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Hannah

– Obrigada, Mia, pela ajuda com a Sofia. Não sei o que seria de mim sem você – agradeci a Mia enquanto estacionava a Sebastiana, meu fiel fusquinha amarelo. O carro, que já viveu dias melhores, rangeu ao engatar a última marcha, chamando a atenção dos outros motoristas no estacionamento.

Chamo meu carro carinhosamente de Sebastiana desde que minha irmã e eu o compramos. Naquela época, trabalhávamos como loucas: eu em uma loja de roupas e ela em um salão de beleza. Com muito esforço, conseguimos comprar o carro e juntar para o enxoval de Sofia. Apesar de todas as dificuldades, a amizade que construímos durante aquele período foi inestimável.

Meus amigos adorariam que eu me desfizesse do meu fusquinha, mas ele guarda tantas lembranças que nunca me desfarei dele. Mesmo quando tiver condições de comprar um carro mais novo, a Sebastiana sempre terá um lugar especial no meu coração.

– De nada, Aninha. Você sabe que pode contar comigo sempre – ela me abraçou.

– Agora vem a parte mais difícil. Será que tenho coragem de entrar sem ter um ataque cardíaco? Sinto que meu coração vai sair pela boca a qualquer momento.

– Com certeza, amiga. Agora vamos antes que nos atrasemos.

Saímos do carro e acionamos o alarme.

Um homem em um carro de luxo nos olhou com uma expressão de espanto ao ver meu fusquinha. Dou-lhe um sorriso grande e gentil, como se dissesse: Meu carro pode não ser luxuoso, mas tem história.

Olho para Mia, que está radiante em seu look elegante. Sua roupa realçava sua beleza e confiança. Já eu, estava mais formal casual, mas não menos estilosa. Nosso contraste era perfeito, assim como nossa amizade.

Entramos no prédio do Tribunal de Justiça, prontas para iniciar uma nova etapa em nossas vidas. A ansiedade era grande, mas a expectativa de trabalharmos juntas nos dava força.

O senhor Luís Santos, o responsável por nos orientar, nos recebeu com um sorriso após passarmos pela recepção. Ele explicou que teríamos que trabalhar como assistentes de promotores e que uma de nós seria designada para um promotor mais exigente.

Mia e eu trocamos um olhar de cumplicidade. Sabíamos que teríamos que enfrentar novos desafios, mas estávamos preparadas.

Afinal, sempre nos apoiamos uma à outra.

– Para essa função, precisamos de alguém com muita proatividade e flexibilidade – nos explica o senhor Santos, seus olhos percorrendo nossos rostos. – Alguém que esteja disposto a encarar os desafios de frente e a aprender rapidamente. Hannah, pela sua experiência e calma, acredito que você seja a mais indicada para essa função. Já você, Mia, com sua energia e capacidade de comunicação, será perfeita para auxiliar o promotor Lopes. Ele é um homem mais tranquilo e valoriza muito a relação interpessoal com sua equipe.

Mia piscou para mim, um sorriso travesso nos lábios.

– Parece que a sorte sorriu para você, Aninha. Mas não se preocupe, vou estar aqui para te dar uma força sempre que precisar.

– Obrigada, Mia. E você vai brilhar com o promotor Lopes, tenho certeza. – Respondi, retribuindo o sorriso.

Senhor Santos sai da sala para terminar nossa papelada para assinarmos, Mia aproveita e me abraça forte.

– Sabe, eu sempre tive certeza de que chegaríamos até aqui juntas. E agora, vamos começar essa nova etapa da nossa vida.

– Com certeza – respondi, sentindo um misto de alegria e ansiedade. – E vamos mostrar para todo mundo do que somos capazes.

Sabíamos que teríamos que enfrentar novos desafios, mas estávamos preparadas. Afinal, temos uma à outra.

...

Depois do Senhor Santos nos apresentar os horários de trabalho, o salário e os últimos detalhes da contratação, ele nos guia para onde vamos trabalhar.

Primeiro vamos para o local de Mia e conhecemos o promotor Erasto Lopes, um homem alto, negro e de lindos olhos verdes, em um terno impecável que o deixava ainda mais atraente.

Homens de terno sempre me pareceram atraentes, e desde que cheguei aqui, tenho visto um atrás do outro. Somos recebidos por um sorriso enorme que mostrava seus dentes brancos. Comecei a me arrepender de não trabalhar com ele e não consegui esconder meu olhar triste para minha amiga, mas ela fingiu que não viu.

— Muito prazer, senhoritas. Me chamo Erasto Lopes — ele se apresenta, mantendo o sorriso no rosto.

— Mia Castro — minha amiga foi a primeira a apertar sua mão. Eu a interrompi para me apresentar também. Mia me lançou um olhar cúmplice, e rimos. Espero que ela tenha juízo ao trabalhar com um Deus grego como ele.

Ao saímos da sala, a realidade da minha nova função se abateu sobre mim. O senhor Santos havia sido claro: eu seria a assistente do promotor Rodrigues. Um frio na espinha percorreu meu corpo.

Olho para Mia, que me sorriu com apoio.

– Não se preocupe, ela cochicha para mim – vamos dar um jeito. Mas eu sabia que seria difícil.

A cada passo que dava em direção àquela porta, a sensação de estar sendo levada para o desconhecido aumentava, sentia a pressão aumentando, a responsabilidade era grande, e eu não podia negar que estava nervosa.

O senhor Luís nos apresenta aos seguranças do andar.

Era estranho ter tantos seguranças, já que a sala do promotor Lopes não tinha nenhum. Seguimos por um corredor e paramos diante de uma porta.

O senhor Luís bate e uma voz grossa autoriza a nossa entrada.

Entramos na sala, e meus passos perdem um passo, o promotor Rodrigues era ainda mais imponente do que eu imaginava: alto, ruivo e com um olhar penetrante.

Sinto um frio na barriga.

— Promotor Rodrigues, deixe-me apresentar Mia Castro, que será assistente do promotor Lopes, e Hannah Oliveira, que será sua assistente — disse o senhor Luís.

Ao me apresentar, nossos olhares se cruzaram. Senti uma eletricidade no ar.

— O prazer é todo meu, senhorita Oliveira — respondeu ele com um sorriso que me deixou sem palavras.Mia me cutuca levemente. 

— Acho que alguém aqui está ficando boba — ela sussurra, com um sorriso malicioso.

Tentei me concentrar na conversa, mas meus pensamentos estavam todos voltados para o promotor Rodrigues.

Ele era tudo o que eu não esperava: charmoso, inteligente e um pouco intimidante.

Senti que aquela seria uma jornada diferente de tudo que já vive até hoje.

Senti que aquela seria uma jornada diferente de tudo que já vive até hoje

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Meu Recomeço - 2° EdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora