II - Maldita física

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POV ISABELLA SWAN

Eu estava sem inspiração para dar continuidade no romance que estava escrevendo, então peguei a chave de minha picape, presente de meu pai quando cheguei em Forks-WA, pra dar uma volta pela cidade, e me perguntei porque resolvi voltar depois de concluir a faculdade se provavelmente ir pra qualquer outro lugar parecia mais promissor, mais ainda para seguir minha carreira de escritora. Quando percebi, já estava na rodovia, resolvi voltar com receio que minha picape falhasse no meio da estrada. Será que Stefanie lutaria por seu amor Bradley ou poderia acontecer algo trágico? Já era um amor improvável mesmo... pensava enquanto dirigia.

Já estava voltando para a cidade, a caminho para o mercado comprar alguns itens que estavam faltando no armário da cozinha na minha lista mental. Cereais, torradas, geleia, pasta de amendoim, espaguete e algumas frutas. Um cartaz novo no mural do mercado me chamou atenção "PROCURA-SE ESTA GAROTA" escrito com letras garrafais em vermelho e me assustei porque a garota em questão era Angela Weber, minha amiga. Levei as compras para picape e fui em direção a minha casa, quando cheguei, liguei para residência Weber.

- Alô? - atendeu o Sr. Weber apreensivo.

- Senhor Weber, aqui é Bella... 

-Swan? - ele suspirou - Ah Bella me diga que você tem notícias de Angela... Ela está com você? ela não dá notícias há dois dias, estamos preocupados...

- Infelizmente não esteve comigo esses dias Senhor Weber, liguei para saber se já apareceu algum sinal... Também fiquei preocupada ao ver o cartaz no mercado.

Senti a voz dele ficar trêmula ele agradeceu e desligou para esperar uma ligação trazendo boas notícias de Angela. Fiquei um bom tempo no chuveiro pensando o que teria acontecido com Angela, onde ela poderia estar... Angela sempre foi tranquila, fez o curso de fotografia e assim como eu voltou para Forks, havia pouco tempo que havíamos comemorado seu noivado com Ben. Fiquei rabiscando com o dedo o box do banheiro embaçado pelo vapor do chuveiro, saí do banho e resolvi deitar um pouco, essa história de Angela havia me desnorteado o suficiente para não saber o que fazer com o amor de Stefanie e Bradley.

Não lembro como fui parar naquele lugar escuro, mas meus olhos se concentraram em uma forma penumbra, então essa forma se moveu e eu percebi os olhos incrédulos. Era Angela com os cabelos desgrenhados, olhando fixamente para mim. Onde permitido? Eu não sabia que eu estava situado tão escuro, mas o rosto de Angela tão claro.

- Ajude-me. - sussurrou ela.

 Tentei falar, não encontrei minha voz, também não conseguia me mover e sair com Angela da escuridão. Porque ela tinha sumido assim? Estava aflita querendo fazer perguntas, dizer que sua família estava preocupada, que haviam cartazes a sua busca. Então meu telefone tocou. Fora um sonho. Era uma chamada anônima, será que era Angela? Porque ela ligaria pra mim e não seus pais? Ou Ben? Sentei na cama e toquei no ícone verde pra atender.

- Alô? Angela? - silencio do outro lado - Angela, é você? - a ligação caiu.

Desci rapidamente as escadas e mais uma vez estava em minha picape, cheguei a casa de Ben, antes de eu descer ele já estava fora de casa, mas notei seu semblante murchar quando só viu a mim. 

- Bella? Soube de Angela? Alguma notícia? Ela sumiu do nada! - começou Ben frenético.

- Ben, soube hoje, sinto muito, já falei com o Sr. Weber, não a vejo desde a semana passada... Queria saber de você... não sei... vai que vocês quisessem dar uma fugida...

- Como pode pensar dessa forma Bella?! - disse ele espantado - Acho que você não lembra como Angel é, doce, serena... pura! - ele praticamente cuspiu em mim a última palavra.

- Desculpe, é que... bom, recebi uma ligação...

- ELA ESTÁ BEM? 

- Não sei! Sinto que foi ela quem ligou, mas não disse nada... Não queria importunar o Sr. Weber.

- Vamos, me passe o número! Talvez possamos ligar, ver onde está pelo rastreamento desse novo número já que o celular dela não está com ela...

- Calma... era uma chamada anônima, não tem como eu passar número pois simplesmente não tem número... Eu realmente esperava que você tivesse notícias de Angela.

- Sua visita está acendendo em mim mais esperança de encontrá-la bem. Desculpe... quer entrar? - disse Ben gesticulando para a porta.

- Não, obrigada. Já está escurecendo... Vou pra casa, preciso pelo menos completar mais um capítulo do livro. Tenho prazos a cumprir. Se tiver alguma notícia poderia me avisar?

- Claro, claro.

Voltei pra picape, dessa vez ela embromou um pouco para dar partida, quando estava passando pela loja de artigos de trilha dos Newton, senti um pneu baixar. Encostei, quando desci vi o pneu traseiro direito completamente seco.

- Mas que merda! - chutei o pneu mas machuquei meu dedão - maldita física.

Subi na caçamba para pegar as ferramentas para substituir o pneu pelo step. Posicionei o macaco e comecei a girar a manivela, quando a parte traseira estava livre, comecei a desparafusar a roda quando escutei um pigarro. Espero que o spray de pimenta esteja muito bem localizado no porta-luvas da cabine.

- Não sabia que além de autora, era mecânica. - zombou Mike.

- A gente tem que saber se virar, como Charlie diz "a vida é selva e temos que sobreviver nela" - sorri aliviada por ser Mike.

- Você está bem? Sei que pode fazer isso, mas aceita ajuda?

- Sim, estou bem e claro, toda ajuda é bem vinda... muito obrigada Mike.

Ele sorriu e fez todo o resto sozinho praticamente. Ficou um silencio, com os sons apenas das ferramentas, resolvi puxar um assunto, pra tentar retribuir a gentileza, afinal, se fosse alguma outra pessoa nem chegaria perto para ver o houve.

- Soube de Angela? - tentei parecer mais calma.

- Sim, colocamos o cartaz aqui na loja também, vai que algum alpinista veja e dê alguma notícia.

- Hmmm.

- Prontinho senhorita Swan - disse Mike pondo o pneu seco e as ferramentas na caçamba.

- Só Bella...

- Tudo bem, então... prontinho SóBella! 

- Muito obrigada pela ajuda Mike. - sorri tentando parecer simpática 

- Hãn... Bella? 

Eu o fitei.

- Quer ir numa lanchonete comigo? Amanhã...

- Não é um encontro, não é? - eu só queria fugir dessa conversa, virei e já fui me dirigindo para a cabine.

- Encontro.... de amigos? Pode ser? 

Meu Deus como ele é insistente!

- Tá, tudo bem. - fui vencida.

Dei partida e o ouvi erguer a voz dizendo "oito e meia".

Cheguei em casa e fui direto para o computador. Eu estava apegada demais com Stefanie e Bradley, esse amor não seria abalado. Comecei a escrever.


  

A casa azulWhere stories live. Discover now