39. nocturnes

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já de madrugada,
após merdas acontecerem, decepções, vergonha, honra ferida,
ele andava na rua,
aquela calçada fria que ele sentia apenas com o pé direito,
pisando só de meia,
pois havia perdido o sapato;
sua camisa preferida,
uma social
azul escuro
já estava amarrotada
e faltando botão;
não estava totalmente lúcido,
nem totalmente em equilíbrio.
já bebia a alguns meses, mas nunca o fez com tanta displicência.

finalmente ela o encontrou,
estava pálido,
cambaleando,
seguindo apenas em frente, pela calçada
sem pensar se estava indo ou não na direção certa.
não havia arrependimento,
nem vergonha;
ele sabia o quão degradante tudo isso foi,
mas compreendia a si mesmo e as circunstâncias disso, e ela também entendia

ela o acompanhou,
andando por muito tempo,
acreditando ele que estavam indo para o centro, mas estavam apenas dando voltas...
ela queria passar um tempo com ele, com a presença dele,
e o levou pra casa dela e o colocou em sua cama.
chorou por ele
e também foi dormir.

acordaram juntos,
dividindo uma mesma cama grande,
se abraçaram por um longo tempo e depois nunca mais foram amigos novamente.
ela o compreendia
e ele a compreendia...
e por isso não podiam mais ficar juntos
"uma pena" todos achavam,
"mas é como as coisas são" os dois diziam.

O amor é uma droga. E eu odeio estar em abstinência.Onde histórias criam vida. Descubra agora