XIII - Lembranças

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POV - ROSALIE HALE

(ANTES)

Não sei quanto tempo fazia que eu estava me encarando no espelho do banheiro. Não estava nem sentindo a bancada que minhas mãos estavam apoiadas. Não era eu. Não a Rosalie que eu acreditava ser. Minha alma foi tomada e eu só conseguia encarar uma pessoa com um semblante terrível em minha frente, como se fosse uma outra pessoa. Tentei pronunciar em voz alta para meu reflexo não ficar assim, mas não consegui.

Saindo de meu transe, olhei para minhas mãos e já estava chorando. De novo. Liguei a torneira para tomar um banho de banheira e fiquei sentada no chão esperando a banheira atingir o nível de água que eu queria, ficando segurando a borda da banheira com a mão e meu queixo apoiado nela, a outra mão estava fazendo movimento de oito na água que começava a acumular. Desliguei a torneira, liguei o painel para ativar a cromoterapia e os jatos de bolhas para receber uma massagem, então entrei sem retirar minhas roupas íntimas, encostando minha cabeça e tentando não pensar em mais nada.

Em um momento eu estava tão relaxada que escorreguei, o que me fez ficar engasgada com água. Isso me fez rir comigo mesma. Desliguei os jatos de bolhas e fiquei abraçando minhas pernas. Por mais que eu tentasse, as lembranças ruins rondavam minha mente. Eu não sabia me proteger. Não consegui. Levantei, vesti um roupão e fiquei encolhida na cama. Meu celular tocou. Alice. Atendi.

- Já chega Rosalie Lillian Hale! - Resmungava Alice.

- Alô tudo bem pra você também Alice... - Eu disse.

- Rose, estou preocupada... Nunca mais você nem trabalhou. Vejo moscas em seu instagram. Nem ligar pra eu ir fazer uma companhia... Puxa! Fez uma abdominoplastia e colocaram o umbigo em outro canto por acaso? Não que precisasse, você é lin...

- Desculpe Alice. - interrompi - Não vai acontecer novamente. Só quis passar um período fora de holofotes. Só isso.

- Pode se arrumar? Vamos sair para nos divertir hoje. E isso não é um convite.

- É uma intimação. - sorri.

- Chego aí em quarenta minutos. - Ela disse e desligou.

Vesti uma meia-calça preta e grossa com um vestido preto largo com gola de paletó com pedrinhas cintilantes por todo ele, um par de cor branca de saltos com bico fino e fechado, amarrando a correia que dava duas voltas em meu tornozelo. Fiz um coque desgrenhado, puxando alguns fios para ficarem de fora do penteado. No rosto foquei só na pele, pus cílios postiços, rímel e um gloss.

Alice chegou para me buscar pontualmente. Eu já estava descendo do prédio quando ela chegou. Nem precisou sair do carro para eu ver que ela estava deslumbrante. Minha amiga levava a sério a moda. Não só no trabalho. Fomos ao The Little Red Hen. Alice tentando me animar me fez cantar no karaokê. Mas só pensava no quanto ser bonita era uma maldição para mim. Não passava outra coisa em minha cabeça a não ser os olhares de quem estava próximo ao palco. Como se tentassem me ver nua e estava me deixando muito incomodada.

Conhecemos uns rapazes, os quais nos fizeram companhia. Emmett era incrivelmente lindo, por incrível que pareça, também cavalheiro. Beijou minha mão como forma de cumprimento. Alice dominou a roda de conversa, mas logo o cara com feições carrancudas foi cantar e Alice dançava com Jasper.

- Acho que já ouviu isso, mas você é linda. - Disse Emmett acariciando meu rosto.

Peguei sua mão e a segurei sobre a mesa. Emmett não era um problema. Olhei seus olhos por um momento. Será que eu conseguiria seguir em frente? Resolvi me dar essa chance. Fechei os olhos e já pude sentir seus lábios nos meus. Bebi algumas margueritas para ter coragem. Talvez eu pudesse superar sozinha. Emmett me levou para seu apartamento, ele morava numa cobertura, muito elegante até.

Cordialmente ele se dirigiu a uma pequena adega selecionando um vinho. Eu sentei no sofá enquanto Emmett abria o vinho. Ele foi atrás de duas taças para servir a bebida. Me perguntei se ele poderia ter mentido sobre ser um advogado. Mais parecia um educador físico. Mas vi na mesa de centro um livro de Direito Penal e logo parei de pensar nele malhando para como deveria ser uma defesa dele.

Com pouco tempo estávamos conversando abertamente, mas eu só o instigava a falar. Não gostava de conversar sobre mim, então foi praticamente um monólogo, mas eu dando algumas opiniões para ele não sentir que eu estava distante demais. Ele gosta de aventura. Disse altas viagens em busca de esportes radicais. Ficou super entusiasmado falando quando saltou de paraquedas nos Emirados Árabes, quando passeou de asa delta no Brasil. Ele até insinuou para na próxima aventura ele ter uma acompanhante, referindo-se a mim.

Levantei com a minha última taça quase vazia, Emmett levantou em seguida e se aproximou colocando uma fina mecha de cabelo atrás da minha orelha, dei um passo em sua direção encostando meu corpo ao dele. Então estávamos nos beijando. Minha taça escorregou de meus dedos e tombou no sofá. Fiquei desesperada por ter manchado o sofá dele com vinho tinto, mas ele estava tranquilo

- Mil desculpas, deixe eu limpar isso... - Eu disse apreensiva.

Ele com um sorriso malicioso endireitou minha postura que estava voltada para o sofá e me beijou. Emmett me ergueu com muita facilidade e me levou a seu quarto. Tudo aconteceu rápido demais. Ele me jogou na cama e já foi colocando as mãos por baixo de meu vestido para baixar a meia calça. Cenas passavam em minha cabeça com a mesma velocidade que o momento que estava acontecendo. Eu não permitiria novamente. Mãos em meu corpo... Aquele rosto...

- PARE! - Batia em seus braços enquanto tentava me livrar.

- O que houve? - ele perguntou.

- Eu... - Tentei não chorar - Eu não posso... Não posso fazer isso.

- O que? Porque não? Pensei... - Ele coçava a cabeça.

- Foi um erro. Preciso ir embora.

- Quer uma carona? - Ele estava perplexo.

Assenti. Não falamos mais nada a não ser eu falando as coordenadas para chegar em casa. Eu queria desabar. Fui quebrada e nada poderia me consertar novamente, nada nem ninguém. Isso estava acabando comigo. Eu nunca mais seria feliz? 

A casa azulWhere stories live. Discover now