Hannah
Quando o elevador se fecha, nossos olhares se perdem em um grande vazio. À sensação de decepção me acompanhava enquanto os andares sobem lentamente. Seus olhos azuis me atormentavam, intensificando a tristeza que me consumia.
Vergonha e raiva brotam do meu interior, tomando conta de cada célula do meu corpo.
A pergunta ecoa em minha mente por que não reagi?
A cada andar, a certeza de que precisava sair daquele lugar tóxico se intensificava. Sofia me esperava e eu precisava levá-la para longe dali o mais rápido possível.
A ideia de continuar trabalhando com alguém que não me respeitava era insuportável. A aceitação de tal atitude me causava uma raiva profunda, principalmente por não ter reagido no momento certo.
Respiro fundo, tentando acalmar a tempestade dentro de mim. Aquele não era o momento para explosões. Lembrei-me daquela frase O silêncio, às vezes, é a melhor resposta.
E assim, procuro manter a calma.
Ao chegar ao meu andar, revivo mentalmente a cena embaraçosa que havia acontecido agora a pouco.
Agradeço por ter mantido a compostura, pois sabia que, se tivesse reagido impulsivamente, a situação teria piorado. Chego à minha antiga mesa de trabalho e começo a organizar os papéis em cima dela, afastando pensamentos negativos.
Quando o elevador chega novamente, sinto sua presença antes mesmo de vê-lo.
Seu perfume, marcante e inconfundível, invadi o ambiente. Elevo meus olhos lentamente, o que faz se encontrarem em um instante que parece eterno.
Uma eletricidade percorre meu corpo, despertando sentimentos que prefiro manter ocultos.
— Hannah, o que está fazendo? — sua voz, agora mais calma e controlada, quebra nosso silêncio.
— O que parece, senhor Rodrigues? Não sabia que estava com amnésia. Há poucos minutos deixou claro o que quer. Ou melhor, gritou para que todo o prédio ouvisse, me humilhando publicamente. Em vez de conversar como uma pessoa civilizada, preferiu mostrar... Já entendi o que o senhor e sua namorada querem, não preciso que repitam. Agora, se me der licença... — meus olhos ardem, mas me forço a conter elas. Tento passar por ele, mas ele bloqueia meu caminho.
— Agora preciso de café forte e sem açúcar. Não demore, tem uns processos que preciso que organize essa semana. — Sinto um nó na garganta. Como ele podia agir com tanta naturalidade após a cena que havia protagonizado?
Fico alguns segundos parada, ponderando meu próximo passo.
Será que vale a pena continuar trabalhando naquele ambiente tóxico?
Abalada emocionalmente, me questiono se era isso que eu quero para minha vida.
Mas então, penso em Sofia.
Ela precisa de mim, e eu faria qualquer coisa para garantir seu futuro. Engulo meu orgulho, saio para preparar o café.
A decisão de permanecer naquele emprego não é fácil, mas era a melhor opção para Sofia.
Afinal, o amor por ela supera qualquer humilhação.
Com o coração pesado, preparo o café e o levo para ele. Enquanto o entrego, sinto um misto de tristeza e determinação.
A partir daquele momento, eu serei mais forte.
Eu aprendi com essa experiência e saio dela mais fortalecida.
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Meu Recomeço - 2° Edição
RomanceApós superar um passado marcado por perdas, Hannah encontra em Sofia, sua sobrinha, a força para seguir em frente. Ao conquistar uma vaga no Tribunal de Justiça de Pernambuco, ela busca construir um futuro mais seguro para ambas. No entanto, seu cam...