamado? Ele não apenas conversou comigo como eu acho que ele falou pra você, ele fez muiiiito mais, um pacote completo, me beijou e fizemos altas loucuras naquela minha cama, aaah como a vingança é boa. Boa não, ótima.


– Isso é mentira, ele não faria isso comigo – disse, com toda certeza que pude reunir em minha voz naquele momento.

– Lucas, Lucas, eu pensei que você fosse um pouco mais inteligente. Se não acredita em mim, pergunta a ele – disse fazendo com que metade de minha certeza e confiança em Caio se esvaísse.

– Porque você está fazendo isso? – perguntei, mas já era tarde demais, ela já havia desligado.

Guardei o celular no bolso e inspirei fundo deixando os pensamentos invadirem e me torturarem. Mesmo sem saber se aquilo era realmente verdade, meu coração já doía e meus olhos queimavam.

Porque ele faria isso comigo? Quem ama não traia!

Será que ele ainda gosta dela?

Porque ele me escondeu isso?

A história se repetia? Comigo?

Eram tantas perguntas sem respostas. Eu sabia onde e com quem conseguir, mas a verdade era que eu não tinha coragem, eu não sabia quanta dor eu iria sentir, quanto dor mais eu era capaz de suportar.

Ainda ali, encostado no pilar exterior do supermercado, eu já sofria, a dor era lancinante mesmo antes de saber se era verdade ou não o que Teresa havia me falado.

– Tudo bem amigo?

Olhei para o lado em busca do dono daquela voz, pelo uniforme deduzi que era um funcionário do supermercado.

– Tudo sim! Obrigado – disse me desencostando do pilar para logo em seguida limpar uma lagrima que insistiu em cair.

– Se quiser um copo com água...

– Não precisa, já estou indo.


Virei às costas pra ele e fui embora, mesmo não estando preparado, eu precisava saber da verdade. Um misto de sentimentos que se formava em meu peito, era tão forte, que eu não conseguia andar em linha reta por muito tempo, pra piorar, minha vista estava turva por causa das lágrimas que há tempo desistira de segurar. Esbarrei em várias pessoas no trajeto, algumas reclamavam com um "não olha por onde anda?" e outras simplesmente me olhavam com pena e seguiam caminho, foi assim que cheguei em frente ao prédio, totalmente acabado e desesperado. Não entrei de primeira, algo dentro de mim não deixava, tentei uma segunda vez e uma terceira, na qual fui mais longe, até em frente ao elevador, mas acabei voltando ao lado de fora, me sentei nos degraus e comecei a respirar fundo, eu precisava me acalmar, eu não era mais nem uma criança pra está chorando por apenas suposições, mas era quase impossível não se fazer.

CAIO: O Namorado De Minha Amiga (Romance gay - LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora