XIV - Monstro

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POV - ISABELLA SWAN

Abri os olhos. O lugar estava escuro. Por quanto tempo eu estava dormindo? Não conseguia mais calcular o tempo no mundo exterior, mas aqui o tempo parecia não passar. Talvez o aquecedor estivesse ligado no máximo. Estava quente. Agora eu estava com as mãos algemadas na cabeceira da cama. Estava amordaçada. Não poderia gritar por socorro. Nem tinha certeza que alguém pudesse me ouvir nem se poderia gritar por socorro mais alguma vez.

Ouvi o som de trancas e em seguida uma porta abrir. Fechei os olhos na esperança de fingir estar dormindo mas minhas mãos suando frio e meu ritmo respiratório descontrolado me entregariam com facilidade. Senti dedos percorrerem minha perna. Eu não estava enlouquecendo. Eu não sentia uma calça diminuindo os estímulos táteis que estava recebendo. A mão pousou na linha de minha roupa íntima, então senti um dedo percorrer as bordas de minha calcinha, fazendo meus abdominais contraírem, meus pelos eriçarem involuntariamente e eu entreabrir os olhos.

Estava complicado até engolir a saliva que se acumulava, por estar amordaçada. Tentei gritar, mais uma vez sem sucesso, saindo um som abafado e um tanto engasgado. O homem estava com uma máscara, cobrindo toda a cabeça, o que tornava as coisas ainda mais difíceis para mim. Como eu poderia identificar o sequestrador? Mas a pergunta que me pairava no ar era: como eu fugiria do sequestrador? Ele não dizia uma palavra sequer.

Ele soltou minha calcinha e apoiou a mão numa capa de couro marrom-escuro retirando-a, dando destaque a lâmina cromada da faca que fez um som agudo, como uma arma de ninja. Meu estômago revirou e senti uma pontada de tontura. Não poderia morrer assim, não sem ao menos tentar dar o meu melhor. Minhas pernas estavam soltas então mirei torcendo para uma vez na vida acertar um alvo. Chutei as partes íntimas dele, o que fez com que ele ajoelhasse gemendo de dor. Não consegui correr. Estava presa. Grande gênio do escape você, Bella Swan. Pensei.

Quando recuperou-se, levei dois tapas fortes, um em cada lado da face. Tentei segurar o choro. Em seguida aprumou a faca em punho e percorreu a lâmina afiada por todo o meu corpo, o medo percorria minhas artérias mais que glóbulos vermelhos. O som que a lâmina fazia percorrendo minha pele sem agredi-la era muito desconfortável para meus ouvidos. Já estava chorando novamente. Só queria que tudo isso não passasse de um pesadelo. Mas não precisava parecer tão real.

Acontece que não era meu subconsciente que estava trabalhando. Eu estava consciente. Não era um pesadelo. Para minha infelicidade. Apertei os olhos com a dor. Agora ele deslizava a lâmina em sentido longitudinal fazendo com que apenas a parte superficial da minha pele fosse ferida, deixando minhas terminações nervosas mais expostas. Tentei implorar por favor para ele não continuar enquanto chorava descontroladamente.

No momento seguinte, ele pôs a faca de volta na capa de couro, jogando-a em cima do caixote e colocou as mãos em meu quadril. Uni minhas pernas e pressionei meu corpo contra a cama na tentativa inútil de impedir que ele arrancasse minha calcinha. Eu estava indefesa. Uma das coisas que mais temia estava se tornando real. Ele me bateu até ceder, separou minhas pernas e num minuto já estava me dilacerando. Bruscamente invadindo meu ser. Quanto mais me debatia, mais apanhava, até que chegou um momento que a mão dele passou a meu pescoço, me deixando com menos ar e ainda me acoitava. Eu parei de tentar lutar. Passei a olhar fixamente para o teto. Talvez a morte realmente parecesse a minha melhor opção. Preferiria até.

Quando acabou o ato, ele tirou a mordaça de minha boca e com minha blusa ele limpou uma linha de saliva que descia pelo canto de meu lábio. Não consegui mais me mover. Minha alma fora tomada. Não tinha mais forças. Vendo meu estado deplorável, ele destrancou as algemas mas minhas mãos caíram onde ele as soltaram. Pegou a faca e foi em direção à porta. Eu ainda fitava o teto. Os sons pareciam mais intensos. Ouvi a porta trancar.

Não consegui me mexer por um bom tempo. Tudo em mim doía, inclusive meus olhos ardiam. Sentei com muita dificuldade e observei as perfurações visíveis que deixaram uma camada de sangue secar, escurecendo em minha pele alva. Tentei me abraçar mas larguei as palmas da mão sobre a cama pela dor que causava. Embaixo do caixote tinha uma toalha branca e embaixo dela um vestido de cetim perolado. Toda essa situação estava me deixando enjoada.

Fui ao banheiro relutante. Liguei o chuveiro e fastei meu braço imediatamente como reflexo. Assim que a água tocou meu braço todos os cortes arderam. Não pude tomar um banho decente. O que fez me sentir pior. Eu estava suja e pior... me sentia suja. Fui corrompida. Não sabia se eu seria mais um número em estatísticas ou se nem chegaria a isto por falta de conhecimento de meu caso. Mordi o lábio inferior ao pensar nisso. Senti uma lágrima percorrer meu rosto mas logo passei a mão para limpá-la.

Coloquei o vestido, que serviu direitinho em mim e segui para o quarto. Não ouvi movimentos externos mas o copo descartável azul com água e o frasco com dois comprimidos estavam lá, em cima do caixote. Minha boca estava ressecada. Eu estava toda dolorida. Da outra vez ajudou na minha dor de cabeça. Engoli os comprimidos juntamente com toda a água. Depois disso dei alguns passos para a porta e me inclinei colocando um dos olhos na fechadura. Não pude ver nada a não ser uma outra porta fechada. Suspirei. Ouvi uma batida que não vinha da minha porta. Retribuí. Ouvi a sequência de duas batidas e respondi com a mesma sequência.

- Me ajude... - disse a voz rouca.

A casa azulWhere stories live. Discover now