" Be careful of that girl. There's a fire burning behind her eyes. She make kindoms fall - and monsters wish they'd never been born."
Passo após passo. Foi assim que levei minha vida, então era assim que eu ia em direção ao salão principal. Expressão tranquila, quase estoica, e o corpo se movendo naquele silêncio treinado e inquietante. Passo após passo. Pé ante pé. Segundo após segundo. Apesar da aparente insanidade, não havia uma unica perturbação que me tomasse a indiferença quase anestesiada na qual vivia. Um leve grau de satisfação, os mais primitivos instintos, mas, fora isso, não haviam grandes motivações por detrás dos meus atos.
Por detrás da continuidade da minha própria vida.
Indo em frente sem me preocupar com o motivo. Seguindo. Não havia razões pessoais em minha sobrevivência, mas não significava que ninguém mais possuía motivos que me mantinham adiante. Enquanto eu não servia aos propósitos maiores, pelos quais fui moldada e criada, seguia a minha maneira. Tinha aqueles que se mantinham próximos, ou por laço sanguíneo ou pela influencia que o nome podia proporcionar, mas não haviam laços reais com aqueles. Eu seguia. Pé ante pé.
Como fui moldada pela minha mãe para ser.
A unica herdeira do casal insano Lestrange, era o que refletia nos olhos daqueles que sabiam o que havia por detrás da beleza, a educação fria e o dinheiro. Por detrás da inteligencia impecável que tinha me elevado a melhor aluna do sétimo ano, a monitora chefe e aquela na qual o ministério mal podia esperar para ter em seus corredores. Um currículo impecável o suficiente para esquecerem que haviam boatos da loucura de meus pais ter sido hereditária. Que eu nascera anestesiada, sem emoções... Eu sentia um grau moderado de satisfação, mas o resto... Era distante para mim. Os impulsos humanos, mais primitivos, eram naturais e bem vindos.
Amor, afeto, confiança... Eu dispensava essas coisas. Eram irrelevantes.
– Kate? – Uma voz me chamou me distraindo da divagação que me levara para dentro da minha própria mente. Olhei para a pessoa na frente e encontrando meu primo com o rosto impaciente com minha falta de reação. Quatorze anos, olhos azuis acinzentados, cabelos platinados e mais alto que eu mesma... Draco estava se tornando um alvo até das garotas do meu ano.
Fomos criados juntos, então o maldito garoto não tinha um pingo de medo de mim. Havia inquietação ocasional, é claro, mas pouco provável que ninguém reagisse em algum grau de inquietação quando eu não reagia da forma humana esperada para algo. Fingir não era algo necessário perto da minha família, mesmo que eu fosse boa em simular aquilo que eu não conhecia.
– O que quer, Draco? – Perguntei, a voz com pouca inflexão e tranquila tal qual o usual.
– O Tribuxo. Você é de maior. Vai se inscrever? – Perguntou enquanto andávamos para a mesa da sonserina.
Nos sentamos calmamente e eu meditei por alguns momentos. O rosto de Draco tinha certa expectativa contida enquanto eu analisava a proposta. Eu não precisava de dinheiro e nem de provar minhas habilidades... A ultra atenção exagerada dos campeões não era bem vinda também.
– Não sei. Parece interessante, mas não compatível comigo. – Me movi para encher meu prato.
– Quem sabe o torneio não te faça sentir medo? – Ele debochou com cinismo. Ergui os olhos para ele indiferente e ergui as sobrancelhas. Draco estava tentando me desafiar? Ele sabia que aquelas besteiras não funcionavam comigo, mas uma curiosidade nasceu e se insinuou.
O quão perigosas seriam as provas?
– Nem um lobisomem prestes a me atacar me faz sentir medo. Nem um basilisco me faz ter medo. Um torneio idiota faria? – As palavras eram duras mais o tom era brando. Draco sabia que o pai dele tinha me jogado a perigos estúpidos de forma que jamais jogaria ele, mas Lucius obedecera sua parte enquanto eu fizera a minha.
– Dizem que os desafios são muito perigosos. – A maldade em seu tom era obvio. Meus lábios se contorceram num fantasma de sorriso com a tentativa de Draco de me desestabilizar.
O garoto tinha os jogos mentais como os favoritos. Eu não era particularmente adepta destes, mas Draco sabia como destabilizar uma pessoa perturbando e apertando os botões corretos. Ele também sabia que a melhor coisa que podia incitar em mim era curiosidade, pois não haviam gatilhos mentais ou sentimentais que ele pudesse alcançar.
– E de que adianta? – Questionei – São fracos comparado a meu nível de magia.
– Pode se surpreender. – Ele respondeu e eu revirei os olhos. – Vamos, Katherine, pessoas já morreram nesse concurso. As provas são preparadas para desestabilizar, intimidar, aterrorizar e até matar. Se algo pode apertar algum dos seus adormecidos sentimentos... Eu diria que é isso.
– Por que não? – Perguntei bebendo um pouco de suco. Tinha plena consciência de que não havia prova capaz de mexer comigo dessa forma, mas havia muito que Draco não entendia e não tinha conhecimento. Um brilho vitoriosos surgiu nos olhos dele e meus lábios torceram no leve assomo de diversão que podia atingir conforme percebia que Draco realmente queria me ver naquele jogo.
– Sabia que não se intimidaria, prima. – Ele piscou e se afastou indo para perto dos amigos que pareciam mais um bando de gralhas.
Não era sensato ou lógico participar daquilo, mas Draco estava certo. Eram provas que apertariam minhas habilidades, exceto se eles sucateassem demais o nível em prol da segurança. Todavia, haviam limites para se conterem ou não seria mais o Tribruxo. Pessoas já tinham morrido mesmo ali.
Gostava de lutar. A magia, a destruição e o caos não mexiam com muito em mim, mas eu era boa o suficiente para que alguns impulsos primitivos se sentissem satisfeitos com a forma que eu exercia meu poder.
Teriam outras escolas na batalha. Eu poderia me inscrever, mesmo com as consequências negativas caso fosse escolhida... Podia dizer que havia pouca coisa que me pararia uma vez que minhas unhas longas bateram na mesa de madeira. E, se alguém conseguia controlar a atenção e molda-la ao próprio modo, esse alguém seria eu.
Talvez...
Talvez o Tribruxo fosse interessante.
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Sentimentos arrasadores
FanfictionKatherine Lestrange foi criada para apenas um propósito e para isso sua personalidade foi moldada cuidadosamente. Uma garota de 17 anos que não sente nenhum sentimento e sequer sabe identificar os sentimentos. Katherine conhece o básico instintivo d...