VIII - Seattle

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POV - ISABELLA SWAN

Jacob estranhou eu verificar por fora se as portas e janelas estavam mesmo trancadas, eu girava a maçaneta e empurrava a porta pelo menos cinco vezes antes de verificar a próxima, demorou mais do que eu pensava, foi quando percebi Jake um tanto impaciente perto do carro dele. Suspirei e fui em direção ao carro, Jacob correu para o banco do motorista e eu entrei no carona. 

Talvez foi minha melhor opção sair com Jacob, eu estava com medo. Medo de estar em minha própria casa, de estar sendo vigiada, de não conseguir finalizar meu livro e até de desapontar Mike Newton. Olhei para o meu colo e vi que estava remexendo uma cutícula até que consegui puxá-la com um tanto de força e vi um orvalho sanguíneo margeando minha unha. Agarrei o dedo para ver se ajudava a estancar o sangue e também não ver para não ter vertigem. Pedi pra Jacob parar em um posto de gasolina pra eu lavar as mãos em água corrente e assim foi feito. A ardência era boa, mas ao mesmo tempo incomodava.

O trajeto estava sendo bem tranquilo, e bem quieto até. Talvez ele pensasse que eu havia adormecido, o que me fez tentar cair realmente no sono. Comecei a pensar na linda campina que encontrara, nas margaridas que se destacavam, no som do riacho, muita luz solar e como ela era perfeitamente circular. Apesar do trajeto cansativo, a vista era belíssima. Valia apena qualquer esforço para contemplar aquele paraíso intocado.

AI! Abri os olhos assustada com o movimento brusco que meu corpo fez, como um chicote, batendo minha cabeça no porta-luvas, eu com certeza havia dormido, não consegui me apoiar em nada para proteger minha cabeça. Olhei para Jacob, me certificando que não tivesse acontecido nada com ele. Jake estava bem para meu alívio. Ele pareceu não olhar pra mim, mas já estava saindo do carro com o peito estufado. Olhei para trás e vi um carro prata reluzente na traseira do simplório rabbit do meu amigo.

- Você não olha por onde anda seu filho da puta?! - gritou Jacob.

Depois de um certo esforço me desfiz do cinto de segurança e saí do carro para ver se o estrago havia sido grande. Não foi algo tão feio quanto pensei que fosse, provavelmente o fato de eu estar desacordada acentuou minhas sensações.

- Jake, calma. Não foi tão ruim assim... - tentei acalmá-lo.

- Você não faz ideia do tempo que levei para montar este carro! - Jacob berrava enquanto o motorista do carro prata, agora via que era um Volvo, saía tranquilamente. O que fez meu amigo bufar. - Entre já no carro, deixe que eu resolvo isso. - Não gostava quando Jacob ficava nesse estado, parecia que ele explodiria ou algo do tipo.

Entrei e aguardei dentro do carro, mas olhava para trás e via opostos: Jacob com ira a flor da pele e o outro homem tranquilo, tentando conversar amigavelmente. Não demorou muito para um guarda de trânsito chegar e resolver a situação. Não entendi muito a conversa, mas tanto Jacob quanto o homem do Volvo prata foram submetidos a fazer um teste de bafômetro. Jacob entrou no carro depois de um momento, puxou o ar com força e apertando o volante, depois expirou na mesma intensidade.

- Você está bem? - ele me perguntou.

- Bem - menti. Minha cabeça latejava.

- Acho melhor eu ir procurar uma oficina, eu deixo você em algum lugar mais tranquilo. - afirmou.

- Está tudo bem Jake. Posso ir com você. - eu disse.

- Seria bom se você me convencesse Bella Swan. Mas olhe pra você, sem um pingo de sangue na cara e tremendo mais que vara verde! - ele riu, e eu sorri em troca.

Jacob me deixou em uma cafeteria. Nunca tinha ouvido falar em Cullen's Coffee, mas parecia um local muito agradável, tinham duas mesas pequenas e redondas no exterior, todos os detalhes pareciam milimetricamente estudados para tamanha harmonia, variando as tonalidades de madeira e alguns detalhes em ferro pintados em preto. Me direcionei ao balcão e nunca vi tanta variedades de pães, bolinhos, croissant, cookies... todos aparentemente apetitosos e muito perfumados. Pedi um expresso e um muffin de mirtilos. Paguei, enfiando a nota no bolso da calça para pegar o café e meu muffin, quando me virei com meu pedido em mãos para ir em direção a uma mesa próxima à vidraça, esbarrei sem querer em alguém. Droga! Tinha certeza que era o dono do Volvo prata reluzente. Larguei a xícara no balcão.

- Ai! - disse sacudindo a mão - me queimei! - vi que derrubei café em seu terno impecável também - Me desculpe, eu sou um desas... - antes que eu pudesse terminar ele me interrompeu.

- Jessica, ajude-a lavando a mão dela em água fria corrente. - ele disse num tom de voz um tanto baixo.

Logo a atendente estava me puxando para dentro da cafeteria, onde havia um banheiro. Eu não queria tirar minha mão debaixo da torneira, era muito boa a sensação. Jessica voltou com uma bisnaga e pediu permissão para passar na área vermelha que ficou em minha mão e eu assenti.

- Prontinho. - disse Jessica.

- Muito obrigada - eu disse e ela assentiu.

Saímos do banheiro e ele estava me olhando, com o paletó do terno azul-chumbo na mão.

- Como está sua mão? - ele perguntou olhando profundamente em meus olhos, me fazendo perceber que os olhos dele eram de um verde jamais visto por mim até o momento. Perto da pupila, o verde conversava perfeitamente com detalhes em dourado. Único. Assim como seus traços, criando ângulos perfeitos, moldando divinamente seu rosto. Percebi que ele aguardava minha resposta.

- Bem - respondi sem graça, sentindo o sangue fluir pelas maçãs de meu rosto.

- Que bom. Vi que perdeu seu lanche, então fiz o mesmo pedido para você não ficar com fome. Tudo bem? - ele deu um meio sorriso.

Por um momento senti minhas pernas bambas. Eu era idiota por isso? Não podia sentir nada assim, eu nem o conhecia. Assenti com a cabeça e fui em direção à mesa que iria, ainda estava vaga. Ele chegou com a xícara de café e um muffin e pôs em minha frente. Eu agradeci.

- Ainda não nos conhecemos... Eu sou Edward Cullen.



A casa azulWhere stories live. Discover now