O metamorfismo do amor
A muitos cega e perde noção.
Por experiência, por velhice.
É relevante, a questão.
Nas vinhas da ira relembro,
Os dias de pequenez, o pó.
Inocente no caixote,
A andorinha imaginava um trenó.
Um homem de cortiça,
Que se fez d'aço.
Quando chegada a hora,
O moço nunca se esquecia do abraço.
Há coisas tão toscas,
Que fazem o aço quebrar.
Mal chegava a hora do lanche,
E já ouvia a velha torradeira estalar.
E eram as melhores torradas,
Porque eram contigo.
Cai queijo e pão no mocho,
E mocho desvendava o antigo.
Sobe à cabeça o sino,
Numa melodia tão nossa.
Cinco euros para comprar o gelado,
E voltava a subir a carroça.
Meu deus, tanto tempo passara.
Com a velhice a memória vacila,
Esquecemos as metamorfoses do amor,
Não esqueço os tempos de reguila.
Um grande homem,
De tão baixa estatura.
A vida assim o fez,
Que tenhas paz, desta vez.
Já deste um beijinho ao avô?
Já, mãe.
Já fizeram as pazes?
Já, espero que ele também.
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Underworld Sonata
Poesie"Underworld Sonata" is an introspective journey into the enigmatic realms of the human mind, where the demons of our deepest fears, anxieties, and insecurities reside. In this thought-provoking exploration, the book delves into the labyrinthine corr...