prologue

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         Jack morreu e isso era óbvio. 

         Ele se lembrava da sua morte. Da dor, da luz e daquela força invisível que o empurrou para fora de seu corpo, expulsando-o como se ele fosse um parasita. Jack já havia morrido antes e conhecia a sensação de estar morto. A experiência não fora de todo ruim, afinal, ele conheceu sua mãe quando foi para o céu. Sua mãe, a mulher que deu a vida por ele, a mulher que até então ele só conhecia de fotos e histórias. Kelly Kline estava no céu e merecia estar lá, Jack concordava. Mas essa morte... não era como a anterior. Algo estava errado. Dessa vez, ele não acordou em um jardim e sua mãe não estava lá para recebê-lo. A sua frente existia apenas uma imensidão azul. Bela e mortal. Um oceano de possibilidades, literalmente. Seria aquele o seu novo paraíso? E que roupas eram aquelas que estava usando afinal? Ele parecia um personagem de filme de época.

         Ele olhou para o lado, buscando sinais de vida. O que era irônico, afinal, ele estava morto e se houvesse mais alguém por ali, então essa pessoa estaria morta também. Tudo o que ele via era uma praia, que se estendia infinitamente pelo horizonte, cercada de um lado por enormes rochas e do outro lado pelo cruel oceano. Não havia outras pessoas, não havia uma casa ou uma árvore ou sequer um animal. Só havia Jack e a praia. Jack olhou para os dois lados, se perguntando por onde deveria ir. À direita havia uma gigantesca extensão de areia para percorrer e a esquerda, bom, havia mais areia por muitos quilômetros. Durante alguns instantes, ele olhou de um lado para o outro. Esperando, talvez, algum sinal divino mostrando para onde ir, mas isso não aconteceu. Levemente desapontado, ele virou para a direita e começou a andar. Jack andou pelo o que pareceram horas a fio e nada aconteceu, além do fato, claro, que de as roupas que usava agora causavam-lhe um calor absurdo.

         Suado e um pouco ofegante, Jack tirou o casaco azul marinho que usava, estendeu-o na areia e sentou-se para olhar o mar. Ele sentia-se confuso e extremamente cansado. Por que os anjos o mandaram para lá? O que ele havia feito para merecer aquele isolamento? Ah, é claro, ele havia matado Mary. Não fora intencional, mas ele matará e agora estavam punindo-o. Vendo por esse lado, parecia justo ele estar ali. Jack, então, começou a pensar nos Winchesters e em Castiel. Como será que eles estavam lidando com a sua segunda morte? O que estariam fazendo naquele momento? Ele não se lembrava direito das circunstâncias da sua morte, mas se lembrava de Chuck, ou Deus, —era estranho associar que Chuck era Deus— e dos Winchesters. Dean estava apontando uma arma para ele. Fora Dean quem o matou? Sinceramente, ele não sabia e tinha medo de descobrir a resposta.

         Ele ficou sentado lá por um tempo, sentindo a brisa marítima contra seus cabelos e o cheiro do mar entrando e saindo por suas narinas. O sol forte acima de si o fazia considerar veemente dar um mergulho. As botas que usava foram tiradas e largadas ao seu lado, podendo, assim, sentir os grãos minúsculos de areia entre os dedos dos pés. Os sons do mar acalmaram sua mente e a livrou momentaneamente dos pensamentos tristes que a cercavam. Ele estava começando a gostar daquela tranquilidade, mas só um pouco. Devagar, Jack começou a perceber que havia algo estranho acontecendo no mar. Havia algo entre as ondas. Ou alguém. Para provar para si mesmo que não estava ficando louco, Jack se levantou e ficou em alerta. Mas o mar parecia o mesmo de momentos antes. Violento, belo e intocado pela humanidade.

             — Vamos, vamos. — ele murmurava para si mesmo.

         E os anjos o ouviram. Ou Deus. Ele não sabia ao certo quem cuidava daquele lugar. Lentamente, alguém começou a sair do mar. Uma garota. Ela tinha longos cabelos castanhos e estava completamente nua. Seu corpo moreno possuía curvas acentuadas e belas, os seios eram firmes e redondos, os olhos eram escuros e uma expressão confusa brincava em seu rosto. Era a primeira vez que Jack via uma mulher nua e ele não sabia como reagir. Deveria virar de costas? Fechar os olhos, talvez? Ela se aproximava suavemente sem o mínimo pudor sobre seu corpo e isso só o deixava mais nervoso. O que ele deveria fazer?

            — Quem é você? — ela perguntou, parando a poucos passos de distância de Jack.

            — hm... Jack. — ele respondeu num sussurro baixo, hipnotizado com os detalhes de sua pele.

          Jack agora podia reparar em marcas que antes, de longe, não podia. Ela tinha marcas grossas em volta do pescoço e dos pulsos e entre seus seios havia uma enorme cicatriz. Ela, evidentemente, percebendo o olhar de Jack sob suas cicatrizes, juntou os braços e escondeu os seios.

             — Ah, m-me desculpa. — ele desviou o olhar dela para a areia e viu o casaco no qual estava sentado. Imediatamente, Jack agarrou-o e entregou-o para ela. — Desculpa mesmo.

             — Tudo bem. É apenas estranho ver outra pessoa por aqui. — disse ela, vestindo o casaco e fechando-o para cobrir suas partes intimas.

          Em silêncio, ele abaixou o olhar para seus pés afundados na areia. Seu rosto estava quente e ele se sentia como um invasor.

             — Então... hum... Há quanto tempo está aqui? — ele ergueu minimamente o rosto corado — Aliás, o que é aqui?

            — É o céu dos nephilins. — ela explicou — Os filhos de anjos e humanos vem para cá quando morrem. E se você está aqui é porque é um nephilim também, então... parabéns pelos genes celestiais. De quem você é filho?

         Jack hesitou por vários segundos, mas contou-lhe a verdade.

            — Lúcifer? Certo, essa é nova por aqui. — ela deu de ombros — Está com fome? Eu estou com fome. Vem, vamos comer. Aliás, eu sou a Cameron.

         Cameron deu as costas e começou a andar em direção as rochas. Jack, no entanto, ficou parado onde estava vendo a garota ir embora. Ele havia acabado de contar que seu pai era Lúcifer em pessoa e ela não se importara? Era a primeira vez que alguém não fazia uma expressão de completa surpresa ou horror ao descobrir tal fato. Isso era... legal.

            — Comer? Mas nós estamos mortos. — ele gritou.

            — Eu sei. — ela gritou de volta e olhou por cima do ombro. A brisa marítima jogando em seu rosto os cabelos que começavam a secar sob o sol escaldante — Você vem?

         Jack olhou em volta e, percebendo que realmente não tinha escolha, seguiu a garota que agora se esforçava para escalar as rochas. 

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