Capítulo XIII-Ataque dos cupidos raivosos.

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Demorou alguns segundos para que a minha visão entrasse em foco e a primeira coisa que enxerguei ao abrir os olhos foi o chão de madeira sujo em minha frente.
  

   Mal ergui a cabeça e uma forte náusea subiu do meu estômago chegando em minha boca, logo cuspi uma mistura fétida de saliva e sangue negro no chão a minha frente. Tentei limpar os lábios sujos de vômito, mas as minhas mãos estavam presas na altura dos meus pulsos à cadeira por trás do meu corpo. Puxei com mais força as amarras, mas em nada adiantou, elas só apertavam mais a medida que eu tentava rompê-las.

— Não vai conseguir quebrá-las,são encantadas. Uma voz masculina falou logo adiante.

   Levantei a cabeça devagar, ela latejava fortemente. Tentei focar a visão na pessoa em minha frente. Uma vertigem bateu e todo o cômodo girou, se eu não estivesse sentado, com certeza, teria caído no chão. Com muita dificuldade consegui focar na figura em minha frente, apoiado de forma despojada na parede estava meu irmão mais velho, Samuel.

— O quê fez comigo? Perguntei em um fio de voz, a minha garganta estava seca e dolorida, eu mal conseguia falar.

    A minha cabeça não parava de girar e aos poucos, com o calor voltando aos meus membros, o meu corpo começou a doer. Lembrei-me dos socos e ponta pés que eu e a Megan havíamos levado antes. No exato momento que me lembrei dela a minha mente foi a mil, girei a cabeça várias vezes procurando pela garota então, quando a avistei desacordada e amarrada a cadeira um pouco da minha angústia passou.

— ...Só uma coisinha pra te manter sobre controle. Samuel respondeu a minha pergunta sorrindo levemente.

— Onde ela está? — perguntei ainda fraco, Samuel fingiu não entender de quem eu falava — Joyce, onde ela está?! Repeti sem muita paciência.

— Não se preocupe, logo ela se juntará a nós. Ele falou tranquilo se desencostando da parede e andando devagar pelo cômodo.

Analisei o lugar à minha volta.

  Estávamos dentro da casa em que havíamos tentado invadir anteriormente. Sentados em uma sala de jantar larga, abandonada e sem mobília alguma. Tudo em minha volta estava muito empoeirado e com aspecto muito velho. As paredes estavam sujas e seus papéis de paredes parcialmente rasgados e cheios de infiltrações.
   O cheiro de podre dominava todos os quatro cantos do lugar com vigor. Água minava das paredes correndo em grossas gotas entre as madeiras e entre aquelas tábuas podres, brotavam um bolô de morfo preto junto álgumas raízes de trepadeiras.    O chão também não estava em condições melhores. A madeira estava surrada e desgastada, a cada passo que Samuel dava, a superfície rangia alto ameaçando se partir.
   Haviam janelas de vidro fosco no lado esquerdo da sala, com alguns furos e trincos sobre a sua extensão. Alguns dos rombos eram tão largos que dava para observar o movimento do lado de fora. Os homens do meu irmão estavam monitorando o perímetro e protegendo fortemente a casa.
   Olhei para Megan e a sua cabeça pendia contra o seu peito. Ela estava completamente desacordada, o seu estado não era melhor que o meu.
Me remexi na cadeira inquieto quando Samuel mudou repentinamente a sua rota indo em direção da garota. Nada pude fazer quando ele a atingiu no estômago com um soco, pois as minhas amarras estavam surpreendentemente apertadas.

Megan acordou afobada e logo cuspiu sangue negro que se juntou em sua boca.

— FILHO DA PUTA! — ela gritou entre tosses secas. Megan se sacudiu com violência em sua cadeira. — QUANDO EU ME SOLTAR DAQUI VOCÊ VAI SE ARREPENDER DE TER FEITO ISSO! EU NÃO TENHO MEDO DE VOCÊ! gritou mais uma vez completamente descontrolado.

— Qual é o seu problema Samuel?! Questionei um pouco mais forte.

A adrenalina começava a correr entre minhas veias me deixando um pouco mais aleta, mas eu ainda não estava forte o suficiente para tentar enfrentar o meu irmão.

Herdeira do EscuroOnde histórias criam vida. Descubra agora