11

1.3K 202 42
                                    


Hannah

Quando o elevador se fecha, nossos olhares se perdem em um grande vazio. À sensação de decepção me acompanhava enquanto os andares sobem lentamente. Seus olhos azuis me atormentavam, intensificando a tristeza que me consumia.

Vergonha e raiva brotam do meu interior, tomando conta de cada célula do meu corpo.

A pergunta ecoa em minha mente por que não reagi?

A cada andar, a certeza de que precisava sair daquele lugar tóxico se intensificava. Sofia me esperava e eu precisava levá-la para longe dali o mais rápido possível.

A ideia de continuar trabalhando com alguém que não me respeitava era insuportável. A aceitação de tal atitude me causava uma raiva profunda, principalmente por não ter reagido no momento certo.

Respiro fundo, tentando acalmar a tempestade dentro de mim. Aquele não era o momento para explosões. Lembrei-me daquela frase O silêncio, às vezes, é a melhor resposta.

E assim, procuro manter a calma.

Ao chegar ao meu andar, revivo mentalmente a cena embaraçosa que havia acontecido agora a pouco.

Agradeço por ter mantido a compostura, pois sabia que, se tivesse reagido impulsivamente, a situação teria piorado. Chego à minha antiga mesa de trabalho e começo a organizar os papéis em cima dela, afastando pensamentos negativos.

Quando o elevador chega novamente, sinto sua presença antes mesmo de vê-lo.

Seu perfume, marcante e inconfundível, invadi o ambiente. Elevo meus olhos lentamente, o que faz se encontrarem em um instante que parece eterno.

Uma eletricidade percorre meu corpo, despertando sentimentos que prefiro manter ocultos.

— Hannah, o que está fazendo? — sua voz, agora mais calma e controlada, quebra nosso silêncio.

— O que parece, senhor Rodrigues? Não sabia que estava com amnésia. Há poucos minutos deixou claro o que quer. Ou melhor, gritou para que todo o prédio ouvisse, me humilhando publicamente. Em vez de conversar como uma pessoa civilizada, preferiu mostrar... Já entendi o que o senhor e sua namorada querem, não preciso que repitam. Agora, se me der licença... — meus olhos ardem, mas me forço a conter elas. Tento passar por ele, mas ele bloqueia meu caminho.

— Agora preciso de café forte e sem açúcar. Não demore, tem uns processos que preciso que organize essa semana. — Sinto um nó na garganta. Como ele podia agir com tanta naturalidade após a cena que havia protagonizado?

Fico alguns segundos parada, ponderando meu próximo passo.

Será que vale a pena continuar trabalhando naquele ambiente tóxico?

Abalada emocionalmente, me questiono se era isso que eu quero para minha vida.

Mas então, penso em Sofia.

Ela precisa de mim, e eu faria qualquer coisa para garantir seu futuro. Engulo meu orgulho, saio para preparar o café.

A decisão de permanecer naquele emprego não é fácil, mas era a melhor opção para Sofia.

Afinal, o amor por ela supera qualquer humilhação.

Com o coração pesado, preparo o café e o levo para ele. Enquanto o entrego, sinto um misto de tristeza e determinação.

A partir daquele momento, eu serei mais forte.

Eu aprendi com essa experiência e saio dela mais fortalecida.

Meu Recomeço - 2° EdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora