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Hannah 

— Vocês tiveram muita sorte, pois hoje tudo é feito no computador. Quando entrei aqui, meninas, era um caos! Tudo era manual, no papel, caneta na mão. Horrível! — Dona Arlete, a experiente assistente da única promotora desse prédio, nos ensinava a utilizar o sistema.

Ela explicava passo a passo como otimizar nosso trabalho, sempre um passo à frente das demandas. Uma mulher com cerca de 50 anos, simpática e com uma experiência de 25 anos, seus olhos castanhos claros e sorriso encantador nos conquistaram logo de cara.

Mia e eu, com alguma experiência em informática, aprendemos rapidamente. Anotámos tudo em nossas agendas para futuras consultas.

— Dona Arlete, a senhora é incrível! Muito obrigada — minha amiga a agradeceu. Concordava plenamente.

— Eu que agradeço a ajuda. E, Hannah, tenha paciência com o senhor Rodrigues. Ele pode parecer arrogante, mas é um bom homem. Tenho certeza de que vocês vão se dar bem. — Ela se virou para mim e acrescentou — Se tiverem alguma dúvida, não hesitem em me procurar.

Nesse momento, uma mulher elegante, de cabelos negros e olhar penetrante, interrompeu nossa conversa.

— Dona Estefânia, estava apresentando as novas assistentes nosso sistema. — Dona Arlete se justificou.

A mulher, nos analisa de cima a baixo com um olhar de desaprovação. Sua postura era arrogante, e sua beleza, embora inegável, era ofuscada por sua atitude.

— Então, o que temos aqui? — perguntou ela, com um tom sarcástico.

— Bom dia, me chamo Hannah Oliveira e esta é Mia Castro — respondi, estendendo a mão, que ela ignora.

— Bom dia só se for para vocês. E quem de vocês vai trabalhar com o meu namorado? — perguntou ela, com um sorriso irônico.

Meu coração disparou ao ouvir aquelas palavras. O namorado dela era... o promotor Rodrigues?

— E posso saber quem é o namorado da SENHORA? — Mia perguntou, com a voz firme.

— O promotor Lucas Rodrigues — respondeu ela, com um ar de superioridade.

— Sou eu — confirmei, tentando manter a calma.

Estefânia se aproxima de mim e começa a me analisar, sem dizer uma única palavra. Nesse momento, o promotor Rodrigues entra na sala.

— Posso saber o que está acontecendo? — ele questiona, direcionando a pergunta para mim. Sinto como se adagas saíssem do olhar de sua namorada, ao perceber.

— Nada, meu amor, só vim assinar alguns papéis e conhecer as novas colegas — responde Estefânia, enquanto ele a olha e ela o direciona para um beijo.

Sinto um aperto no coração.

Mia e Dona Arlete se despendem.

Estava claro como água que eu não era bem-vinda naquele ambiente, mas me recusava a me abalar. Tinha um trabalho a fazer e uma filha para cuidar.

Respirando fundo, sentei-me à minha mesa e comecei a organizar os processos. Eu sabia que seria um grande desafio.

...

Perdida na organização dos papéis, um perfume invadi a sala, provocando um arrepio que percorre pelo meu corpo.

Uma estranha boa sensação que me dominava.

— Senhorita Hannah — sua voz grave sussurrou próximo à minha nuca, me fazendo estremecer.

Virei-me para ele, tentando conter a aceleração do meu coração. Seus olhos azuis, intensos e profundos, me hipnotizaram por um instante. Notei um certo receio em seu olhar, e seus lábios esboçavam um leve sorriso amarelo.

— Sim... Senhor? — pergunto, forçando um sorriso.

Queria que ele se afastasse, mas ao mesmo tempo, sentia aquela estranha sensação boa ao seu lado. A proximidade dele era inexplicavelmente boa.

— Quero pedir desculpas pelo comportamento de Estefânia... — Ele parecia genuinamente envergonhado.

Nunca tinha visto um homem ruivo tão perto. As sardas em seu rosto lhe conferiam um charme peculiar, e seus olhos...

Seus olhos eram como um oceano profundo, onde eu poderia me perder por horas.

Quando ele se aproxima, fecho meus olhos, esperando,

aguardando, ansiando por...

— Atrapalho?


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Meu Recomeço - 2° EdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora