Meu Recomeço - 2° Edição

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Hannah

— Tia, amei muito a escola! Foi muito legal! Conheci um menino que se chama... — Sofia me conta como foi seu dia na escola enquanto faço uma trança em seus cabelos. Ela ganhou uma bolsa há alguns dias, depois de eu me cansar de procurar uma escola que me oferecesse o mínimo de segurança necessário para dar esse passo, que parecia, a cada dia, mais difícil de tomar. Felizmente, recebi um telefonema de uma escola muito conceituada me informando que ela havia ganhado uma bolsa, após uma seleção de alunos de sua antiga escola, que permitiu que ela participasse de um sorteio cujo prêmio era uma bolsa integral.

O tempo que o senhor Rodrigues me deu para encontrar a escola já estava acabando, pois na semana que vem eu precisaria iniciar a rotina de trabalho, e não poderia faltar com a minha parte de forma alguma. Estava ficando sem dormir, apreensiva por não ter encontrado uma escola que desse a assistência e a tranquilidade que ela precisava. Depois da euforia, veio a pergunta como, de repente, ela ganha uma bolsa de estudos, sem termos nos inscrito em nada? O questionamento, junto com a apreensão, veio forte depois que a empolgação passou. Na minha vida, tudo veio à base de muito trabalho, e algo literalmente caindo do céu me deixou em alerta, despertando meu sexto sentido de que algo não estava certo. Então, antes que a felicidade me tomasse por completo, liguei para Diego e Mia, pedindo ajuda para descobrir o que realmente havia acontecido. 

Minha amiga fugiu quando soube que eu também havia chamado Diego, algo aconteceu. A certeza disso me faz anotar mentalmente que eu precisava descobrir o que havia entre os dois.

Diego e eu pesquisamos sobre a escola. Ele conseguiu falar com a diretora e, depois de conhecer a escola e sanar todas as nossas dúvidas, fiquei muito feliz com o presente que recebi. Tenho plena certeza de que, graças a Deus, tudo está caminhando para o melhor, depois de todas as perdas que já passamos, que foram muitas para nós duas.

— Tia, a senhora tá me escutando? — Ela mexe a cabeça para me olhar. Em vez de responder, deixo a escova de cabelo que estava usando sobre a cama, pegando-a de surpresa, começo a enchê-la de beijos nas bochechas, fazendo-a cair numa risada contagiante preenchendo meu coração, vendo que tudo pelo que luto todos os dias vale a pena só por esses pequenos e perfeitos momentos.Caímos na cama, depois de rirmos uma para a outra, transmitindo a felicidade que sentimos agora. Apoio minha cabeça no meu braço esquerdo e vejo que a trança se desmanchou, mas, só de ver a felicidade no rosto dela, compensa mais meia hora que vou gastar arrumando seus cabelos novamente.

— Sim, meu amor, escutei. Só estava pensando como, graças a Deus, está tudo indo pelo caminho certo.

— Sim, tia, estou muito feliz também. Como há muito tempo não me sentia — assinto com a cabeça, certa de que as palavras da minha princesinha nunca foram tão verdadeiras.

— Obrigada, tia! Te amo! — Sofia se aproxima e me dá um abraço, que eu devolvo carinhosamente.

— Também te amo.

Depois de terminar a trança em seu cabelo, ela vai colocar o uniforme, composto de uma saia xadrez azul e uma blusa azul-marinho. Quando está pronta, vejo que está usando a sapatilha cor de vinho que Mia lhe presenteou, para dar mais cor, já que o uniforme é sem vida, como ela mesma descreveu, nos fazendo rir na hora.

Depois de prontas, vamos na Sebastiana, cantando músicas a caminho da escola. Levo-a até a sala, ligando logo em seguida pelo celular para Thaylani, sua psicóloga, sobre sua adaptação, feliz por estar correndo da melhor forma possível, depois sigo diretamente para o meu trabalho.

...

Duas semanas depois

— Tia, pode ligar a televisão? — Sofia grita da sala enquanto estou na cozinha fazendo nosso jantar, macarrão aos quatro queijos, que ela ama.